Um bate-papo exclusivo com os meninos da Banda Uó sobre o novo DVD, disco e política: “A gente chutou o balde!”


Mateus Carrilho e Davi Sabbag que, ao lado de Candy Mel, formam um dos grupos mais divertidos e irreverentes da cena musical atual, falam com HT sobre a nova fase do trio

*Por João Ker

É um pouco difícil tentar explicar o som feito pelo pessoal da Banda Uó. Apesar de muita gente achar que eles se limitam ao tecnobrega, as referências ouvidas em suas músicas vão desde ritmos nacionais como o axé até ao pop e o bass norte-americanos, este último mais audível através de “Gringo”, faixa produzida pelo, bem… gringo Diplo. Aos desavisados, o grupo formado por Davi Sabbag, Mateus Carrilho e Candy Mel surgiu em 2011 com uma regravação de um dos maiores hits daquele ano: “Whip My Hair”, lançado pela popstar mirim Willow Smith e que, nas mãos desse trio elétrico (pun intended), ganhou o nome “Sheik de Amor”, com Mel dizendo no refrão: “Vou me vingar de você!”. Não é preciso dizer que, quase instantaneamente, a música virou febre nas pistas de dança e todo mundo ficou com gostinho de “quero mais Banda Uó”.

Banda Uó – “Shake de Amor”

Mas isso foi há três anos e, de lá para cá, os três já lançaram em 2012 o seu primeiro LP pela Deckdisc, “Motel”; se apresentaram no palco da MTV e ganharam o prêmio de Melhor Webclipe no VMB; foram indicados ao prêmio Multishow; tiveram música inédita e exclusiva na campanha da Sérgio K. (com vídeo dirigido por Terry Richardson) e por aí vai. Com participação de Preta Gil em uma das faixas e a de Diplo em outra (“Gringo”, citada acima), “Motel”, agora, chega à reta final de divulgação, com o lançamento de um DVD ao vivo pelo Multishow marcado para o próximo mês. O último clipe do álbum, “Búzios do Coração”, mostra um lado da banda pouco conhecido pelo público e pelos fãs: menos extravagante e produzido, mas ainda assim irreverente e divertido.

Pois bem, batemos um papo com Davi e Mateus sobre “Búzios do Coração”, o primeiro DVD  da carreira, a relação com os fãs, o novo álbum (que já está em andamento!) e, como não poderíamos deixar a oportunidade passar, eleições:

HT: Davi, essa é a única música do álbum escrita apenas por você. Explique um pouco o conceito por trás da composição e do vídeo.

D.S.: A ideia da música surgiu mais como uma influência do axé. Eu queria fazer alguma coisa dentro desse universo e foi algo que surgiu naturalmente, nada muito pensado. Eu estava lá sentado e comecei a escrever uma batida, daí a letra veio que veio. Ela tem muito dos anos 1990, com esses elementos do axé: o abadá e essa coisa poética que vai além do carnaval. Algo parecido com as músicas românticas de Daniela Mercury e Ivete Sangalo.

M.C.: Nós escolhemos essa música como o último clipe para o “Motel”,  porque gostamos muito e não queríamos deixar que ela passasse em branco. É minha música preferida do disco. A ideia era fazer algo simples, mostrar um lado da banda que as pessoas não tinham visto ainda e trazer a diferença na simplicidade. Decidimos fugir do que as pessoas imaginavam para o vídeo – Pelourinho, Salvador, praia etc. – e ir para um lugar que elas tivessem essa surpresa. A Mel com o negão, o quadro de praia, jardim das samambaias. Mostrar a banda no cotidiano, contemplar a nossa amizade e fazer com  que o público se sentisse mais próximo da gente.

Banda Uó – “Búzios do Coração”

HT: E como é a relação de vocês depois de tanto tempo juntos? Tem bandas que os integrantes só são amigos no palco, mas eu sei que vocês curtem sair juntos, porque já vi vocês em bloco de rua por São Paulo e dá para perceber pelo Instagram.

M.C.: A gente mora no mesmo prédio! Quando começou a banda, os três já eram amigos. Quando viemos para São Paulo e tivemos a dificuldade de fazer a banda ir para frente, o Davi e a Mel se tornaram minha família e vice-versa. Hoje em dia, funcionamos como família, saímos para todos os lugares juntos. É a gente que cuida dos interesses, cria, produz, a Mel faz o figurino… um compasse diário. Já passou por briga e dificuldade? Já. É como um casamento. Mas é uma relação muito bonita e sincera e o vídeo captura isso.

Banda Uó: entrosamento e amizade até fora dos palcos (Foto: Facebook Oficial)

Banda Uó: entrosamento e amizade até fora dos palcos (Foto: Facebook Oficial)

HT: E esse DVD que vocês vão lançar? O que os fãs podem esperar dele?

M.C.: Vai ter extras, entrevista e todos os videoclipes que a banda já fez. Rolou uma reedição especial, com uns efeitos e animações. O conteúdo especial é principalmente o dos bastidores. Colocamos muita coisa da preparação para as filmagens, a relação com os fãs e com as músicas.

HT: E como tem sido essa relação com os fãs? Eles opinam muito?

M.C.: A gente está na rua o tempo inteiro, então topamos com o nosso público sempre. Tratamos como se fossem amigos, pedimos opinião, se eles acham que devemos ou não lançar certa música. Eles criticam quando não gostam, mas não deixam de apoiar. A pessoa sabe sobre a sua vida – o que é muito estranho -, mas ficamos muito agradecidos. Sei lá, se quer ser famoso tem que aprender a lidar com isso.

HT: Atualmente vocês têm escutado o que? Quais as influências e referências?

M.C.: É tanta coisa, tanta coisa! De Ariana Grande a Rihanna, mas também muita coisa daqui: Silva, Alice Caymmi, Banda do Mar… Depende do humor. Até aquela nova, FKA Twigs, a gente ouve.

HT: Já estão pensando no novo álbum?

M.C.: Sim. A nossa prioridade continua sendo a diversão, fazer piadas com letras.

D.S.: O mais importante é fazer algo que a gente goste de cantar e dançar.

M.C.: A gente está falando que chutou o balde. O novo disco vai falar sobre o que tiver vontade e vai ser um CD de pop, assim como os nossos ídolos. São dois anos desde o “Motel”,  aconteceu muita coisa de lá para cá nas nossas vidas. Esse álbum vai ter menos história, será mais sobre a gente, sobre a nossa geração. Continua tendo coisa recente, mas com mais sexo, consumismo e amor também, porque faz parte.

HT: Sobre as eleições, o que vocês têm achado dos debates e dos candidatos?

M.C.: Está dando é Dilma! A gente está vendo muita intolerância das pessoas, no geral. Mas os mais próximos e as pessoas que a gente mais admira são Dilma também. Apoiamos Luciana Genro no primeiro turno. Não somos muito politizados, nem nunca levantamos bandeira. Mas, como artista, acho importante o nosso posicionamento em relação a isso. Dilma tem mais política social, já chegou limpando os ministérios e botando gente de confiança lá dentro. Tirando questões de PT e PSDB, pensando no povo, nós acreditamos que quem vota em Aécio Neves hoje é muito egoísta.

HT: E quando voltam ao Rio para fazer show?

M.C.: Só ano que vem, agora.

Cariocas ficam no aguardo.