“O empreendedorismo, nesta sociedade automatizada, é uma das maiores fontes de autoestima da mãe moderna. O nosso objetivo é lembrar, todos os dias, a profissional incrível e independente que cada mulher é”. Estas palavras são da co-idealizadora Lia Castro do Grupo M.Ã.E., rede de profissionais que auxilia, capacita e a apoia pessoas que decidem abrir o seu negócio com a chegada da maternidade. Com encontros presenciais em seis cidades e uma rede própria de relacionamento on-line, o Grupo impulsiona cerca de mil associadas no mercado de trabalho estimulando a sororidade e a empatia. Através de consultorias a marcas e empresas, o projeto ainda garante maior representatividade para as mamães. “Ao mesmo tempo em que a mulher está vivendo o amor mais arrebatador, também é a hora mais insegura para ela profissionalmente. O Grupo é uma rede específica na qual a mulher trabalha a sua autoestima e a confiança”, salientou.
As valiosas dicas chegaram, até mesmo, a virar livro. ‘Mãe: a profissão capaz de mudar o mundo’ foi lançado no mês passado pela editora Much. O exemplar visa encorajar a mulher a investir em seus projetos pessoais através do compartilhamento de histórias reais das sócias Lia Castro e Carmem Madrilis. “O texto mostra que é possível conciliar a carreira com a maternidade, isto vale tanto para a mulher empreendedora quanto a funcionária. É um texto que encoraja. Acredito ser o primeiro passo para quem está pensando em mudar”, salientou. Girl Power que fala, não é mesmo? Vem conhecer esta história!
O Grupo M.Ã.E. nasceu a partir das gestações de Lia Castro e sua sócia, Carmem Madrilis. “Naquele momento, nós percebemos como o mercado de trabalho estava fechado para a maternidade, porque ou a mulher era demitida ou pedia demissão depois do nascimento do bebê já que as empresas tradicionais não conseguiam abraçar esta profissional. A licença maternidade, por exemplo, de quatro meses é incongruente quando temos que amamentar até os seis”, criticou a profissional. A conclusão que as duas chegaram acabou sendo provada por números. De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada em 2017, quase 50% das mulheres não estão empregadas dois anos após o nascimento do filho. “Neste cenário conturbado, o empreendedorismo acaba sendo a principal saída destas pessoas, dando mais autonomia e flexibilidade”, sinalizou Lia. Esta teoria também foi endossada com números. Em 2018, de acordo com a pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), a maternidade foi um ‘empurrãozinho’ para 75% das empreendedoras.
Apesar de ser um caminho lógico, não é tão fácil quanto parece. “As mulheres se deparam, depois de tomar esta decisão, com um caminho muito obscuro, afinal, não aprendemos empreendedorismo na escola e na faculdade. A partir disso, a mãe enfrenta dois mundos novos: o da maternidade e o da carreira”, explicou a co-idealizadora do grupo. Foi tentando encarar e ultrapassar estas dificuldades que o Grupo M.Ã.E. acabou se tornando uma realidade. A partir de suas próprias experiências, as fundadoras criaram a fórmula do sucesso para ajudar outras mulheres a passarem pelo mesmo obstáculo dando todo o apoio, educação, networking e visibilidade.
Tudo começa através de uma página da web. Além de apresentar todas as ramificações do projeto para os interessados, a plataforma digital acaba funcionando como um portal de troca de experiências. “É como se fosse a rede social da mãe empreendedora com direito a conteúdos específicos que auxiliam neste momento traduzido para uma linguagem mais fácil e dinâmica”, explicou Lia. Os conteúdos são diversos e, ao mesmo tempo, super voltados para instruir estas mulheres empreendedoras, seja através de textos ou vídeos e áudios. Plano de negócio, informações sobre mercado financeiro e possibilidade de networking são algumas opções de conteúdos que podem ser acessados. “Pensamos em tudo o que ela vai precisar para fazer o negócio dar certo”, concluiu.
E por falar em dar certo, ninguém faz nada sozinha e é pensando nisso que o Grupo potencializa a troca de informações e experiências através de chats on-line e encontros presenciais. “O networking tem que ser uma prioridade, porque a maternidade é um momento solitário que deixamos de trabalhar e ter vida social para cuidar de um bebê. E o empreendedorismo também acaba estimulando esta solidão, por ser home Office, inicialmente. Sendo assim, ter uma rede de relacionamentos diária com pessoas que já passaram pela mesma coisa facilita muito o caminhar”, garantiu a co-idealizadora. Afinal, a mãe disponibiliza de menos tempo para focar em seus projetos pessoais do que uma pessoa sem filhos, não tem como se dedicar 24 horas para fazer o negócio dar certo. O equilíbrio passa a ser a alma de cada iniciativa.
A plataforma digital disponibiliza ainda o contato de todas as mamães empreendedoras de forma que as próprias filiadas ao grupo incentivem o trabalho de outras mulheres, sendo um exemplo de sororidade. “O nosso objetivo é potencializar o gênero feminino e nada mais justo do que fazer isto dentro do nosso portal”, considerou Lia Castro. Se alguém precisar de uma confeiteira para fazer os docinhos do aniversário do filho, por exemplo, é possível procurar dentro da base de dados do Grupo M.Ã.E. Isto é uma maneira de privilegiar o serviço de quem está começando.
A rede de relacionamento é potencializada ainda mais nos encontros presenciais mensais e bimestrais que acontecem em seis cidades diferentes do Brasil. Cada evento é diferenciado, mas conta com palestras e worshops para temas específicos. Além disso, são realizadas Rodas de Negócio, nas quais as mamães falam sobre os seus empreendimentos e podem dar pitacos ‘do bem’ no negócio das outras. “Isto é fundamental para o nosso processo pois uma mulher ajuda a outra e ainda acaba fomentando novas parcerias, sociedades e fornecedores”, garantiu Lia.
Além de dar toda a assistência para as mulheres empreendedoras, o Grupo M.Ã.E também faz ações específicas em companhias. Através de consultorias, elas ajudam a identificar pequenas mudanças que podem ajudar a melhorar o ambiente de trabalho. “Queremos que as empresas se tornem mais amigáveis e acessíveis às necessidades da mãe moderna, de forma que a profissional que deseja continuar como funcionária tenha a possibilidade de equilibrar ambos os lados da vida sem prejudicar a sua produtividade frente à instituição, ou seja, todo mundo ganha”, afirmou a co-idealizadora.
E as marcas também não ficam de fora dos planos do Grupo. “A nossa ideia é conectar as empresas com a mãe, porque vemos uma grande dificuldade das empresas de conversarem com estas mulheres. Sendo assim, damos dicas de como representá-las, afinal, aquela família de comercial de margarina não mostra a realidade. Isto leva estas pessoas a se sentirem pouco estimuladas por ver que não atinge aquele ápice. Queremos que as lojas atinjam a figura da mãe, visando uma maior conexão com o público. Todos ganham novamente”, garantiu.
O Grupo M.Ã.E é um exercício constante de sororidade e empoderamento feminino. Com ramificações pelo país inteiro, o projeto visa dar uma assistência a mulher com a chegada da maternidade, além de ressignificar todos os espaços do mercado de trabalho visando um ambiente mais empático.
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