Dr. Alessandro Martins lança luz sobre o importante tema de procedimentos e cirurgia transgênero


O cirurgião plástico, um dos nomes mais respeitados da cirurgia plástica, com especialização em reconstrução das mamas, frisa: “Todos esses pacientes passam por uma evolução social, familiar e de busca da sua autoimagem. É muito importante que esse desenvolvimento seja valorizado e tenha apoio da sociedade, da família e dos profissionais de saúde para que a transição possa ser completada da melhor forma possível”

*Por Alessandro Martins

Transgênero é a mulher que, apesar de ter o genótipo feminino, as suas formações genéticas, os seus gens, não se identifica com o seu sexo biológico. Ou seja, ela não se vê como mulher, não se compreende assim. Da mesma forma acontece com o homem que nasce com os cromossomos masculinos, mas se identifica com um gênero diferente do que foi atribuído no nascimento.

Isso é uma identidade. Essa nomenclatura se fez a partir do entendimento que cada indivíduo tem de si próprio. Na verdade, é como o indivíduo se enxerga, como se visualiza, como se compreende com total liberdade. Esse é o transgênero. O transgênero masculino, o homem trans, é a mulher que se vê como homem, enquanto o transgênero feminino, a mulher trans, é o homem que se percebe como mulher.

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Falar de transgênero é falar de uma questão da identidade. Se o transgênero que se identifica com um sexo diferente do seu perfil genético opta por fazer mudanças corporais mediante utilização de hormônios e/ou cirurgias, ele tem uma série de opções. Hoje nós vamos falar sobre as cirurgias de alteração de gênero.

Voltando à nomenclatura inicial, quando temos um homem trans, seria uma mulher que nasce com o genótipo feminino, porém tem identidade de homem. Essa mulher pode ser submetida a tratamentos hormonais para que tenha crescimento de pelos, ganho de massa muscular, algumas alterações de face para desenvolver uma identidade visual de homem. Ela pode optar ou não pela cirurgia, que seria a mastectomia masculinizante.

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Nesse tipo de operação, a mulher retira as suas mamas e, através da cirurgia plástica, adquire uma imagem semelhante à do tórax masculino, parecida com a mama masculina. Essa cirurgia é feita por um cirurgião plástico e, por vezes, como no meu caso, em associação com um mastologista. O mastologista faz a retirada das mamas e eu, como cirurgião plástico, faço a reconstrução assemelhando-se às mamas masculinas.

Eu e o doutor Cássio Borges trabalhamos num projeto de mastectomia masculinizante no qual fazemos essa cirurgia na qual homens trans (mulheres que desejam se parecer com o perfil masculino) optam por fazer a retirada das mamas e a reconstrução do tórax semelhante à mama masculina. Da mesma forma, as mulheres trans (homens que fazem a cirurgia para se transformar fenotipicamente e ter imagem corporal semelhante à de mulheres) também têm a participação do cirurgião plástico.

Dr. Alessandro Martins (Foto: Vinicius Mochizuki)

Nesse caso, a abordagem é mais ampla, porque não se trata somente da colocação de próteses de silicone para ganhar mamas parecidas com as das mulheres, mas envolve preenchimentos faciais, que transformam o formato do rosto do homem, deixando-o com proporções faciais semelhantes às das mulheres; preenchimento de lábios; rinoplastia; lipoaspirações; enxerto de gordura nas regiões do glúteo e do quadril; enxerto de gordura na região das coxas; utilização de próteses de glúteo; utilização de próteses de panturrilha em áreas de coxa e até mesmo em áreas de panturrilha. Existe uma grande associação de cirurgias que pode ser realizada na mulher trans.

O que a gente mais deseja hoje em dia é que haja liberdade de expressão, liberdade de
comportamento e que o ser humano seja feliz. Para um ser humano ser feliz, ele precisa estar feliz primeiro com ele, depois com a imagem dele e ter o apoio das pessoas que estão ao seu redor, das pessoas que ele ama e das pessoas que o amam para que possa ter paz, a melhor vida possível nesse mundo que, hoje em dia, já é tão difícil – Alessandro Martins, cirurgião plástico

Curiosamente, eu falei muito de mama e de corpo, mas até aqui não falei de genitália. A reconstrução da genitália ou a construção de uma genitália nos transgêneros nem sempre se dá na primeira cirurgia. Na maioria dos transgêneros masculinos, a principal cirurgia é a mastectomia masculinizante, em que fazemos a retirada das mamas e a reconstrução do tórax com aspecto masculino. No transgênero feminino, a etapa final é a transgenitalização, a transformação da genitália masculina numa genitália feminina.

Isso teve várias evoluções ao longo dos anos e é feito por diversas técnicas diferentes, na tentativa de se assemelhar cada vez mais à genitália masculina e manter e preservar, da melhor forma possível, a sensibilidade da região. Várias áreas vascularizadas e enervadas como, por exemplo, a da glande, são mantidas para que haja uma estimulação nessa região. Dessa forma, a gente completa a gama de cirurgias a que um transgênero se submete para transformar-se no que mais deseja na vida.

 PONTOS REVELANTES

. O mais importante é que quem não compreende a história, o conceito da transgenitalização do transgênero, não julgue sem antes ter conhecimento.

. Todos os pacientes passam por uma evolução social, familiar e de busca da sua autoimagem. É muito importante que esse desenvolvimento seja valorizado e tenha apoio da sociedade, da família e dos profissionais de saúde para que a transição possa ser completada da melhor forma possível.

. Atualmente, essas cirurgias de transgenitalização, que antigamente só podiam ser feitas em hospitais públicos, especialmente na genitália e na mama, podem ser realizadas no sistema privado – inclusive possuem cobertura dos planos de saúde. Essa informação é importante para que o público trans possa buscar os seus direitos.

. Vale ressaltar que nem todo cirurgião plástico atua nessa área. Eu, particularmente, tenho afinidade e trabalho com a mastectomia masculinizante. É vital que se pesquise o profissional, que saiba se tem experiência na área para fazer a transgenitalização, principalmente no caso dos trangêneros femininos, em que a mudança é mais complexa e muitas vezes não é feita somente pelo cirurgião plástico, mas por equipes de urologistas em associação com cirurgiões plásticos.

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