Inspiramais 2019_II: A alquimia no Salão de Design e Inovação de Materiais com projeção internacional


Norteado pelo tema ‘’Encontros Alquímicos da Moda’’, o evento recebeu grandes empresas e marcas do mundo da moda e exibiu produtos de diferentes segmentos, como tecidos e acessórios, no Centro de Eventos Pro Magno, na capital paulistana

A nova edição do Inspiramais – Salão de Design e Inovação de Materiais, promovida pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), ByBrasil – Components and Chemicals, ABIT, TexBrasil, CICB, Brazilian Leather e Apex-Brasil, abriu as portas nesta terça-feira, 17, no Centro de Eventos Pró-Magno, em São Paulo, para apresentar as inovações em componentes, tecidos, estampas, couros, saltos, aviamentos e muito mais. Neste primeiro dia, duas palavras permearam os corredores do salão: inovação e encantamento. Inspirado no tema ‘’Encontros Alquímicos da Moda’’, o Inspiramais 2019_II apresentou não só produtos e materiais que vão nortear os próximos lançamentos como também uma nova forma de produção, unindo business e sentimento a fim de chegar na alquimia perfeita presente nas exibições. ‘’O que é necessário hoje? Para a gente é chegar na perfeita Alquimia, produzir o novo, o encantamento porque eu acho que produtos só são bons quando possuem encantamento. A matéria tem que ser espetacular sem nunca esquecer que moda é business: 50% é emoção e 50% é cálculo, é engenharia, não tem outro caminho para construir sucesso a não ser pensando nisso’’, conta Walter Rodrigues, coordenador do Núcleo de Design da Assintecal.

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Walter Rodrigues (Foto: Henrique Fonseca)

Sempre em busca de novos caminhos, o Inspiramais propõe a partir deste tema, enfatizar a importância da relação entre sustentabilidade e tecnologia na moda, uma repaginada na forma de produção a fim de promover a valorização da matéria-prima, marcando um novo ciclo na no consumo e venda neste setor. ‘’Hoje, fala-se muito claramente na indústria, principalmente na do calçado, sobre selo de origem, sobre a busca da origem dos produtos, e isso realmente é muito novo. Por exemplo, a preocupação com o descarte das matérias. Então, a gente entende que aquele momento que nós vivemos de massificação de tudo, da compra compulsiva, isso foi um ciclo que se esgotou’’, diz. Walter ainda completou afirmando que essa massificação da moda, que resultou em uma democratização do consumo da mesma, transformou também o papel do consumidor nesta cadeia. Hoje, ele é influenciado pela criatividade da matéria e não mais pelo preço. ‘’Esse processo de industrialização do fast fashion tirou um pouco da magia da moda porque tudo era muito fácil, descartável, então a gente entende que a partir do momento que ela se democratiza, hoje não é uma questão de preço. Você pode comprar uma coisa bacana na Gucci, mas também na Renner e na Zara então é muito interessante como a moda é planejamento. Somos nós quem temos a chave na mão para desenvolver aquilo que a gente precisa, mas quem faz o consumo e vai propor essa ideia é o consumidor final’’, completa.

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Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal, Walter Rodrigues e Milton Killing, presidente da Assintecal (Foto: Henrique Fonseca)

O efeito dessas mudanças é dominó. Agora, empresas e marcas precisam alinhar, mais do que nunca, seus produtos com as demandas do público. O ponto principal nesta questão é, portanto, no desenvolvimento de uma comunicação direta com o consumidor, abrindo um leque de apostas inovadoras e interessantes para o olhar do cliente. ‘’Tem um caso muito interessante do J.W Anderson que não vendia o seu produto da passarela para os lojistas, porque eles tinham medo da passarela e ele começou a receber pedidos de consumidores porque não encontravam tal roupa nas lojas. Ele abriu um canal para que as pessoas pudessem comprar direto com ele e está sendo um grande sucesso. Muitas vezes, o varejo tem medo de uma aposta quando o consumidor quer o mais interessante e isso vai de certa forma renovar o processo de comercialização’’, afirma. E como sempre o Inspiramais 2019_II já está à frente dessas mudanças. Enquanto foram exibidas nesta nova edição as inspirações para as próximas temporadas, já levando em conta a nova relação com o consumidor, a equipe de pesquisa do Núcleo de Design já tem algumas apostas para 2020. Segundo Walter, será uma temporada marcada por cores fortes a fim de chamar a atenção do público em diversas plataformas. ‘’As cores vão ter que ser muito perfeitas no telefone porque as pessoas vão passar a consumir por ali, então vão ter que ser perfeitas no efeito digital. O que acontece nesse momento, por exemplo, é que esses designers mais novos vão ter um apelo muito forte a partir da sua identidade’’, afirma.

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Enquanto o público aproveitou a nova edição do Inspiramais – Salão de Design e Inovação de Materiais, a equipe do Núcleo de Design da Assintecal, sempre antenada e fazendo jus ao título de primazia que recebeu em todos esses anos, fez os estudos sobre os 100 anos de Bauhaus. Conhecida pelas inovações no mundo artístico por meio da união de diversificadas referências, relacionando inclusive com manifestações artísticas como carpintaria, a escola de Bauhaus teve um grande impacto no mundo da moda. Segundo Walter, vamos ver muitos produtos inspirados em materiais de guerra, muito estudado e utilizado pela escola alemã. ‘Essa riqueza  que vem da indústria da guerra às vezes acaba impactando a indústria como um todo. Nós vamos fazer uma conexão com os tubos e a ideia tubular e isso aparece em vários materiais muito interessantes desde a pesquisa que fizemos para saber como o tubo estava sendo trabalhado até como ele está sendo pensado para o Inspiramais 2020 _I.  O mais importante é que a gente vai viver uma série de exposições incríveis sobre a Bauhaus, então é muito interessante que a indústria brasileira, principalmente a de componentes, entenda o poder dessa mensagem e dessa história’’, diz. Já sabemos que vem coisa boa por aí!

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A ideia de identidade, que foi muito comentada no ano passado, caminha lado a lado a todas essas modificações do mundo da moda. Não importa se é um Calvin Klein ou um estilista de instagram. A partir de agora, o que a moda necessita é de designers que criam uma identidade própria para que os seus materiais, mais do que a própria modelagem dos produtos, sejam reconhecidos no meio de tantas escolhas, tornando-se favorito de algum público. ‘’A gente entende que identidade vai se tornar cada vez mais necessária no mundo globalizado com tantas escolhas, com tanta facilidade de compra pela internet. Eu vou comprar porque o estilista é bacana, porque a marca dele tem uma história boa, porque ele realmente é transparente’’, reflete. É com base nessa premissa que Walter acredita que, inspirados na Alquimia, os materiais irão passar por um processo de produção muito mais interessante, resultando em produtos que remetem à proteção e ao atômico, muito inspirados pelos figurinos utilizados nos novos filmes de ação e ficção científica, como Blade Runner 2049, lançado em 2017. ‘’Nós vamos comprar cueca, calcinha, camisetas, malha na internet, e vamos guardar nosso dinheiro para comprar um super casaco, uma super bolsa, super sapato e é nesse lugar que vão estar as grifes. A gente foi muito impactado pelas cores e pelos efeitos de luz que esse filme tem.

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Walter Rodrigues explica as novidades da temporada (Foto: Henrique Fonseca)

Hoje, o Inspiramais 2019_II é referência na indústria da moda em toda a América Latina e é visto como um dos principais salões devido às inovações apresentadas durante o evento em produtos e materiais que vão ser responsáveis pelos principais lançamentos. E qual o segredo para todo esse sucesso? Metodologia da pirâmide de produtos, onde todo o processo de produção é dividido em três conceitos e porcentagens. ‘’Nós iniciamos todo o projeto a partir desta pirâmide onde determinamos a partir do comportamento do consumidor três estágios: 10% é o autoral, onde na verdade o consumidor busca o novo, o inovador, e tem coragem de ousar. Imediatamente, o consumidor do 30% vai olhar para o consumidor do 10% e vai se interessar e querer usar e o consumidor de 60% só vai usar quando o 30% estiver usando’’, conta. Neste ano, quem norteia a direção do topo da pirâmide é a Alquimia, que traz a combinação de dois fatores extremamente importantes para o mundo atual: meio ambiente e tecnologia, dentro dos 10%. ‘’Os pesquisadores que fazem parte do Núcleo de Design da Assintecal trouxeram materiais muito instigantes sobre tecnologia e ao mesmo tempo natureza, então a Alquimia é a combinação perfeita dessas duas ideias. Ter tecnologia, ter produtos encantadores, mas pensar ao mesmo tempo em como estamos colocando fora o nosso lixo, fazendo todo o processo de cuidado da água e de todos os efeitos químicos que a nossa indústria produz. Essa combinação fala sobre futuro e temos uma história bem longa para falar e para enfatizar ainda mais a questão da natureza e da sustentabilidade, da importância da tecnologia’’, diz.

(Foto: Henrique Fonseca)

Durante o evento, as empresas e visitantes conferiram esse conceito materializado em produtos carregados em abundância brilho, metal, franjas, holográfico, e muito mais, recuperando referências utilizadas em décadas passadas por grandes grifes, como CK e Raf Simons a fim de representar os 50% de Alquimia, muito marcado pela emoção. ‘’É como se a gente tivesse uma saudade eterna. É muito importante pensar que a moda sempre vai estar conectada com alguém que não experimentou, então o Millennial, por exemplo, não teve chances de usar algo dos anos 70, mas pode ser que o tio mais bacana dele tenha fotos incríveis e quer imitar, sabe? Então, temos que lembrar que eu posso olhar para o passado, futuro para parecer com aquilo que eu quero ser já que sou dono da minha individualidade como consumidor’’, conta. Já os 50% do conceito estão relacionados com a palavra dinâmico. E o que isso significa? De acordo com o estilista Walter Rodrigues, a partir do entendimento dessa palavra será possível compreender a rapidez com a qual os indivíduos lidam com a integração da natureza e tecnologia e rápida disseminação dos seus produtos.

(Foto: Henrique Fonseca)

Dessa vez quem assume os 30% é o conceito de resistência. Assim como toda a pirâmide de produtos, a ideia está muito relacionada com o contexto global e, portanto, sua maior inspiração foi a teoria de ação e reação de Isaac Newton, muito marcada pelas relações sociopolíticas da atualidade, como os efeitos que a eleição de Donald Trump tiveram no mundo.

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Segundo Walter, assim como a sociedade, o mundo da moda também sofre as consequências desses acontecimentos, só que de um jeito um pouco mais criativo. ‘’Nós vivemos isso nos anos 80. Quando estávamos em uma crise muito grande, a moda se tornou mais colorida, mais impactante. Nós tínhamos os ombros muito fortes, os botões dourados. É uma reação da moda com o momento que a gente vive. Se estamos pessimistas, tudo fica pessimista na roupa e vira um horror. Mas aí a moda vai existir, a moda vai persistir na modificação desse pensamento criando otimismo, que vai ser resistir a mesmice’’, afirma o estilista que entende a importância do tema teatral na moda atual. Em sua visão, o teatral, que é dividido em três palavras – overinfo, volume e blocos de couro -, fica responsável pelo preenchimento das lacunas existentes por meio do uso de materiais de grande proporção, como mangas bufantes e golas.

(Foto: Henrique Fonseca)

Vista como a palavra mais importante de 2018, leveza assume o cargo dos 60% na pirâmide de produtos. Influenciado pelo pensamento do surrealismo, o conceito traz à tona a ideia de suspensão e levitação em um momento de extrema turbulência e incertezas. ‘’A ideia da leveza nunca esteve tão em voga porque hoje você deixa de comprar uma móvel de madeira pesado para comprar um de plástico, por exemplo. A ideia de valor que a gente tinha das coisas era sempre algo muito pesado e hoje a gente consegue trabalhar isso com leveza. É  só pensar em um casaco de inverno de 5 anos atrás e o de agora há uma leveza enorme. Quando começamos a pensar nisso, como essas matérias iam refletir, a gente pensou exatamente na força gravitacional. O primeiro momento que pensamos foi o surrealismo, porque nele a trabalhamos com o inconsciente, então essa ideia da suspensão, da levitação foi muito forte na nossa pesquisa. Hoje vai ser muito fácil ir na Renner, C&A, e descobrir materiais que tenham essa leitura dos 60%’’, declara Walter que afirma que a leveza já pode ser vista em produtos pequenos, como bolsas, saltos acrílicos, entre outros.

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(Foto: Henrique Fonseca)

Quem faz: O salão é promovido pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira (Texbrasil), Brazilian Leather, By Brasil Components, Machinery and Chemicals e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Tem patrocínio da Cipatex, Altero, Bertex, York, Grupo Lunelli, Sappi Dinaco, Wolfstore, Caimi & Liason, Brisa, Intexco, Tecnoblu, Britânnia Têxtil, Cofrag, Colorgraf, Endutex, Componarte, Branyl, Berlan, e Suntex. Conta com o apoio da ABEST, ABICAV, Abicalçados, IBGM, Instituto By Brasil (IBB), In-Mod, ABV-Tex, Ápice, Abimóvel e Guia JeansWear by Style WF.