Dr. Alessandro Martins fala sobre ETIP, reação rara que pode estar associada ao inchaço do rosto da cantora Joelma

Hoje vamos abordar o tema Edema Transitório Intermitente Persistente (ETIP), que está em pauta desde que a cantora Joelma apareceu em recente show com o rosto inchado por conta de uma possível reação a preenchedores com ácido hialurônico, que tem grande afinidade com moléculas de água; ou seja, é capaz de puxar o líquido para os tecidos onde foi injetado. Essa característica pode ser benéfica em alguns tratamentos caso o objetivo seja aumentar a hidratação da região em questão. De qualquer forma, o ETIP trata-se de um evento incomum que alguns pacientes desenvolvem quando têm alguma infecção respiratória ou mesmo após ingerir bebida alcoólica.

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As pálpebras inferiores e os lábios são os locais onde as intumescências ocorrem com mais frequência. Às vezes são acompanhadas por uma sensação de dor – algo que também pode acontecer nas regiões das maçãs do rosto, da mandíbula e do queixo com edemas menos perceptíveis. Nessas áreas, a dor é mais proeminente que o inchaço, uma vez que os preenchedores são aplicados num plano mais profundo. Com isso, o edema se torna menos perceptível, apesar de ainda se observar um aumento de volume nessas regiões. Nas pálpebras e nos lábios, como os tecidos são mais finos, o edema fica bastante evidente.

Dr. Alessandro Martins (Foto: Vinícius Mochizuki)

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Na maioria das vezes esse efeito é transitório. Para melhorar podemos aplicar gelo no local, tomar anti-inflamatório oral e, por vezes, até corticoide oral. A  explicação para o ETIP, é que, ao criar anticorpos contra algum quadro infeccioso, nosso corpo gera uma reação cruzada com ácido hialurônico. Ou seja, o anticorpo produzido para agredir o microrganismo que causou algum quadro infeccioso, principalmente respiratório, como sinusite e problemas virais, reconhece a molécula do ácido hialurônico como se também fosse um agente agressor, desencadeando o edema.

A maioria desses eventos também pode ser intermitente: o paciente tem o edema, ele melhora, desaparece, e, no próximo quadro infeccioso ou numa ingestão alcoólica, surge de novo. Mas não se trata nem alergia nem de rejeição, é algo por que qualquer paciente pode passar.

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Caso o surgimento do edema se torne muito frequente ou ele não desapareça, tornando-se persistente, será necessário recorrer à hialuronidase, enzima que dissolve o ácido hialurônico. Retirando-se o produto, não haverá mais como ocorrer captação de água nesses eventos de reação cruzada em quadros infecciosos.

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NÃO ESQUEÇA

1- O ETIP é evento raro. Os pacientes não precisam ter medo de fazer preenchimentos com ácido hialurônico.

2- Em sua grande maioria, esses eventos são intermitentes e não se repetem em todos os quadros infecciosos. Mesmo quando se repetem, são discretos. Dificilmente temos um quadro muito exuberante, que chame muita atenção com um edema volumoso.

3- A maioria dos ETIPs é transitória e melhora com o uso de gelo, anti-inflamatório e corticoide.

4- Nos casos persistentes, a hialuronidase é o tratamento indicado, mas o paciente perde o resultado do preenchimento.

5- Os preenchedores são muito seguros. O ácido hialurônico é uma molécula que preenche a maioria dos nossos espaços intercelulares, é muito compatível com o nosso corpo. São preenchedores seguros que têm efeito temporário, não são persistentes e podem ser utilizados em múltiplas áreas da face. Eles têm várias densidades diferentes que determinam que tipo de ácido hialurônico devemos usar em cada parte do rosto: os pesados são utilizados em aplicações mais profundas e os leves em aplicações superficiais. Assim minimizamos ao máximo qualquer tipo de intercorrência associada a esses produtos.