Os alunos do SENAI CETIQT quebraram barreiras ao levar um desfile inclusivo e sustentável para os jardins do Centro Empresarial Mario Henrique Simonsen, onde está localizada a Unidade Barra da Tijuca do centro educacional. Na sexta-feira, a passarela deu lugar à área de convivência dos blocos onde estão localizados escritórios de grandes empresas e restaurantes, enfatizando uma interação democrática com todos que transitavam pelo local. Um dia normal de trabalho brindado pela arte dos estudantes do primeiro, segundo e terceiro períodos do curso de Design de Moda do SENAI CETIQT, que apresentaram suas coleções de conclusão de ano letivo. O projeto 1º Talentos Cetiqt fomenta e instiga os universitários a imergirem no mercado da moda visando prepará-los para o futuro da profissão, participando desde a pesquisa de tema, materiais até a escolha de modelos. Uma vivência completa de produção. Com a coordenação dos professores Akihito Hira, Diva Costa, Breno Abreu e Cristiane Santos Carvalho, os 148 jovens criaram coleções a partir dos temas “História do Design” e “Memórias”, através do prisma do upcycling, além de releituras inspiradas no século XIX seguindo tendências de marcas atuais. “Este dia foi muito esperado. É realmente inovador ver um desfile sendo feito por alunos dos primeiros períodos. O projeto integrou todas as disciplinas os incentivando a pensar a moda sob outro ponto de vista e aprofundar nos conhecimentos. É um diferencial”, comentou a coordenadora do curso de Design de Moda, Ana Claudia Lopes.
O 1º Talentos Cetiqt foi realizado na Unidade Barra do SENAI CETIQT, mas também contou com a participação de estudantes do campus do Riachuelo. “Quando se trabalha com educação, existe uma vontade muito grande de transformar pessoas e é isto que o SENAI CETIQT faz. Nós estamos pensando em formar profissionais e, a prova disto, é começar o trabalho desde os primeiros períodos. O nosso papel é proporcionar conhecimento e soluções, a partir do universo da moda, para eles materializarem todas as ideias. Projetos foram pensados, croquis desenhados, roupas costuradas e desfiles realizados. Assim é a nossa instituição: estudantes de todos os níveis já conseguem transformar os seus conhecimentos em coleções”, afirmou o gestor da Unidade Barra do SENAI CETIQT, Fabricio Roulin Bittencourt. Entre pais e professores, o evento ainda incentivou o público a participar de uma ação social através da doação de um quilo de alimentos não perecíveis e materiais escolares para crianças do projeto Aldeias Infantis. O site HT acompanhou de pertinho tudo o que aconteceu por lá, fazendo parte deste movimento que valoriza o trabalho dos futuros profissionais da moda. Vem conferir!
Um passeio pela história do design
Foi um sopro de renovação ver que os alunos foram capazes de apresentar looks tão completos, ousados e bem acabados. E os professores do SENAI CETIQT incentivaram a vontade de viabilizar esse projeto de cada um dos estudantes para a criação de uma coleção com um pegada bem conceitual. No desfile, vimos uma série de inspirações em movimentos que marcaram as artes, como vitoriano, art nouveau, art decó, psicodelismo, kitsch, HQ, New Wave, Bauhaus, culminando no punk e no moderno internacional. Os alunos do primeiro período tiveram o desafio de criar peças inspiradas em épocas históricas do design.
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Os 13 looks feitos por 45 universitários foram coordenados pelo professor da instituição Breno Abreu que os instigou a criar as peças a partir do conceito do upcycling. Sendo assim, os estudantes precisaram pesquisar materiais específicos em brechós ou no guarda-roupa de suas casas para transformar as peças em um novo projeto. “É um aprendizado completo na prática. Apesar de estarem no início da vida acadêmica, os alunos já possuem uma preocupação com relação à costura e ao modelo. Eles já pensam no look como um todo, criando um raciocínio lógico que abrange a cadeia, desde a criação da peça até a edição para o desfile. Fora que a empolgação os leva a correr atrás do conhecimento”, salientou Breno Abreu.
Quem aplaudiu de pé o desfile dos estudantes foi a mãe coruja, cantora e artista consagrada, Fernanda Abreu. Ela prestigiou a apresentação da filha, Alice Abreu Mermelstein, 18 anos, que está cursando o primeiro período de Design de Moda no SENAI CETIQT. “Sempre fui muito fã de moda e estou muito feliz de ver a minha filha matriculada no SENAI CETIQT. Quando vim visitar a instituição, percebi a estrutura sensacional deste lugar. As salas são muito bem equipadas, fiquei impressionada e este projeto é muito inovador. E isto tudo está representado neste desfile. Em apenas quatro meses, ela montou um look bárbaro com a ideia da sustentabilidade e upcycling. São roupas reaproveitadas com criatividade para criar moda e estilo. É isso que a gente precisa também nesse Brasil”, comentou Fernanda Abreu.
Alice desfilou um look inspirado nos anos 80 e 90 que, segundo ela, lembrava um pouco o figurino que a mãe utilizava naquela época. A estudante comemorou, ainda, o desafio de criar este visual com peças garimpadas em brechó. “Sou vegana e me preocupo muito com o meio ambiente, por isto ver o meu primeiro desfile ter o conceito do upcycling foi inspirador. O SENAI CETIQT mostrou para nós que é possível criar moda a partir do que temos e fazer uma releitura inovadora. Conseguimos criar looks sensacionais. Isto mostra a mensagem que esta instituição quer passar e como ela é incrível”, afirmou a aluna. Além dela, Alice ainda contou com a ajuda de mais duas colegas na criação: Thais Soares e Marina Gonzalez. “Nós usamos todos os recursos que conhecemos até o momento de costura e photoshop. Chegamos a entregar até um editorial! Foi muito completo e intenso”, afirmou Thais, que também está no primeiro período.
O século XIX repaginado através de influências de marcas atuais
O desafio de idealizar uma coleção autoral também foi a tônica da turma do segundo período de Design de Moda. Cada um dos 85 estudantes precisou criar um look a partir da ressignificação do estilo das roupas do século XIX, trazendo para o contemporâneo ao utilizar tendências de marcas tradicionais do mercado como Água de Coco, Ahlma, Animale, Cantão, Dress To, Farm, Loja 3, Melissa, Osklen e Redley. Para que isto fosse possível, o projeto contou com multidisciplinaridade para tornar o produto de moda uma realidade. Foi um trabalho de formiguinha de todos os professores. “Os alunos precisam ter uma vivência e noção de como funciona as engrenagens da moda”, afirmou o professor Akihito Hira, que foi o principal responsável pela orientação aos estudantes do segundo período.
Os estudantes receberam um tema idealizado pelo professor Akihito e, a partir disto, começaram a criar as peças. “Partindo da ideia do nosso professor, Akihito Hira, fizemos uma intensa pesquisa sobre a história das marcas que nos baseamos, pensando os materiais que escolheríamos e em como vestiríamos as nossas modelos. Foram muitas etapas. No entanto, tivemos a ajuda total do corpo acadêmico. É um preview do que vou fazer no futuro. É bacana saber o que o mundo espera da gente”, afirmou a aluna Jessica Barros, 23 anos, que criou toda a sua coleção a partir da Loja 3.
Os aprendizes precisaram pesquisar cada marca que iriam trabalhar para pensar o seu público-alvo. “Os estudantes passaram a se situar a partir deste projeto, de forma interdisciplinar. A pesquisa de moda, por exemplo, está sempre alinhada com toda a coleção e eles sabem disto agora. Eles têm uma visão integrada e muito mais completa para perceber a relevância de cada conhecimento”, salientou a professora Diva Costa, que também ajudou na coordenação deste projeto.
A aluna Patricia Vaccani, 19 anos, comemorou todo o conteúdo que recebeu ao longo deste processo. “Tive a oportunidade de aprender a fundo sobre a produção de moda, porque passei pelos processos de modelagem, costura e até escolha das modelos. Fiquei muito ansiosa durante todo o período, mas é prazeroso encarar o resultado final agora. A parte mais difícil foi a costura, mas deu tudo certo graças à infraestrutura que o SENAI CETIQT nos oferece. Foi a realização de um sonho”, afirmou Patricia, que escolheu modelos transexuais para representar o seu grupo endossando a ideia inclusiva do projeto.
A memória enraizada na reciclagem
A abstração ficou por conta dos 18 alunos do terceiro período. Tendo o upcycling como ponto primordial, as peças foram confeccionadas a partir de roupas antigas encontradas nos armários de cada um. “A nossa ideia é instigar os alunos a criarem uma nova consciência de consumo, afinal, a nossa indústria é uma das mais poluentes. É importante mostrar para estes alunos que estão começando que a moda pode ser reciclada”, afirmou a professora Cristiane Santos Carvalho, supervisora dos cinco looks criados. Ela ainda foi além. Durante estes últimos meses, a docente incentivou os universitários a pensarem na ergonomia de cada item criado para que a praticidade, o conforto, a estética e a funcionalidade fossem levadas em consideração. “Este laboratório dos alunos é um treinamento para o que vão encontrar no futuro, por isso incentivamos tanto eventos como este”, salientou a professora.
Além de contemplar a memória afetiva e histórica, os alunos do terceiro período ainda tiveram o desafio de atualizar cada peça, deixando-as prontas para a contemporaneidade. “Cada período está apresentando uma proposta diferente que nos instiga a inovar e nos tira da nossa zona de conforto. Além disso, conforme vamos aprendendo, nós prestamos atenção em detalhes que passavam desapercebidos. É uma dificuldade prazerosa, porque o resultado é recompensador”, garantiu a aluna Emily Bastos, 20 anos. A estudante Alice Paraíso, 23 anos, ainda completou: “Desenhamos a peça em uma disciplina e, depois levamos o croqui para a aula de confecção. Foi um trabalho muito integrado”. Ela chegou, inclusive, a desfilar vestindo a sua criação.
A moda pensando no futuro
Além de fomentar a educação e estimular os alunos, o SENAI CETIQT foi além. A instituição incentivou também a inclusão através do desfile. Cada pai, aluno ou professor que quisesse participar do evento deveria levar um quilo de alimentos não perecíveis ou materiais escolares. O objetivo desta proposta é ajudar o projeto Aldeias Infantis que cuida de crianças que sofreram algum tipo de abuso. “É muito importante vincularmos ações sociais como esta aos nossos eventos, porque acaba indo além de apenas um desfile de moda”, afirmou a professora Cristiane Santos Carvalho, que ajudou a fomentar esta iniciativa.
Mas é claro que o projeto também fez parte da agenda dos alunos. Na verdade, a iniciativa integra a matéria de Ética, Cultura e Cidadania lecionada pela própria Cristiane Santos Carvalho. Os universitários que se inscreveram nesta disciplina tiveram que selecionar uma instituição de caridade que seria ajudada neste período de seis meses. Os estudantes chegaram a visitar o local e ainda fazer campanhas externas para arrecadação. A estudante do sétimo período Bruna da Silva, por exemplo, foi uma das responsáveis por incentivar as doações. “Todos temos condições de pensar no próximo e em um país melhor, inclusive, no universo da moda. O SENAI CETIQT nos ajudou nesse processo”, salientou. Moda, educação, cultura e, o mais importante, inclusão. Isto é SENAI CETIQT.
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