Depois de lançar Paradinha, Anitta trouxe outras duas poderosas para reforçar o time de bailarinas, Thais Carla e Tatiana Lima. Algo normal como uma contratação, chamou a atenção do mundo artístico e o público por se tratar de mulheres tamanho plus size. Tradicionalmente, o que se vê são mulheres magras dançando ao lado de cantores, mas a carioca resolveu fazer diferente e abrir espaço para pessoas que normalmente sofrem preconceitos no meio. Superar estes e muitos outros julgamentos foi o que Thais Carla fez ao longo de toda a sua vida, sempre esbanjando um sorriso no rosto. Começou as aulas de coreografia muito nova para emagrecer, mas continuou por paixão. Apesar de já ter pensando em desistir, foram as críticas que a fizeram seguir em frente e apostar na carreira. A mãe da pequena Maria Clara já passou por quase todas as emissoras participando de mais de dez programas. Até hoje, precisa lidar com haters na internet e bailarinos no meio que não aceitam sua ascensão. Depois que entrou para o time de poderosas, a bailarina afirma que deixou de ser tratada como uma gorda para ser respeitada pela qualidade de seu trabalho. Atualmente, recebe mensagens diárias nas redes sociais pedindo conselhos de como ser feliz sem se importar com o peso ou a forma física. A dançarina se tornou exemplo de superação. “Não importa como sou, o meu talento sempre deve prevalecer. Desde os meus 17 anos, vivo da minha parte artística, mas nunca tive tanta visibilidade e reconhecimento como estou tendo com a Anitta. Me sinto muito realizada, a minha vida é uma caixa de surpresa. Quando as pessoas me perguntam qual o meu sonho, nunca sei o que dizer. O que sempre quis era dançar e, agora, vivo disso. Então, o que me resta é a aproveitar até Deus permitir. Trabalhar com ela, uma pessoa que alcança todo o país e o exterior, foi uma surpresa”, garante Thais em conversa com o site HT.
https://www.youtube.com/watch?v=_nNtaJELkX4
Site Heloisa Tolipan: Dança sempre foi o seu sonho, mas foi um desafio escolher esta profissão?
Thais Carla: Todo o dia é desafiante. Dar entrevistas mostrado e falando abertamente quem e o que sou. Quem cuida da minha filha, praticamente, é a minha mãe porque estou sempre trabalhando. Até hoje existem pessoas que não aprovam a ascensão da minha carreira.
HT: O fato de você estar fazendo o que ama, acha que a sua carreira é uma fonte de inspiração das pessoas plus size que vivem o preconceito na pele?
TC: Recebo muitas mensagens de meninas magras dizendo que não se aceitam, por incrível que pareça. Ao verem minha felicidade, buscam entender como consigo ser assim. As pessoas precisam entender que dessa vida nós não levamos nada. Tudo acaba. Se vivermos em função da beleza não vamos, de fato, viver. No entanto, eu não vendo a gordura, quero que a galera tenha autoestima e auto aceitação. A felicidade existe dentro de cada um. Não preciso ter a melhor roupa, viver em uma casa luxuosa, ser casada com um homem lindo ou ter um rosto de princesa para ser feliz.
HT: Acha que as pessoas lutam para ser aceitas pela sociedade e esquecem de se amar?
TC: Se eu não me acho linda, ninguém vai achar. Não adianta buscar a perfeição se ela não existe. Alguns gordos são realmente infelizes com o peso e acho que quem pode mudar isso são eles mesmos. As pessoas têm problema com quem gosta de si mesmo.
HT: Atualmente, você tem uma carreira muito bem-sucedida, mas para isso precisou enfrentar muitos preconceitos. Como começou esta paixão que te motivou a continuar?
TC: Comecei a dançar com 4 anos porque minha mãe estava preocupada com a minha saúde e queria que eu emagrecesse. Mesmo não diminuindo o peso, continuei a praticar o esporte até porque sempre gostei de ver minha irmã fazendo. Quando fiz 13 anos decidi que faria daquela paixão o meu hobbie.
HT: Durante todos estes anos, teve algum momento em que cogitou para de dançar por sofrer algum tipo de preconceito?
TC: Participei de um festival e durante a minha apresentação quebrei uma cadeira. As pessoas usaram aquilo como motivo de deboche. Fiquei muito chateada, mas este momento é que me fez reagir. Decidi que iria enfrentar tudo aquilo, seria gorda e dançarina. No ano seguinte, com cerca de 15 anos, fui a um outro concurso e ganhei como melhor bailarina.
HT: Ao passar por tantas coisas, em algum momento da sua vida tentou se boicotar? Fazer coisas que iam além do seu alcance para ser aceita pelos outros?
TC: Já fiz dietas malucas e tomei remédio para tentar emagrecer, porém nunca tive nenhum distúrbio alimentar. Acredito que meu destino sempre foi ser como sou. Quando perdia alguns quilos, eu não curtia, sempre engordava tudo de novo. Nunca tive um professor que me estimulou a continuar do jeito que estou, se dependesse dos comentários deles, eu não estaria em lugar nenhum. Depois que participei do programa do Faustão, percebi que deveria ser assim e deixei de tentar.
HT: Já participou do Faustão e do Legendários. Desde o início da sua carreira, você esteve nas telinhas em programas de TV. Qual o processo foi submetida para poder entrar para os canais?
Sempre tive uma estrutura familiar maravilhosa que me estimulava a nunca parar. A minha irmã gravou um vídeo meu dançando e levou a fita escondida para um grupo televisivo. Acabei passando e entrei para o corpo do show. Desde então participei de doze programas, fui em todas as emissoras, praticamente. Rodei muito.
https://www.youtube.com/watch?v=TGBf69Jfk5I
HT: Como começou a parceria com a Anitta? Já a conhecia antes?
TC: Participei de um programa chamado Além Do Peso, porque queria ficar mais magra para poder ter minha filha. Com a chegada dela, fiquei um ano sem me dedicar a carreira para cuidar dela. No entanto, quando estava grávida de cinco meses resolvi sair um pouco de casa para dançar com a Anitta no Criança Esperança. Conheci, neste dia, a coreografa dela e acabamos nos tornando colegas de trabalho. Um tempo depois, ela me contou que a Anitta queria incluir duas bailarinas plus size no seu grupo e resolvi aceitar o convite. Chamei uma amiga para fazer o teste e entramos.
HT: Você tem acumulado seguidores nas redes sociais que apoiam o seu trabalho. Acha que existe uma divisão na sua carreira com um antes e depois da Anitta?
TC: Antes, eu era apenas uma gordinha que dançava em programas de TV. Com ela, as pessoas estão se relacionando comigo de igual para igual. As pessoas estão admiradas como uma mulher com o meu peso pode ser bem-sucedida. Não existe uma diferenciação no grupo por ser gorda.
HT: O aumento da visibilidade é uma faca de dois gumes, tem o lado bom e o lado ruim. Existem muitos haters na internet que não aprovam você estar no grupo da Anitta?
TC: Já li muita coisa ruim como “ela dança, mas o que importa é a saúde. Depois morre e não sabe por que”, “você precisa emagrecer, sua rolha de poço” ou “a cantora botou ela como bailarina para aparecer mais na mídia”. Busco ignorar tudo isso porque senão não vou ser quem quero. Pessoas fora do padrão assustam os outros. No entanto, existem mais comentários me apoiando do que antes de estar com a Anitta. Acho que a galera está aceitando mais.
HT: Sobre a carreira da cantora, você tinha alguma relação de fã? Gostava do funk dela?
TC: Acho que oitenta por cento das pessoas no Brasil gostam de funk, ninguém reclama quando a batida começa no final da festa. Mas a Anitta já possui um estilo mais voltado para o pop. No entanto, a conheço a figura pública desde o início na Furacao 2000. Adorava as músicas e sempre achei que ela seria diferente.
HT: Agora que aumentou a sua visibilidade, quais são os projetos para este ano?
TC: Vou fazer um workshop de dança, em outubro, para que o público possa entender a energia que ganhamos ao mover o corpo. Dessa forma, pretendo que as pessoas passem a se amar e sintam como a sensação é boa, algo que prego com os meus alunos da academia que montei na Baixada Fluminense.
Artigos relacionados