Zezé Motta brilha em especial, fala de personagem em ‘Fuzuê’, homenagem da Globo e do seu amor maduro

*Por Brunna Condini

Zezé Motta é uma inspiração. Aos 79 anos, deles 55 atuando como atriz, cantora e militante, ela não tem recusado trabalho e fala para o site, em primeira mão, como será sua participação em ‘Fuzuê‘, próxima novela das sete da Globo, após três anos sem participar de um folhetim. “O convite veio do autor como uma homenagem. Aí eu pensei: não se recusa uma homenagem, não é mesmo? Estou com a minha agenda muito cheia, graças a Deus, têm semanas que não consigo tirar um dia sequer de folga. Mas vamos dando um jeito de conciliar as datas, porque também estou gravando a terceira temporada de ‘Arcanjo Renegado‘ (Globoplay), dois filmes e fazendo shows durante os finais de semana. Enfim, consegui gravar todas as minhas cenas e acho que vocês irão gostar de me ver como a personagem Dama de Ouro, uma mulher poderosa e misteriosa”, revela a artista, que, no próximo dia 25, apresenta a terceira temporada do programa ‘Mulheres Negras‘, no Canal E! Entertainment, um projeto especial para celebração ao Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha.

Eu diria para a Zezé do início da minha trajetória: “Menos, não sofra tanto, tem jeito pra tudo, no final, dá tudo certo!”  – Zezé Motta

Zezé Motta: personagem em ‘Fuzuê’ e o projeto especial para celebração ao ‘Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha’ (Foto: Miguel Sá)

E vibra com a agenda ativa. “Estou em outros projetos bem interessantes, com a série ‘Fim‘ (de Fernanda Torres para o Globoplay), a minissérie ‘Histórias (Im)Possíveis‘ da Globo, na qual sou uma das protagonistas ao lado da Andrea Beltrão em episódio sobre o sobre etarismo, e também estou em uma super aposta da Disney, a série ‘Americana‘. Dentre tudo isso acima, passei dias gravando na Globo uma homenagem que estão fazendo para mim, um programa contando meus 55 anos de carreira na TV, nos palcos e na música. O programa se chamará ‘Tributo’ e estreia ainda este ano”, completa Zezé, que também foi ‘descoberta’ pelo mercado publicitário nos últimos anos.

Representatividade que inspira e transforma

Referência na luta antirracista há muitos anos, ela reforça sua militância e representatividade ao apresentar a terceira temporada do ‘Especial Mulher Negra 2023‘, no dia 25, celebrando o Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha. Gravado no Santa Teresa Hotel RJ – MGallery, o programa traz participações, como as das cantoras Iza e Liniker, das atrizes Luana Xavier e Aisha Jambo, além de contar com depoimentos de nomes do ativismo negro, como Elisa Lucinda, Taís Araújo, Dandara Mariana, Clara Monke, Luedji Luna, a Ministra da Cultura, Margareth Menezes, a jornalista e apresentadora Maju Coutinho e Sônia Guimarães, primeira mulher negra brasileira doutora em Física e a primeira a lecionar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

“Estar neste especial é sempre gratificante, mostrar e contar a história de mulheres pretas que são fantásticas, que fazem histórias, a nossa luta! Este ano, eu vou receber a Iza, que eu adoro e nunca tínhamos feito nada juntas. Acho ela talentosíssima e linda. Vocês irão assistir a um programa leve, gostoso e empoderado ao mesmo tempo. Gosto muito do canal E!, pois ele reforça diariamente que devemos dar espaço para a diversidade”, afirma Zezé Motta.

Zezé Motta e as mulheres poderosas que estarão na terceira temporada do Especial Mulher Negra 2023 (Foto: Miguel Sá)

Na sua percepção, o Brasil está menos racista ou essa realidade ainda está distante? “Muitas coisas mudaram, a única diferença é que antigamente o racismo era velado, hoje ele é escancarado graças às redes sociais. Tivemos avanços, mas ainda temos muita luta pela frente. É aquilo, não basta não ser racista, precisamos de uma sociedade antirracista”, analisa.

Não tenho arrependimentos, tudo é aprendizado. O que mais me orgulho é ver hoje uma geração de homens e mulheres que me dizem que foi graças a mim que eles hoje estão fazendo cinema, teatro, TV” – Zezé Motta

Plenitude e legado

Zezé diz que as comemorações para os 80 anos, no dia 27 de junho do ano que vem, já estão a todo vapor. E divide um pouco do ‘segredo’ dessa plenitude: “Me dá tesão na vida acordar todos os dias com saúde, consciente, lúcida e trabalhar. Além de estar com os amigos, em casa, com prestígio”. E honra sua trajetória: “Não tenho arrependimentos, tudo é aprendizado. O que mais me orgulho é ver uma geração de homens e mulheres que me param na rua, no aeroporto, restaurante, me dizem que foi graças a mim que hoje estão fazendo cinema, teatro, TV. Que me olhavam na televisão quando não tinham muitos negros em cena e sonhavam em um dia estar ali. Das mulheres principalmente, ouço histórias lindas, isso me emociona bastante. Outra grande emoção é lembrar do CIDAN (Centro de Documentação e Informação do Artista Negro), que foi criado por mim com outros saudosos colegas”.

“Eu diria para a Zezé no início da trajetória: “Menos, não sofra tanto, tem jeito pra tudo, no final, dá tudo certo!” (Foto: Instagram)

Amor na maturidade

A artista também fala da relação com o namorado que mora em São Paulo e é mais reservado. “Estou em um relacionamento tranquilo, leve e maduro. Somos acima de tudo amigos e nos conhecemos há mais de 30 anos. Nos reencontramos e está sendo, como eu disse, tranquilo. É o que eu buscava”. Como administra a distância no relacionamento, acha gostoso sentir saudade? “Não sei muito bem, minha vida sempre foi assim. Há 50 anos fazendo ponte aérea, viajando, e vendo tanto amigos, familiares e relacionamento quando tenho folga ou quando estou na cidade dele. Me acostumei assim”.

Tivemos avanços, mas ainda temos muita luta pela frente. É aquilo, não basta não ser racista, precisamos de uma sociedade antirracista – Zezé Motta

“Não tenho arrependimentos, tudo é aprendizado. O que mais me orgulho é ver uma geração de homens e mulheres que diz que foi graças a mim que hoje estão fazendo cinema, teatro, TV” (Foto: Reprodução/ Instagram)

Mesmo feliz e amando, Zezé Motta diz que não casaria novamente. “Gosto do meu espaço, já me casei cinco vezes, hoje acho muito bom viver assim, mais saudável, maduro, inteligente. No amor maduro a gente sofre menos, pira menos, não se descabela, está tudo certo”.