DFB Festival 2022 imprimiu sua chancela na História! A multiplataforma da sinergia entre moda autoral, cultura, incluindo capacitação, empreendedorismo, música, gastronomia, realizada entre os dias 25 e 28 de maio, na Cidade Cultural erguida em plena Praia de Iracema, em Fortaleza – Cidade Criativa do Design, título concedido pela Unesco em 2019 – proporcionou o prazer de nos sentirmos energizados com suas ações disruptivas depois de dois anos de pandemia. Aguçou os cinco sentidos, que estão diretamente ligados ao âmago de cada um de nós. E, assim, pudemos lançar um olhar 360 graus para as mudanças de mindset e o reverberar de vozes repletas de identidade sobre economia circular, zero waste, sustentabilidade + consumo consciente, responsabilidade socioambiental, upcycling, customização, ressignificando uma nova produção seja no âmbito da moda e/ou incluindo todas as artes. “Vivemos um momento em que ser verdadeiro – e ter a capacidade para comunicar isso – é uma poderosa ferramenta para fazer um nome sobressair-se aos demais. É preciso furar a própria bolha. Conseguir enxergar um palmo acima da superfície desse mar turbulento de informações e estímulos pode ser o segredo para quem deseja se sobressair na indústria”, enfatiza Claudio Silveira.
Sempre pontuo que nos últimos dois anos reaprendemos a viver e também a conviver em um mundo phygital, no qual a informação está tão rápida, que é importante entender a posição do ser humano em relação ao tempo e ao espaço. Paralelamente, temos observado o ressignificar de cada ‘eu’ com experiências autênticas e emocionais. Sejam elas, on ou offline. Nessa sincronia de passado, presente e futuro, a frase “Ocupe o seu lugar”, que permeou a edição 2022 do DFB, é perfeita para corroborar todas as iniciativas em prol da cultura de moda no Brasil com o fortalecimento da cadeia de uma ponta a outra. O evento é orquestrado com grande maestria por Claudio Silveira, que assina a direção-geral; Helena Silveira, a diretora-executiva; João Claudio Gifoni, o diretor operacional, e Charles W, a direção criativa; entre diversos nomes que se unem para levantar esse gigante caldeirão de moda e artes que refletem o feedback da sociedade, ávida pela inovação e respostas a perguntas como: “quem faz a minha roupa?”, “de onde vem a minha roupa?, “como esta empresa contribui para o socioambiental diante do alerta vermelho do aquecimento global?”.
Claudio Silveira sinaliza: “O importante é encararmos a conscientização de consumidores e do mercado produtivo não como uma megatrend de consumo, mas, sim, como um movimento natural e inteligente. Uma evolução. Marcas com propósito são o que nós buscamos na curadoria das que participam do DFB Festival. Empresas com compromisso social e sustentável são nosso modelo a ser seguido. Estamos caminhando no sentido correto. Tudo vale a pena se vislumbrarmos o que há pela frente: uma indústria da moda ciente de seu papel em um planeta que não suporta mais ser tratado da mesma maneira dos últimos 150 anos”.
Com a chancela de maior semana de moda autoral da América Latina, o DFB contribui para a roda da economia girar no nosso país com a potência do handmade, dos saberes coletivos, das mãos que alinhavam com perfeição uma identidade criativa. Síntese da união e força de profissionais de uma ponta a outra da cadeia produtiva, da exaltação à identidade, pluralidade, quebra de paradigmas. Claudio Silveira tem uma frase que pode ser considerada mantra: “A moda é identificada como parte da epiderme viva da sociedade, dissolvendo as fronteiras entre classes e culturas, agregando mais do que segregando. As pessoas já assimilaram que moda vai muito além da roupa: ela compreende comunicação, anseios, projeções e formas de se expressar”.
O “feito a mão” é fruto de múltiplas ancestralidades. Os saberes, as técnicas, as manualidades dos artesãos são transmitidos de geração a geração. “Do ponto de vista do uso das artesanias como elemento agregador de design, o universo é vasto e os novos designers estão atentos em experimentar tipologias. “O DFB Festival é um exemplo do pensamento coletivo, do compartilhar, pois seu próprio formato é uma construção coletiva, em que diferentes potências são convidadas a participar de um projeto maior de luta em prol da criatividade”, pontua Claudio Silveira, acrescentando: “É responsável por jogar um holofote sobre os novos talentos da moda autoral. Mas, o que fazem com essa luz, é mérito individual”.
“A moda brasileira contém, em si, um multiverso, repleto de possibilidades que geram, por sua vez, infinitas realidades capazes de transformar o mundo de quem as exerce. Nosso tempo se estende em todas as direções e alcança o que antes chamávamos de futuro, mas que nada mais é do que o agora. Chegamos lá, e isso é apenas um eterno (re)começo” – Claudio Silveira
Deixo vocês com essas imagens incríveis dos saberes da moda autoral do Ceará que reverbera para o mundo. O start ao DFB Festival, no Aterro da Praia de Iracema, em Fortaleza (CE), foi dado com este magnífico desfile, com curadoria do idealizador do evento, Claudio Silveira, e que celebrou a primeira etapa do Programa 100% CE, projeto que reúne as iniciativas públicas e privadas em prol da reafirmação da força produtiva do trade da moda do estado do Ceará.
A curadoria das peças foi de Claudio Silveira e o desenvolvimento das marcas e estilistas Ivanildo Nunes, Celina Hissa, Vitor Cunha, Gisela Franck, Espedito Seleiro, Almerinda Maria, David Lee, Água de Coco, Kallil Nepomuceno, Bruno Olly, Camila Arraes, Luisa Lopes, Alix Pinho, Vi Lingerie, Dólmen, Jô de Paula, Theresa Montenegro, Anastácio Jr., Silviane, Silvana de Deus e Mary. O styling foi assinado por Roberta Mazzola.
Estriveram presentes, Élcio Batista, vice-prefeito de Fortaleza; Fabiano Piúba, Secretário da Cultura do Estado do Ceará; Ana Cláudia Martins, diretora regional do Senac Ceará; Patrícia Varela, coordenadora de comunicação da Enel Ceará; Roseane Medeiros, Secretária Executiva da Indústria na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e Trabalho; Alci Porto, diretor técnico do Sebrae Ceará e Carlos Prado, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará.
Fui ouvir Claudio Silveira sobre o mega projeto: “100% CE é um cluster que reúne as principais realizações do setor. A ideia é que, juntos, possamos reposicionar o Ceará no lugar que um dia o estado ocupou, na liderança produtiva de mercado. A diferença é que, se antes o trade da moda cearense era reconhecido como apenas um polo produtivo, fabril, hoje não nos contentamos com o status de grande facção têxtil. Queremos mais: queremos gerar conteúdo, conceito e desejo. Projetamos ações que se estendem até o final desta década, focando de forma distinta em diferentes fatores, como visibilidade, internacionalização, valoração, identidade, e por aí vai. O projeto 100%CE é um marco para o trade da moda feita do Ceará, já que inclui iniciativa pública, privada e membros do terceiro setor. Todos juntos, em uma só direção. A década promete ser bem animada para quem gera moda”.
De iniciativa da Câmara Setorial de Moda do Ceará, a qual é ligada à Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), o Programa 100% CE foi desenvolvido e é executado através da parceria firmada entre a Federação das Indústrias do Estado do Ceará e o Sebrae Ceará por meio dos sindicatos industriais dos setores têxtil, de confecções e de calçados: Sindroupas, Sindconfecções, Sindtêxtil e Sindcalf.
Foi bonita de se ver também a iniciativa do SENAC Ceará, que participa do evento há 14 edições, de levar para a passarela do DFB Festival 2022 uma cocriação entre Ivanildo Nunes, designer de renome internacional, e um grupo de artesãs locais detentoras de um saber e fazer artesanal tradicional cearense: as bordadeiras de Rechelieu de Maranguape. O estilista criou a coleção ‘Digitais‘ inspirada pelas digitais das asas das borboletas, construindo através das mãos das mulheres rendeiras de rechelieu, uma poesia em forma de peças-arte. O SENAC ainda promoveu ações e reflexões sobre os novos cenários mundiais, as transformações nos modelos de consumo e os impactos na moda regional, através de palestras, desfiles e workshops. Entre as novidades desse ano, tem ainda exposição, ações educacionais do restaurante Mayú e o lançamento do Concurso Jovens Criadores Senac, logo depois do desfile de David Lee.
PELA SAÚDE
Conferimos uma ação belíssima logo na entrada do DFB Festival. O Senac/CE, em parceria com o Instituto do Câncer do Ceará (ICC), apresentou a exposição digital “Res(peito)”, reunindo em tótens 10 mulheres e suas histórias de como venceram a luta contra o câncer de mama. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que, em 2022, mais de 66.200 novos casos da doença surjam. O Ceará situa-se entre os sete estados com maior índice previsto, com taxa estimada de 50,54 casos para cada 100 mil mulheres. A expô digital “Res(peito)” reafirma a premência do diagnóstico precoce.
DFB FESTIVAL E AÇÕES MULTIDISCIPLINARES
“Nosso objetivo é promover ações multidisciplinares que dialoguem com a cultura de moda do país. Elas promovem a renovação de diversos aspectos que são propósitos do DFB, como o incentivo aos novos nomes da cena e a democratização e integração de diversos setores da economia criativa”, destaca Claudio Silveira.
Dentre as ações criadas, está o Concurso dos Novos, onde alunos da área de Estilismo e Moda de todo o Brasil podem participar; o line-up de desfiles, contemplando criadores e marcas autorais de design, estilo e moda; a Mostra Move Moda, com prêmios para fashion films produzidos por alunos ou profissionais do audiovisual, design, publicidade e marketing; o Ceará Gastronômico, para chefs, bistrôs e restaurantes; o DFB Design Street, destinado a artistas, performers, músicos e empreendedores de moda, design e artesanato e o Mercado Criativo DFB.
Neste ano, a programação cultural contemplou shows, apresentações, exposições e a Mostra Move Moda de Curtas Metragens de Moda. A comercialização e exposição para microempreendedores de moda, design, artesanato e produtos autorais serão contempladas na área de fomento à economia criativa.
DFB CARBON FREE E O RESSIGNIFICAR MATERIAIS
“Nosso evento é 100% neutro em carbono; a totalidade do lixo gerado durante os 4 dias de programação é coletada de forma consciente, em parceria com a EcoEnel, devidamente separada e transformada em créditos de energia, que doamos para instituições beneficentes”, observa Claudio Silveira.
A Enel Brasil, uma das maiores empresas privadas do setor elétrico brasileiro, está totalmente voltada para o incentivo à prática, e marcou presença mais uma vez no DFB Festival com ações que reforçam o compromisso com a criação de valor para as comunidades em que está inserida e com o ideal de um progresso mais plural, com igualdade de gênero e geração de renda. O DFB contou ainda com uma exposição de peças feitas a partir do reaproveitamento de uniformes descartados e a apresentação na passarela da ‘Coleção Energia’, criada pelas mentes pensantes dos designers Bruno Olly e Marcelo Belisário, contando com curadoria e direção criativa de Claudio Silveira.
MODA + SUSTENTABILIDADE + REPONSABILIDADE SOCIAL
No line-up de palestras e oficinas do evento, o Dragão Pensando Moda, apresentou atividades com a expertise de profissionais do SENAC, Universidade de Fortaleza (Unifor), Associação Ceará Design; Haco; Sebrae Nacional; Santana Textiles; Inova Consulting; Fruto do Conde, entre tantos outros mestres.
Com programação 100% gratuita, a iniciativa foi voltada para integrantes de toda a cadeia produtiva da moda, novos empreendedores e alunos de moda, design, administração, marketing e áreas afins. “O que move as nossas ações na edição 2022 do DFB é desenvolver nos participantes o conhecimento de moda, a criatividade, o pensamento crítico, o senso estético, a capacidade de realizar aprendizagens significativas, reconhecendo o Senac como instituição promotora de moda, cuja finalidade maior é educar para o trabalho em atividades do comércio de bens, serviços e turismo, conciliando ações de promoção social e mercadológicas”, destaca a consultora do Senac na área da Moda, Angélica Freitas.
PAVILHÃO DA INDÚSTRIA + ESPAÇO MODA CRIATIVA
Como forma de ampliar o protagonismo dos empreendedores cearenses, o DFB Festival 2022 destinou um pavilhão para as ações do Programa 100% CE e do Ceará Fashion Trade, principal feira de negócios de moda do estado. Através de edital público, dezenas de expositores e marcas, de diferentes segmentos do setor da moda, alocaram estandes e garantiram mais uma importante vitrine para atrair e potencializar negócios.
O Ceará é um grande polo de fabricação de jeans e vimos uma profusão do high tech em conexão com a criatividade. Claudio Silveira comenta que o Ceará é um estado privilegiado. No século XIX, chegou a ser o maior fornecedor de algodão para a Inglaterra! “Aqui, nós condensamos toda a cadeia produtiva: do plantio ao descarte e reuso de insumos da indústria do algodão – e do jeans, por tabela. O que eu proponho é trabalhar o jeans 100% cearense também como artigo qualificado, premium”.
No espaço Moda Criativa, com vista para as águas verdes do mar, o DFB abraçou também, em parceria com a Auê Feiras, o trabalho de 40 marcas locais, reconhecidas pela criatividade e inovação no mercado. E mais: Mestre Espedito Seleiro ganhou um espaço de destaque no DFB para expor sua arte, mundialmente reconhecida, integrando, inclusive, uma edição da London Fashion Week. A arte de Espedito dialoga com a indumentária típica dos vaqueiros e do cangaço dos homens da caatinga nordestina. Vimos também o trabalho desenvolvido pelo Nordestesse, hub criativo que registra, amplia e fomenta a produção, as discussões e o talento de marcas e serviços de empreendedores nordestinos, criado por Daniela Falcão. Ao todo foram expostas 13 marcas.
HOLOFOTES PARA EXPERIÊNCIAS GASTRONÔMICAS
No campo da gastronomia e do lazer, o DFB contou, em sua varanda principal, com 14 operações de gastronomia. Pela primeira vez, o restaurante-escola Mayú, especializado em cozinha criativa e autoral, participou do festival com aulas-show, degustação e ações com a participação dos alunos Senac. As atividades foram realizadas no Espaço Mayú Experience. Segundo o chef executivo do Senac Reference, Ivan Prado, a inspiração para a programação gastronômica foi a culinária afetiva e regional. No âmbito das Experiências do Maciço foram apresentados Entremet de Café, uma proposta das chefs Nubia Lima e Mattu Macedo; Risoto da Serra e Ravióli de Fruta Pão – da Oficina com Nilza Mendonça e Van Régia – e Salada Serrana, proposta dos chefs Pedro Henrique e Diego Freire.
BEACH TENNIS – O ESPORTE QUE MAIS CRESCE NO PAÍS
Pensando no esporte, o DFB contou com uma arena de beach tennis, esporte que está em ascensão no Brasil e, especialmente, nas praias de Fortaleza. Misturando o tênis tradicional com o vôlei de praia e o badminton, o beach tennis viralizou na capital cearense. O Brasil já é a segunda maior força do mundo nesta modalidade, atrás apenas da Itália, país que a inventou, em 1987 na província de Ravenna. O esporte chegou por aqui em 2008 e a Confederação Brasileira de Beach Tennis (CBBT) aponta serem 200 mil os jogadores confederados no país.
ESPAÇOS KIDS E PETS
As crianças tiveram um espaço Kids, onde puderam brincar à vontade. Dentro deste espaço os equipamentos e brinquedos eram todos recicláveis e/ou reciclados. Modo de apresentá-los à logica da sustentabilidade. Considerando que o DFB pautava-se pela pluralidade e bem estar global, os pets foram contemplados com um espaço exclusivo para eles, o que tratou-se do primeiro no país no segmento.
MÚSICA PLURAL E SUSTENTABILIDADE
Um salve ao DFB Festival! O evento, além de multiplataforma da sinergia entre moda, cultura, capacitação e empreendedorismo, também ofereceu ao público shows gratuitos de atrações musicais nacionais e locais, que se apresentaram no Palco Factory, com 28 metros e feito de sucata, montado na megaestrutura do local.
Em se tratando das apresentações de artistas, o DFB revelou seu caráter multifacetado. Desde Roberta Campos às bandas Selvagens à Procura de Lei, Mundo Livre S/A, a DJ Isa Capelo, Juan, Doixton, Two Notty e o músico Davi Cartaxo. A programação musical contou, também, com apresentações de atrações da eletrônica, rap e rock. Ao todo, estima-se que mais de 30 mil pessoas prestigiaram o evento.
Leia mais: DFB Festival: a diversidade do rock e dos sons Made in Ceará fazem uma ode à música independente
A REALIDADE DO MUNDO PHYGITAL
Nesta edição, embora presencial, o DFB Festival também privilegiou o online. O público assistiu entrevistas, prévias e podcasts através de uma TV própria, a DFB TV e o DFBCast. Os desfiles e toda a programação foram transmitidos via YouTube, ao vivo e tiveram um grande alcances. Sob a ótica da tecnologia, a Prefeitura de Fortaleza, promoveu uma experiência sensorial no DFB a fim de representar artisticamente os processos criativos. O espaço Rede Criativa, proporcionou uma experiência imersiva de design interativo. O processo foi realizado por estudantes e professores do projeto de extensão de “Design Computacional”, do curso de Design da Universidade Federal do Ceará.
O DFB Festival 2022 é realizado pela Artesanias do Ceará e apresentado pela Secretaria Especial da Cultura do Governo Federal e pelo Governo do Estado do Ceará. Agradecimento à Enel, patrocínio Giga Mall e apoio da Prefeitura de Fortaleza, Sebrae, Cagece e Vicunha. O Evento conta com o apoio institucional da Secretaria de Cultura (Secult/CE).
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