*Por Brunna Condini
O que torna uma pessoa feliz? “É ela se sentir realizada e plena fazendo o que gosta”. Esse é um questionamento que a modelo Pati Beck se faz periodicamente e a levou ao estilo de vida 100% sustentável que tem ao lado do marido, o fotógrafo Gustavo Zylbersztajn, e dos filhos Benjamin, 2, e Cora, 6 meses, em Futaleufú, junto ao lago Lonconao, na Patagônia Chilena. “Começamos construindo nossa casa e hoje já temos mais espaços, como o estúdio do Gustavo e a escolinha das crianças no local, o @mapu_chile. Recentemente ficamos entre o Chile e o Brasil. Fiz o pré-natal e Cora nasceu no Brasil. Mas, logo que as fronteiras abriram novamente, nós embarcamos definitivamente para o Chile”, recorda a catarinense.
Pati falou ao site direto do Chile, entre um cuidado e outro com os pequenos. Diante da realidade da Covid-19 no país, que vive o pior momento da pandemia, com mais de 8.000 contágios diários nos últimos dias e um recorde de ocupação de leitos de UTI – apesar de 45% da população, 7 dos 19 milhões de habitantes, ter recebido pelo menos uma dose da vacina, segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde – a modelo conta que apesar da apreensão, a região em que reside com a família não registrou casos confirmados e destaca o rigor das autoridades no controle sanitário.
“Por exemplo, quando saímos do Brasil para o Chile, temos que fazer e entregar o exame de PCR dois dias antes da viagem. Tem que testar negativo e assim podemos viajar. Chegando no Chile, o governo disponibiliza hotéis para imigrantes e ficamos hospedados durante três dias, fazemos o PCR novamente e aguardamos o resultado. Chegando aqui são mais 10 dias de quarentena e um novo PCR”, detalha a modelo, que revela que o marido já tomou a primeira dose da vacina e ela tomará em breve.
Ela revela que além disso, a família também tem se mantido em isolamento rigoroso desde o início da pandemia. E ressalta, que apesar da apreensão por conta da ‘barra pesada’ mundial, a intensidade na convivência nunca foi uma questão. “Eu e o Gustavo sempre fomos parceiros, ele está sempre junto quando preciso e nos respeitamos acima de tudo. Desde que o Benjamin nasceu em 2018, muita coisa mudou em nossas vidas e uma delas foi querer estar sempre perto de nossos filhos. Estamos sempre juntos. Antes mesmo da Covid chegar já tínhamos uma rotina bem intensa por aqui”.
Influência e sustentabilidade
A vida no Chile começou em 2018 quando a família percorreu toda a Patagônia Chilena em uma viagem que durou quase 6 meses. A aventura acabou sendo chamada de lar. “Eu sempre tive vontade de largar tudo e dar a volta ao mundo. Queria muito estar com uma pessoa que toparia uma loucurinha dessas, sabe? E na verdade, esse processo vem acontecendo na minha vida e do Gustavo há anos. Gostamos de viajar e sempre que dava estávamos na estrada, não importava para aonde íamos, a única coisa essencial era estarmos no meio da natureza”, afirma a modelo, que está casada com o fotógrafo há 11 anos.
“Sabíamos que em algum momento de nossas vidas iriamos morar no Chile, e em 2014 compramos uma propriedade lá. Mas pensávamos em algo mais para o futuro. Então, em 2018 adquirimos um trailer “Airstream”, o que foi mais um sonho realizado! Reformamos ele todinho e pegamos a estrada nesse mesmo ano com o Benjamin ainda pequeno, só com 5 meses. Não iríamos dar a volta ao mundo, mas começamos pelos Estados Unidos e depois enviamos o trailer para o Chile e lá exploramos a Patagônia”.
Pati despontou para o mundo da moda no final dos anos 1990. De lá pra cá, esteve nas principais passarelas do mundo e posou para diversas marcas conceituadas na indústria da moda. Mas, nos últimos anos, foi na maternidade e no propósito de influenciar para uma vida mais sustentável, que se encontrou mais feliz. Para ela, a conservação do meio ambiente nunca foi tão vital: “Minha apreensão é a criação dos meus filhos em relação ao futuro do Brasil. Ao futuro do mundo. As pessoas não estão cuidando do meio ambiente, priorizando saúde e educação”.
Como equilibrar a vida de modelo, que está numa área que impõe o consumo, com uma vida que preza pelo consumo saudável, desde roupas até alimentos? “Com quase 22 anos de carreira, cheguei ao lugar que sempre desejei, podendo escolher os clientes que desejo trabalhar e não mais apenas por dinheiro, mas pelo meu estilo de vida. Se é uma marca que tem tudo a ver como o que acredito, hoje trabalho de onde eu estiver. E isso tem funcionado muito. As mídias sociais têm papel importante neste momento, porque sem trabalho e nem dinheiro, não conseguiria continuar realizando meus sonhos. Ser criadora de conteúdo faz parte do meu dia a dia e faço com o maior carinho”.
Ela também comenta sobre os impactos na indústria da moda neste período. “Em um determinado momento as coisas ‘congelam’ e depois vão retomando. Acredito que os impactos da pandemia estão sendo sentidos por todos, claro que de formas diferentes. Os trabalhos diminuíram e mudaram. Antes fazíamos campanhas, agora fazemos trabalhos como posts no Instagram. Hoje também temos que produzir nosso conteúdo, nem sempre é possível contar com o auxílio de profissionais. Eu tenho sorte por ter o melhor fotógrafo e marido todo para mim (risos)”.
As fotos lindas que ilustram essa matéria são do Gustavo Zylbersztajn.
Acredita que a moda deva se reinventar apontando para que caminhos? “Acho que tudo será reinventado e o caminho é digital! As plataformas vão possibilitar e conectar cada vez mais e também abrir possibilidades para o mercado assim como versatilidade, pluralidade!”.
Aos filhos e por um mundo melhor
A pequena Cora nasceu no Brasil, em plena pandemia. Da experiência, a modelo relata as apreensões, ainda muito vivas. “No momento que estaríamos prontos para contar para todos a novidade foi o momento em que entramos no isolamento social. Foi muito difícil, porque saímos do Chile para passar 15 dias no Brasil e acabamos ficando nove meses. Eu tinha medo de viajar de avião grávida. Também tinha medo de pegar a Covid-19, pensava como seria com o bebezinho que eu estava gerando, de como seria com o Ben. As inseguranças foram muitas! Nós ficamos fechados por muito tempo. Eu saía de casa sozinha para as consultas com o obstetra. Foi via face time que o Gustavo e o Ben souberam do sexo do bebê. Era muito perigoso sairmos todos juntos. Eram tantas inseguranças que até mesmo o nascimento da Cora concretizou um sonho meu de um parto domiciliar”, lembra.
“O Gustavo saiu de casa poucas vezes para trabalhar e nossa primeira visita durante esse período foi a da nossa equipe de parto. Levamos muito a sério o isolamento social e ainda levamos. Nesse período precisei ser resiliente, ter muita paciência e força. Quem têm filhos pequenos sabe que não é fácil. Estávamos vivendo no mundo… o Ben até nosso retorno ao Brasil já tinha pego 70 voos. E de repente estávamos ‘presos’, sem poder sair. Sem poder receber visitas. O Ben ficou 9 meses sem ter contato com nenhuma criança. Eu chorava à noite escondida de todos, porque eu sabia o quanto seria importante ele ver as pessoas, mas precisei ser forte. O vírus poderia estar em uma única saída. A quarentena me fez me transformar muito. Me senti fraca, mas me senti muito forte. Tenho certeza que a pandemia transformou muitas pessoas e que hoje pensar no coletivo faz a diferença”.
Pati tem exercitado um olhar voltado para as necessidades das crianças, para que se construa um mundo melhor por elas e a partir delas . “Espero poder trabalhar cada vez mais com a maternidade e o público infantil. É um mundo que amo e tenho muito prazer em compartilhar experiências. Com os meus filhos, por exemplo, insiro os hábitos alimentares saudáveis desde sempre, é nosso estilo de vida e acho importante poder hoje dividir com quem me acompanha. Tento dar dicas simples dos alimentos, de receitas para fazer em família, o que também está no método Montesori que eu sigo por aqui”. E anuncia: “Tenho um livro para lançar e um documentário que vai contar um pouco dessa nossa jornada, e pretendo me associar a marcas engajadas para que juntos possamos levar mensagens de preservação, cuidados e respeito ao nosso planeta”.
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