Como HT contou aqui, Tulipa Ruiz reservou o Dia dos Namorados para lançar seu terceiro disco, “Dancê”, com um show no Circo Voador, um de seus locais preferidos, que a recebeu de braços abertos e casa cheia na noite de sexta-feira. Entre luzes de LED, vocais ecoantes e uma coreografia espontânea – tanto por parte dela, como por parte do público -, a turnê teve seu pontapé inicial no Rio com momentos gloriosos, incluindo ainda uma participação pra lá de especial de João Donato.
“Começooou!”. Não tem jeito: além de dar início ao disco, comandar dancinhas em “Verdades Secretas” e já ser uma das faixas mais queridas dos fãs, “Prumo” é também aquela que dá início ao show de “Dancê”. Tulipa, com um vestido roxo, brilhante e rodado, solta aquele grito poderoso que, de saída, já coloca o Circo todo para dançar, cada um do seu jeito. O fôlego é mantido durante as próximas músicas, “Proporcional” e “Elixir”, que levaram ânimos para o topo da lona. E, para completar o clima de Dia dos Namorados, Tulipa comentou: “Gente, vocês me dão licença, mas meu amor está aqui, hoj,e e eu quero mandar um beijo para ele”, disse, após incentivar a troca de chamegos na plateia.
Se o objetivo, como Tulipa contou em nossa entrevista exclusiva e repetiu no palco do Circo, era homenagear seus vários coreógrafos espontâneos no público, o show de “Dancê” consegue ir além: a plateia não só rebola durante grande parte da apresentação, como não desgruda os olhos da moça e acompanha sua dramaticidade a cada nota, como nas músicas mais lentas tipo “Oldboy”.
Uma das grandes inspirações para a carreira de Tulipa Ruiz é Baby do Brasil e, mesmo que ela não falasse, isso ficaria implícito desde o figurino aos vocais experimentais que bebem na fonte da Tropicália. No show, ela chega a homenagear a ex-vocalista do Novos Baianos, cantando em espanhol uma das faixas da cantora de cabelos roxos. Mas Baby não é a única grande homenageada durante a apresentação: João Donato, com quem Tulipa gravou “Tafetá”, fez participação preciosa no teclado, onde, juntos, eles cantaram a faixa com direito até a improvisação e alguns minutos de bossa, com a artista dançando ao lado do ícone.
A noite foi repleta de pontos altos, com um dos mais aguardados pelo público sendo a interpretação performática de “Víbora”, na qual Tulipa surge no palco com o rosto coberto por um véu e, à medida que vai atingindo as notas mais altas, se aproxima do refletor e segura o grito impecável e arrepia o público. Em “Do amor”, a cantora chegou a chorar – como é de praxe -, emocionada até voltar com o bis de “Proporcional”. Entre lágrimas e passos de dança, Tulipa Ruiz sabe traduzir as várias emoções de seu repertório no palco. Mais do que simplesmente mudar a plataforma de sua música, ela a transcende com uma voz tão poderosa que, por vezes, ultrapassa as dos registros de estúdio.
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