SENAI Brasil Fashion: projeto finaliza edição 2018 e coroa alunos no desfile recheado de emoção, empoderamento e diversidade


O projeto promovido pelo SENAI CETIQT selecionou 12 duplas de alunos dos cursos de longa duração de moda oferecidos pelo sistema SENAI de Norte a Sul. Elas foram aplaudidas de pé pela plateia ao apresentarem em coleção e cast o símbolo da renovação da moda em inclusão e quebra de padrões e amarras da sociedade

As palmas – em alguns momentos até de pé! -, os gritos de incentivo, sorrisos e até mesmo lágrimas não puderam ser contidos no desfile que celebrou a 5ª edição do SENAI Brasil Fashion, projeto promovido pelo SENAI CETIQT com o objetivo de fortalecer e divulgar a educação profissional no Brasil por meio de uma plataforma de moda que capacita os alunos dos cursos de longa duração de moda oferecidos pelo sistema SENAI de todo o Brasil através de uma experiência hands on – e que gera visibilidade para o segmento. Na noite de quinta-feira (dia 22), as emoções estavam à flor da pele para, finalmente, o público conferir as peças criadas e desfiladas por um cast inclusivo na passarela. O fashion show, que contou com Giovanna Ewbank como mestre-de-cerimônias no Centro Cultural Ação Cidadania, mais uma vez comprovou a importância da experiência imersiva na educação profissional, transformando vidas de alunos por todo o país. O projeto – que selecionou 12 duplas de estilistas e modelistas – concluiu mais uma edição de sucesso e marcou a evolução de uma ideia que nasceu em 2014 e que hoje é ponto de encontro, troca e conhecimento consolidado entre os coaches Alexandre Herchcovitch, Lino Villaventura, Lenny Niemeyer e Ronaldo Fraga, os consultores e os estudantes, que são o futuro da moda. Mas aqui não estamos falando de um futuro qualquer, e, sim, de uma versão que não esconde corpos, não nega identidades e que cria espaços para acolher, compartilhar e unir forças, incluindo diferentes etnias, deficiências, gêneros, sexualidades e tamanhos. E isso se refletia, também, nos convidados, que incluíam amigos dos designers e modelos estrelas da noite, mas também fashionistas e gente descolada da lista de Beto Pacheco e Léo Marçal.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Leia mais: SENAI Brasil Fashion: último encontro de coaches e alunos mostra diversidade e inclusão com cast incrível e autoralidade nas criações

O backstage estava animado desde bem cedo com uma grande equipe trabalhando constantemente para garantir que tudo estivesse perfeito. Nos camarins, as modelos se trocavam enquanto conversavam com as respectivas duplas de estudantes, assim como também com os coaches e os consultores, como o stylist Daniel Ueda, o responsável pela trilha sonora, Max Blum, o diretor de casting, Ed Benini, o diretor de desenvolvimento e modelagem, Wilson Ranieri, o consultor criativo, Jackson Araujo, o maquiador Rodrigo Costa,  integrantes da produtora Chá das Cinco, responsável pela cenografia, que ajudaram durante todo o processo de desenvolvimento das mini-coleções e dos componentes chaves que formam um desfile que conta uma narrativa.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Quem assinou a beleza dos modelos que apresentaram as coleções foi Rodrigo Costa, maquiador e cabeleireiro consagrado. Ele mostrou sua visão em sintonia com a proposta original de cada dupla de estudantes. “Eu troquei muitas ideias com os coaches e com os consultores sobre o que poderíamos combinar para o cabelo e a maquiagem em cada coleção. O mais incrível é que elas são diversas até no quesito beleza. Não existe nada em comum entre pele, boca e conjunto das 12 coleções. Fizemos um conceito exclusivo para cada uma e de forma bem tranquila conseguimos finalizar essa etapa. Mas foi um sucesso!”, comentou Rodrigo. No backstage, a gente encontrou grandes nomes das passarelas com make pronta para arrasar: desde com um delineado assimétrico punk rock até com bocas coloridas e com riscas remetendo à zebra. Cada coleção apostou na originalidade e em uma perspectiva que tornou ainda mais forte o tema “Todo Mundo Tá na Moda”, fio condutor e que norteou a edição 2018.

Leia aqui: SENAI Brasil Fashion: atividades do segundo encontro de alunos de moda com coaches e consultores avançam dando forma ao grande desfile

Este slideshow necessita de JavaScript.

O SENAI Brasil Fashion dividiu-se em três fases até chegar ao momento de celebração do trabalho concluído. A primeira foi a imersão, na qual os alunos adquiriram a expertise para desenvolver seus projetos, por meio de palestras, de visitas técnicas e de um conjunto de informações que incentivaram reflexões em torno do tema. A segunda fase foi o processo de criar, quando eles apresentaram os protótipos de suas peças para que os coaches e consultores pudessem propor modificações e ajustes. Nesta fase, eles decidiram também como iriam “narrar” a coleção e o tema durante o desfile. Foram escolhidos os elementos que iriam compor os looks, trilha sonora e cenografia. Na terceira e última fase, foram realizadas as provas de roupas e teste de beleza nos modelos, como acompanhado com exclusividade pelo site HT.

SENAI Brasil Fashion: Lenny Niemeyer, Alexandre Herchcovitch, Ronaldo Fraga e Lino Villaventura se reúnem, no SENAI CETIQT, com 12 duplas de alunos de moda de todo o Brasil e preparam um grande desfile

Este slideshow necessita de JavaScript.

Desses dois dias de backstage e ajustes aos detalhes, o consenso era como cada coleção conseguiu constituir um universo particular contando uma história. O exemplo claro é a dupla pernambucana Marcel Pereira e Janaina Albuquerque, que assinou a coleção “A cor do toque”, pensando principalmente sobre a vida de pessoas com alguma deficiência visual e que os alunos enxergavam como alguém aventureiro por estar vivenciando o mundo de uma forma diferente, além de ser um reforço e um recado de que são pessoas que vivem e fazem parte da sociedade. O nome da coleção também faz conexão com a linguagem principal das pessoas com deficiência visual: o toque e como ele ressignifica cores, sentimentos e relações também. As inspirações vieram do camping, do trekking e das roupas de montanhismo e, juntamente com a orientação de Ronaldo Fraga, trouxeram cores fortes e cítricas, dentro do espectro rosa, vermelho e laranja e a trilha sonora que ajuda a criar o imaginário. Para desfilar essa narrativa foram escalados o modelo Fernando Schnerocke, a modelo portadora de deficiência visual e albina Andreza Aguida e a top model Carol Trentini. “Já passou da hora de pensarmos inclusão nesse ramo e, por mais que saibamos que ainda existem muitos preconceitos e forças para lutar contra, sinto uma esperança em sermos responsáveis por testemunhar e participar dessa mudança”, comentou Carol.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Em seguida, o conceito da dupla carioca Maria Leal e Isabela Santhiago, do SENAI CETIQT, tomou conta da catwalk com a coleção “Após-Calypso”, vestindo a top model e angel da Victoria’s Secret Lais Ribeiro, a modelo transexual Ariella Moura, e a modelo plus size Maria Luiza Mendes. A inspiração no documentário “Os Doces Bárbaros”, que mostra a turnê de Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Com a orientação de Alexandre Herchcovitch, a dupla desenvolveu a ideia ao pensar na criação de uma estética genuína e brasileira, que fuja à cópia das grandes marcas internacionais e valorize a cultura nacional. Na passarela, os looks incluíam sobreposições, a leveza de babados e plumas, a brincadeira entre o branco e colorido, com cortes e caimentos originais, buscando trazer uma moda brasileira inspirada em si mesma e em sua cultura.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Para lançar ainda mais diversidade… riscam a passarela os modelos Paulo Zulu, Marcos Luko e Guto Esteves, representantes de que a moda não é só para os jovens e vestindo a coleção “Vida Ativa”, da dupla paulista Stevan Siqueira e Gabriela Silva.Os alunos foram orientados por Ronaldo Fraga e a ideia principal era uma mensagem de que para ter uma vida com ação, esporte e movimento, não tem idade. Todos podem ser e usar o que quiser. As peças tinham a referência do skatista, com estilo mais solto e despojado, que brinca com a juventude e com os tons de jeans e laranja.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Lucas Mesquita e Jéssyca Alves, do Piauí, marcaram presença na passarela com as composições da coleção “Corpo em Fluxo”, em preto, com transparência, acabamento vinil e fortes caimentos nos modelos Konan HanburyGiovanna Tamplin e a top model Marina Dias, orientados por Herchcovitch. A coleção, segundo a dupla, é voltada para o público LGBT+ e conta com modelagens mais amplas e confortáveis, principalmente que abarcam o corpo de mulheres e homens.

Este slideshow necessita de JavaScript.

A coleção “Narrativas da Pele”, de Gabriela Henkels e Milena Gardin, alunas de Santa Catarina, traz o olhar profundo da dupla através das peles das pessoas, tão diversas e que contam histórias, sejam elas em cicatrizes, em marcas de nascença, em cor. As alunas, orientadas pela coach Lenny Niemeyer, chamam essas pessoas de veteranas, sejam por terem marcas na pele ou na vida. Para o desfile, o modelo com vitiligo Sam Gonçalves, a modelo Celina Locks e Eve Moraes esbanjaram as composições em vermelho, também trabalhando transparência e caimentos originais. “Eu acredito e sou extremamente a favor do movimento que traz inclusão e diversidade a nossa profissão e isso muda como pensamos e vemos os as pessoas e o que elas entendem como moda”, contou Celina.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Cintia Silva e Fabiola Araujo vieram de Pernambuco até o Rio de Janeiro para trabalhar um tema extremamente relevante na coleção “Corpos tatuados pela coragem”. Também orientadas por Lenny, apostaram na ideia de mostrar uma mulher que enfrentou a luta contra o câncer de mama e a mastectomia, mas que não perdeu a autoestima e continua resistindo. Nas peças, o branco, a transparência e as flores imitando tatuagens representam as mulheres que enfrentaram a luta de ressignificar seus corpos. A transparência combinando perfeitamente com o tom de pele das modelos Liza S, Ivy Souza e Daiane Conterato passavam a real sensação das flores serem tatuagens, criando um efeito natural e muito bonito. “É incrível que as meninas tenham pensado em um tema que levanta uma questão tão sensível para as mulheres e que afeta a autoestima, a vida e todas as relações que elas têm. Eu vi muita diversidade nas próprias coleções, entre os alunos e suas ideias e isso é rico para além do que imaginamos. Espero que seja um movimento que continue em frente”, comentou Daiane sobre a relevância do tema.

Este slideshow necessita de JavaScript.

A seguir, a beleza, elegância e o poder do vermelho foram invocados na passarela pelos paulistas Tamires do Nascimento e Mauricio Caetano, a terceira dupla sob a orientação de Lenny Niemeyer. Com a coleção “Nenhuma a menos”, a ideia da dupla era abordar a luta feminina por respeito, por autoestima, aceitação e diversas questões que envolvem a liberdade do que vestir. Com relação às cores, o vermelho traz a questão do sangue que remete à igualdade. Para desfilar os looks, Isabela Eing, LouyseRenata Kuerten. “O SENAI CETIQT, ao criar uma oportunidade como essa, coloca todos nós dentro das diversas realidades que existem no país. A dupla que fez a coleção mostra um trabalho incrível e que conquista as pessoas”, contou Renata.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Já no time de Lino Villaventura, os paranaenses Thiago Gritten e Mayara Mamede desenvolveram a coleção “As semelhanças entre nossas diferenças”, em que a inspiração veio a partir da desconstrução de defeito, diferença e do que é belo, frágil. Para a dupla, diferente pode ser apenas uma vulnerabilidade. Trazendo as composições para a passarela, estrelaram Barbara Berger, Mariane Calazan e Taila Berwing. As peças possuem cores sóbrias, casacos fortes e com cortes retos, além das tiras que mostram o lado vulnerável que confronta com o processo de entender o que faz algo ser diferente.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Iure Medeiros e Anna Dantas são do Rio Grande do Norte e entraram na passarela com a coleção “Brilhante” e uma vontade: prestigiar pessoas com deficiência visual. A ideia da coleção é direcionada ao gênero masculino e que trabalha justamente com a deficiência visual e foi assim que surgiu o Márcio Monclair como parte da coleção, que foi recebido com uma salva de palmas poderoso. Junto a ele, desfilam o ator da Globo Bruno Montaleone e o modelo Ruy Andrade. “É minha primeira vez como modelo e eu fiquei super impressionado com a iniciativa desse projeto, com todas as ideias, a magia desse ambiente e a oportunidade de fazer parte de um momento histórico que busca cada dia mais diversificar esse ramo. Estou muito feliz!”, revelou Bruno.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Coleção aplaudida foi também “Um Grito para a Moda”, das alunas Josete Viegas e Marielle Ferreira, do Maranhão, e orientadas por Lino Villaventura. A coleção traz como principal questão a valorização da cultura e da identidade da região da dupla, que trabalhou com a fibra, um material muito comum na localidade e que atesta o pertencimento e a voz das pessoas que também fazem moda no Maranhão. As três composições contam com caimentos rodados, um trabalho minucioso de acabamento e de costura com a matéria-prima. Para compor o cast, Emanuela de Paula, Maria Oliveira e Priscila Ribeiro.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Otavio Nascimento e Douglas da Silva olharam para a robótica, o futurismo e pitadas de ficção na coleção “Os Fortes Vivem”, em que o cenário é uma distopia sobre o fim do mundo e os sobreviventes são aqueles que possuem próteses por alguma deficiência física. Na passarela, a modelo com prótese Paola Antonini brilhou ao lado do modelo e mágico Vagner Molina e o surfista biamputado Pauê. “Nunca pensei em ser modelo, porque não achava que alguém como eu conseguisse. E hoje eu vejo como as portas estão se abrindo e como esse processo é muito importante para quem vive situações parecidas com as nossas”, comentou Vagner. Para Pauê, isso cria esperanças. “Eu creio que estamos percorrendo um caminho que cuida, abriga e compartilha cada vez mais com o diferente e o fora do padrão. É incrível fazer parte de um desfile assim”, contou.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Para fechar, João Incerti e Alice Py, do Rio, apostaram na irreverência na passarela do SENAI Brasil Fashion e foram aclamados pelo público. Com a coleção “Tira o Olho, Curiosa”, a dupla trouxe bom humor e leveza ao falar sobre homofobia e, principalmente, a LGBTfobia, relacionando à ressignificação de termos usados pejorativamente. Com a força das cores fortes e das texturas, os alunos criaram uma coleção com um uso grande de grafismos e design nas peças, incluindo palavras e desenhos, além de espelhos. Para compor o desfile, a modelo trans Valentina Sampaio, o modelo andrógeno Goan Fragoso e o modelo Weslley Baiano, também parte da comunidade LGBT.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Com a última coleção apresentada, Giovanna Ewbank foi a responsável por dar a palavra final da noite que emocionou e trouxe grandes aprendizados para a nova geração de profissionais da moda. “O SENAI CETIQT promove essa plataforma incrível de imersão na prática do fazer moda e é sensacional o que os alunos puderam produzir com a ajuda dos coaches e dos consultores. Assisti ao desfile extremamente emocionada e acredito que todos vocês também. É indescritível a energia de um momento como esse, que traz tantas percepções únicas sobre assuntos relevantes e atuais a respeito de inclusão social. Foi um desfile inesquecível”, analisou Giovanna. E foi mesmo.

Este slideshow necessita de JavaScript.