Parece que ainda ontem a rapper Azealia Banks saiu da periferia de Nova York e estourou nas baladas e paradas com o single “212”. Mas isso já faz quatro anos e, depois de muitas parcerias desperdiçadas, oportunidades jogadas pela janela, dois contratos com gravadoras e inúmeros barracos no Twitter, a carreira da cantora parecia estar pendurada por um fiozinho cada vez mais tênue. E as chances de ela cair no anonimato – mesmo com seu talento – seriam realmente grandes, não fosse o “Broken With Expensive Taste”, seu primeiro e tão aguardado LP, que foi um sucesso de crítica e serviu para lembrar ao mundo o porquê de seu apelo inicial. Agora, Azealia aparece mais uma vez na mídia, mas não por música, nem por barraco (pelo menos a princípio): a artista é a nova capa da Playboy, com fotos picantes assinadas por Ellen von Unwerth.
Azealia Banks – 212
Seguindo os passos de gente como Drew Barrymore e Lindsay Lohan, Azealia Banks resolveu posar para a publicação de Hugh Hefner a fim de descolar um cheque robusto e se colocar mais uma vez sob os holofotes. É preciso dizer: além de linda, Azealia parece saber muito bem como conduzir sua carreira, apesar de ser constantemente criticada. Afinal, são poucas as artistas que conseguiriam lançar um álbum sem a ajuda de uma gravadora e ainda assim se destacarem entre a crítica e o público. Isso sem falar na inovação de seu último videoclipe, “Wallace”, que é completamente interativo e ainda apresenta uma parceria da artista com o Google Chrome (veja-o aqui).
Mas, voltando à Playboy: como se trata de Azealia Banks, é claro que não faltariam aspas polêmicas da rapper, que atacou todo mundo em sua entrevista. Desde os Estados Unidos da América até Kanye West. Quando perguntada pela publicação em quem ela se espelha para seguir sua carreira, eis a resposta: “Jay Z. Essa é a única pessoa em quem eu miro. A coisa da raça sempre surge, mas eu quero chegar lá [no topo] sendo bastante negra e orgulhosa e violenta a respeito disso. […] Na sociedade americana, o jogo é você ser uma pessoa negra não-ameaçadora. É por isso que você tem gente como Pharrell [Williams] e Kendrick [Lamar] dizendo, ‘Como você pode esperar que as pessoas nos respeitem, se nós mesmos não nos respeitamos?’. Ele está jogando aquela m**da de negro não-ameaçador, e isso deixa todas as mães de futebol brancas tipo ‘nós o amamos!!!’. Até o Kanye West joga um pouquinho disso – ‘Por favor, me aceite, mundo branco!’. Jay Z nunca jogou isso e é disso que eu gosto”.
Para quem está familiarizado com os barracos de Banks no Twitter, tocar no assunto de preconceito racial não é nenhuma novidade, uma vez que ela constantemente sai atacando Iggy Azalea por “se apropriar da cultura negra”. O curioso a respeito das declarações acima é que Azealia já chegou a gravar com Pharrell antes de ser expulsa de sua gravadora. Mas acha que ela não sabe? “Apesar de eu sempre ter feito coisas maneiras, eu fazia isso com uma sensibilidade mais pop. É por isso que você tem “ATM Jam” [sua parceria com Pharrell] e “Chasing Time”, que são mais pops. Mas agora eu não tenho a m**da de uma gravadora a qual preciso responder. Todas as ideias que eu estou tendo são maneiras e abstratas e loucas e doentias para c***te”.
Azealia Banks – “Chasing Time”
A revista chega essa semana às bancas dos Estados Unidos e ainda traz mais declarações inusitadas, como a visão que Azealia Banks tem de que “a verdadeira América são as pessoas brancas, conservadoras e racistas que moram em suas fazendas” e “aquelas adolescentes brancas que trabalham no Kmart e têm uma avó verdadeiramente racista”. No geral, a rapper teria muito mais razão em suas observações se não viajasse tanto em estereótipos. Mas, também, teria metade da sua graça e apelo, sem falar que, no fundo, ela não está tão errada assim. Ou está?
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