O debate sobre racismo em Hollywood e a falta de papeis para atores negros não é de hoje. Vários artistas respeitados no meio já falaram que o star system dos Estados Unidos não abre muitas chances para os afroamericanos nessa indústria e o nome mais recente a comentar essa situação é Zoe Saldana (“Avatar” e “Star Trek”), que não poupou argumentos em um post publicado em sue Facebook.
Tudo começou quando Michael B. Jordan foi escalado para viver o Tocha Humana no novo remake de “O Quarteto Fantástico” e a internet (ou o submundo que se esconde por trás da anonimidade proporcionada por ela) começou a reclamar. O personagem, que recentemente foi encarnado por Chris Evans, é descrito como loiro de olhos azuis nos quadrinhos, o que levantou a ira de alguns fãs quando Michael foi anunciado no papel, muitas das críticas beirando a ofensa racial. E ele se manteve calado, até publicar uma carata aberta na Entertainment Weekly.
“Eu não queria ser ignorante sobre o que as pessoas estavam dizendo. Acontece que elas estavam dizendo isso: ‘Um cara negro? Eu não gosto. Eles devem estar fazendo isso porque Obama é o presidente’ e ‘não é fiel aos quadrinhos!’. Ou até ‘eles destruíram tudo!'”, escreveu o ator, afirmando ainda que Stan Lee, autor dos quadrinhos tinha aprovado o casting e que o mundo em 2015 é muito mais diverso do que era em 1961, quando a história foi lançada. E ele continuou: “Às vezes, você tem que ser a pessoa que levanta e diz, ‘eu serei aquele que aguentará todo esse ódio. Eu levarei o peso para as próximas gerações’. Eu coloquei essa responsabilidade em mim mesmo. As pessoas vão sempre se enxergar em termos de raça, mas talvez nós não falaremos tanto sobre isso no futuro. Talvez, se eu servir como exemplo, Hollywood começará a considerar mais pessoas de cor em outros papeis proeminentes, e talvez nós conseguiremos atingir as pessoas que estão presas no pensamento de ‘tem que ser fiel aos quadrinhos'”.
As palavras ressoaram pelo consciente de Zoe Saldana, que logo tratou de ir à sua página no Facebook e refrescar a memória do público de que nem sempre Hollywood foi fiel às representações de personagens já existentes. “Bravo!! Inspirada pelo artigo do Michael. Obrigada por falar. Se nós questionarmos por que Michael foi escolhido para viver o Tocha Humana em “O Quarteto Fantástico”, também devemos questionar por que Elizabeth Taylor interpretou Cleópatra, por que Angelina Jolie viveu Mariane Pearl em “O Preço da Coragem”, por que Laurence Olivier viveu Othello, Burt Lancaster em Apache e a lista continua… Não vamos atirar pedras quando todos vivemos em uma casa de vidro”.
É impossível não concordar com Zoe Saldana. A jornalista Mariane Pearl, vivida por Angelina Jolie e usada como argumento pela atriz de “Avatar”, é um belo exemplo de uma mulher negra interpretada por uma caucasiana, assim como a famosa Rainha do Nilo. Recentemente, outras polêmicas levantaram sobrancelhas em Hollywood, como a escalação de Christian Bale para viver Moisés em “Êxodo: Deuses e Reis”; e Rooney Mara, atriz branca como pérola, que viverá a índia Tiger Lily na adaptação de Joe Wright para “Peter Pan”.
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