Minas Trend fazendo história: Moda autoral é protagonista em desfile de abertura da 23ª edição do evento que aproxima a passarela do consumidor


Promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), o start da semana mineira alavancou o mercado da região mudando todo o conceito do evento. O que vimos ontem, na passarela foi o marco do novo pensar da moda sob a tutela do visionário e novo diretor criativo, Ronaldo Fraga

 

A noite de abertura da 23ª edição do Minas Trend vai entrar para a história. O que vimos ontem, na passarela do evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), foi o marco do pensar a moda de forma inédita sob a tutela do visionário e novo diretor criativo, Ronaldo Fraga. Com o lema Agora e Para Sempre, o evento criou uma chancela de reflexão a partir da união de forças de profissionais, da exaltação à voz autoral e da quebra de paradigmas. Minas Trend fez a mais perfeita simbiose entre a moda, a passarela e o consumidor final com a valorização da moda independente mineira de 13 marcas. “O Minas Trend é o evento mais importante do setor de moda do Brasil. Ele gera receita para as empresas e é significativo para o bom desempenho delas no nosso estado e também no Brasil. A semana de moda dá espaço para novos estilistas e contribui para extravasar toda a criatividade dos brasileiros. A indústria da moda está sempre em constante reinvenção e fazemos parte desta engrenagem”, afirmou o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe. Em um grande happening, passarela sempre alta e distante foi aproximada do público, modelos exaltando a diversidade de um povo desfilando de forma naturalíssima, bandas das mais diferentes tribos interagindo em um cenário que fez o maior Salão de Negócios da América Latina um ponto de encontro de cultura, pluralidade e arte. “É imprescindível aproximar a passarela do negócio, porque não faz mais sentido desmembrar estas duas propostas. O mundo mudou e a moda também do jeito que comercializávamos. Existem múltiplas formas de encarar isto, mas é preciso atender as diferenças”, afirmou Ronaldo Fraga.

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Saiba: Minas Trend: Um preview das marcas que desfilarão na 23ª edição, que tem como tema “Agora E Para Sempre”, e vai apontar os novos caminhos da moda

Ronaldo Fraga pensou, idealizou e inovou. Qualquer traço de novidade é fruto da mente em constante ebulição do novo diretor criativo. Logo de cara, quem chegou ao Expominas já se deparou com uma ambientação completamente repaginada. As luzes coloridas que iluminam os contêineres dispostos no maior Salão de Negócios da América Latina reforçam a pluralidade do evento. “Idealizei uma cidade imaginária feita de contêineres, porque a minha ideia é trazer uma reflexão sobre o que é identidade. Assim como uma tela em branco, cada um de nós possui este local dentro de si e pode pintá-lo da forma que quiser. Temos esta mesma relação com roupas e arquitetura, por exemplo”, salientou Ronaldo. Além deste conceito totalmente em sintonia com a Quarta Revolução Industrial, o resultado deixou o ambiente com uma pegada vanguardista.

Para completar, o evento ainda conta com uma identidade visual completamente em busca do futuro. Tudo remete ao tema Agora e Para Sempre, fazendo referência a uma moda cuja tendência não seja passageira e marque uma história. Além disso, a ideia é reforçar a busca por um caminho mais sustentável. Ronaldo, claro, foi o responsável por fazer os desenhos que, sob diferentes shapes, refletem a eternidade. “O Ronaldo trouxe vida para o evento! Nós queríamos democratizar o Minas Trend e ele entendeu bem a mensagem”, afirmou o presidente da FIEMG, Flávio Roscoe.

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Ronaldo Fraga subverteu tudo e entregou um Minas Trend ainda mais inclusivo e plural, cujas portas de Belo Horizonte se abriram para o universo da moda nacional. O desfile de abertura da semana de moda, por exemplo, refletiu muito bem estes novos ares das engrenagens da indústria dando voz a 13 marcas autorais. “Hoje, nós trabalharam com os autores e quem paga o preço por investir nisso. Antes, eles ficavam no final do salão, mas os trouxemos para a avenida principal. Se você é autor e aposta em uma linguagem própria, você tem que ser privilegiado por isso”, afirmou Ronaldo Fraga, que escolheu a dedo cada grife.

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O processo de styling é o responsável por amarrar todas as pontas de um desfile e pensar em coletivo na produção de conceitos que contem uma narrativa. Para esse fabuloso trabalho, Maurício Ianês foi o nome da vez. O stylist pensou e desenvolveu os passos até a passarela ressaltando os pontos mais fortes de cada marca. “Eu tentei preservar a identidade de cada grife e valorizar suas características marcantes. Na beleza das meninas, por exemplo, demos uma homogeneizada de leve, então todas estavam com cabelos soltos, pele bonita e fresca. Além disso, cada marca possuía um detalhe no olho ou na boca”. Até a ordem das marcas e modelos na passarela interferem: Maurício contou que pensou nas grifes com identidade própria, criando um contraste, mas com unidade narrativa. Mas, também criou continuidade para mostrar que existem tendências sendo divulgadas. “Eu pedi para as marcas me mandarem as referência, imagem, amostra de tecido e desenho. Estudei e pedi para que cada estilista trouxessem tudo para o camarim da coleção nova. A partir aí, eu editei os looks. Na prova de roupa é muito importante conversar e ouvir o que os estilistas têm para falar”, frisou o stylist, que também garante um elemento crescente e valorizado no desfile de abertura: sobreposição. “E é uma forma que possibilita a mistura de textura, estampas, caimentos e fluidez dos tecidos, que enriquece muito o look. De silhuetas, vemos as modelagens amplas e confortáveis. Tem a ver com conforto, mas também com novos tempos: sem gênero, mais solta, que comporta corpos diferentes e demonstra como todo mundo pode se vestir de uma forma interessante”, contou.

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Já na assinatura da beleza está Ricardo dos Anjos. Ele uniu tendências e adicionou à identidade de cada grife no desfile, sempre buscando inspirações de todas as formas possíveis. “Hoje, os canais de tendência não são mais os convencionais. Então, eu busco tendência na rua, na internet, no dia a dia do meu trabalho. A partir de cada traço das marcas, eu tive a oportunidade de abordar diferentes formas e temáticas”, contou Ricardo, que encontrou tendências para o Inverno 2019 e incorporou na passarela elementos como o delineado gráfico, o colorido no rosto, panting como a desconstrução da maquiagem, a conhecida tendência da pele healthy, o gloss nos lábios e até mesmo a valorização do cabelo repleto de identidade, com diferentes volumes e texturas. Cada detalhe foi pincelado por Ricardo pensando a história de cada marca e suas referências e inspirado pela diversidade. Ele vê a transformação no discurso ao pensar moda. “É um dia histórico, porque temos a oportunidade de falar diferente. Eu acho que diante de tudo que temos vivido no país, nós nos apegamos a padrões. É a primeira vez que eu posso falar diretamente para quem está vendo e consumindo”, relevou, acrescentando que reuniu um time de colaboradores integrado pela geração millennial.

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O estilista Lucas Magalhães, por exemplo, foi o primeiro a ver a sua grife abrindo o desfile desta edição. Sendo um expoente quando o assunto é moda autoral, o designer comemorou as mudanças do evento. “Só tenho a agradecer a esta repaginada do Minas Trend, porque houve um novo entendimento de moda. Porque a moda até então era percebida pelos empresários e pelas marcas cada um na sua bolha. Isso acabou. Estamos vivendo tempos de mudança, de uma nova forma de enxergar de que a moda vai crescer quando todo mundo se juntar”, comentou o designer, que criou uma coleção de tricô resort focada na internacionalização. Um jeito novo de fazer tricô com fio natural, mas o caimento é quase de uma seda, Com peças mais sustentáveis e tecnológicas, ele chegou a apresentar este trabalho na feira parisiense Tranoi. Logo na sequência, a marca Virgilio Couture assumiu a passarela com um mood que mesclava o estilo do look de festas com o despojado do street wear. Com coleção assinada por Virgilio Andrade, as composições abusavam de sobreposições com rendas inspirada no botânico e em tatuagens. O street wear também ficou por conta da marca Nouveau Jour, que é especializada em estampas coloridas. “O Minas Trend significa liberdade para mostrar a diferença e alimentar o mercado”, afirmou Nathalia Carneiro.

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Do tricô para a fluidez. A marca Candê trouxe leveza em vestidos longos e midis para a passarela com toque de feminilidade. Com dois anos de história, o estilista Alexandre Franco ratificou a importância que é, para ele, marcar presença na semana de moda mineira. “É uma visibilidade incrível para uma marca que está apenas começando. O evento é sensacional e ainda mais comandado pelo Ronaldo Fraga. Para nós, é uma responsabilidade enorme, afinal, moda mineira é criatividade”, salientou. O profissional ainda incluiu um mood mais exotérico para as suas peças com direito a elementos como lua, sol e signo. Os astros de Candê deram lugar para o minimal de Jessica Andrade. Com peças versáteis, atemporais e minimalistas, a estilista apostou na versatilidade de tecidos mais densos. Esta foi a primeira vez da mineira no tapete do Minas Trend e, durante um ano desde quando inaugurou a marca, Jessica encarou a passarela intimista do evento como uma porta para novas experiências de trabalho. “É muito difícil começar e a oportunidade que a FIEMG está dando para nós é incrível. O apoio foi total. E, agora, conseguimos mostrar a nossa identidade”, afirmou a estilista. A marca Jardin, da estilista Bharbara Renault, também seguiu para o lado minimalista com peças bem arquitetônicas focando no simples chique.

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Diversidade é a palavra chave do Minas Trend Agora e Para Sempre e a pluralidade ficou por conta das peças da marca Led, cujas roupas se encaixam perfeitamente em qualquer shape, seja feminino ou masculino. Com uma grife recente, o estilista Célio Dias, dono da Led, agradeceu a visibilidade que recebeu ao poder expor o seu trabalho acessível em uma vitrine da moda.  “Trazer novos talentos é um respiro. Nós também sabemos fazer festa”, incentivou o rapaz cuja marca já está há quatro anos no mercado. Célio focou em cortes mais despojados em uma releitura de peças de brechós da cidade. Das roupas da Led para o underwear masculino da Meniax. Com mais de um ano no mercado, a empresa está investindo em transparências livres de preconceito. “O nosso homem é seguro de si e não se importa em usar transparência e bordado”, afirmou Renan Rocha, responsável pela marca. Dessa vez, a grife apresentou a coleção Explosion, que desconstrói as modelagens tradicionais. Foi o único desfile integralmente masculino e que contou com tonalidades como azul, laranja, preto e branco na cartela de cores.

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E por falar em autoralidade, a marca Fe-Lis conseguiu dar uma aula de criatividade. Para começar, cada peça possui a sua história em particular que envolve o momento de confecção. Sendo assim, a estilista e dona da empreitada Fernanda Elisa nada contra a maré e propõe a não-coleção. Sem ter uma referência sólida ou inspiração, a profissional trouxe peças frutos de erros e acertos, ou seja, colorações equivocadas ou cortes errados que acabaram dando um charme e toque especial para o produto. “Nós não ditamos moda. Nós falamos de personalidade. Fazemos roupas para qualquer tipo de mulher, com muito conforto, elegância e qualidade”, afirmou Fernanda. Enquanto o shape nacional é abraçado pela grife Fe-Lis, a cultura é colocada em evidência nas peças da coleção Tribo, da Miêta. A empresa investiu em uma linha mais diversa, voltada para as diferentes etnias como a indígena. “Somos brasileiros, por isso precisamos valorizar a nossa cultura e isto é a cara da moda mineira”, afirmou Fabio Resende, estilista que assina a coleção. Miêta é conhecida por suas T-shirts diferenciadas que, dessa vez, vão aparecem em tonalidades voltadas para o preto, o branco e o cinza.

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A rebeldia também fez parte do universo do Minas Trend Agora e Para Sempre. Minutos após o fim das eleições presidenciáveis, a passarela mineira esbanjou representatividade, igualdade e liberdade através de coleções que pediam por resistência e segurança. A marca Libertees, por exemplo, desfilou cinco looks intitulados de ‘Resiste’. “Trazer esta palavra para a passarela, hoje, é primordial”, adiantou o estilista Célio Dias. A beleza desta apresentação não parou por aí. Todas as peças foram confeccionadas em uma fábrica que fica dentro de uma penitenciária feminina, ou seja, contribuiu para manter a roda da economia girando e ainda trouxe novas motivações para mulheres cuja vida parecia ter sido ceifada. Na passarela, Célio misturou o conforto da linha de alfaiataria com elementos sofisticados, optando pelo brilho, preto e branco.

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A marca Notequal ainda foi além. Em tempos sombrios de polarização e propagação de discursos de ódio, a grife se inspirou na infantaria otomana do século XIV, ou seja, em um mood voltado para o militarismo. A partir disto, o estilista Fabio Costa deu sofisticação às peças que apareciam em tons mais sóbrios como cinza e bege. “Acho que estamos vivendo uma onda de violência e nós precisamos nos proteger, por isso fiz armaduras pitorescas”, comentou.

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Assim como o Minas Trend está propondo nesta edição um olhar para o futuro da moda mais sustentável, a marca Anne est Folle também aderiu esta ideia. “A coleção chama atenção para fase que estamos vivendo no país em relação a termos mais consciência economia, preocupações ambientais e sociais. Todos os tecidos são reaproveitados, inclusive, alguns deles são de linhas passadas que iam para o lixo”, informou a estilista Renata Manso. Com quatro anos no mercado e já tendo participado de cinco desfiles no Minas Trend, a grife apostou em retalhos para montar o quebra-cabeça explosivo de cada composição. A cartela de tons focou no colorido invernal, tons sóbrios, porém diversos.

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A moda que faz o povo ou o povo que faz a moda? Está é a grande questão levantada no desfile de abertura da 23ª edição do Minas Trend. Em uma pegada super intimista, as marcas autorais se aproximaram ainda mais da peça chave que faz as engrenagens da moda girarem: o consumidor. A plateia estava em pé de igualdade com os modelos e a moda se apresentou de forma mais plural e versátil. Eram peças feitas para serem usadas ali e agora. A tendência estava sendo exibida e produzida em consonância com o público convidado. Cada uma das 13 marcas autorais trouxe uma vida diferente para a passarela, com matizes e nuances que celebram o povo brasileiro. A semana mineira fez história neste dia 28 de outubro, construindo uma proposta completamente inovadora sobre o hoje e o futuro da moda. Os mineiros estão impulsionando e dando a largada para novos tempos do que a moda representa para a sociedade.

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Para completar a beleza deste momento revolucionário, a plateia ainda contemplou tudo isto ao som de música eclética. E, ainda por cima, com bandas que transpiravam diversidade. Ao lado da passarela inclusiva, o público prestigiou a apresentação da banda The Pulso in Chamas; Poison Gas, que chegou a tocar em Liverpool; e Velotrol. O primeiro, por exemplo, é composto por oito integrantes da comunidade LGBT+ que deram um show performático cantando músicas que refletiam os princípios de igualdade e diversidade. “Este é o último show no qual estamos em um lugar de plenitude, a partir de agora estaremos no patamar de resistência”, garantiu a drag Miss África. Ao mesmo tempo em que todos juntos cantavam ao som de Another Brick in The Wall, do Pink Floyd, os estilistas e modelos desfilaram pela passarela de mãos dadas indo contra qualquer ideal de segregação, provando a chegada do novo momento plural da moda. “O país pode dar um passo de incógnita, mas o mundo vai para o lugar do diverso e da união. A moda tem instrumentos para fazer pacificar e melhorar a convivência das pessoas. Então é isso que a gente viu aqui”, garantiu Ronaldo Fraga. Prontos para respirar moda, igualdade e diversidade durante esta semana?

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