* Por Heloisa Tolipan e Alexandre Schnabl
A vitória por 2 a 1 sobre a Colômbia classificou o Brasil para a semifinal do Mundial, para encarar a Alemanha, na terça-feira, em Belo Horizonte. E terminou com uma tragédia que deveria parar na polícia ou a Fifa tomar imediatamente sérias providências: Neymar está fora da Copa. Segundo os jornais, a mais séria das punições do lateral colombiano Zuñiga é o mínimo que a Fifa deveria fazer. Aos 41 minutos do segundo tempo, após cobrança de escanteio da Colômbia, Neymar pegou a bola e foi acertado pelo oponente por uma joelhada nas costas. Sofreu uma fratura na terceira vértebra lombar e saiu de campo em uma maca, chorando muito. O juiz só ameaçou apitar falta, mas não o fez e não deu cartão para o colombiano. Só para lembrar, a Fifa puniu o uruguaio Luíz Suárez que mordeu um jogador italiano com suspensão por meses. Um avião particular foi solicitado para levar Neymar ao hospital, mas o jogador insistia que queria ficar ao lado dos colegas e se recuperar na Granja Comary, em Teresópolis.
O médico da Seleção, Rodrigo Lasmar, disse ao Sportv: “O exame de tomografia computadorizada mostrou uma fratura no processo transverso na terceira vértebra lombar, uma fratura na região da coluna. Não é uma fratura grave, mas limita os movimentos. Ele vai sentir dor, precisa de imobilização com uma cinta lombar e não terá condições de jogar.
Fonte: Instagram Oficial Bruna Marquezine
A baixa sofrida pela Seleção Brasileira no jogo deste sábado possibilita um momento de reflexão. O joelhaço nas costas que nocauteou o craque Neymar e que provavelmente o deixará de fora dos próximos jogos da Copa do Mundo é equivalente a um golpe de clava desferido contra um gladiador na arena do Coliseu no antigo Império Romano, onde o vale-tudo era capaz de levar à morte até mesmo os mais destemidos heróis do povo. Afinal, estar fora da competição, mesmo que a fratura na vértebra não tenha consequências maiores, é comparável à morte súbita, já que, em caso de Brasil campeão, o jogador talvez não esteja no pódio na hora de levar a estatueta.
No nosso país, muito se compara os jogos de futebol – sobretudo em campeonatos mundiais – ao sistema de pão e circo promovido pelos governantes romanos, que distraíam as massas promovendo todo tipo de divertimento macabro nas arenas com o intuito de entreter plateias e, ao fornecer diversão barata, manipular a opinião pública ao seu bel prazer. Naturalmente, esse tipo de pensamento se equipara à mesquinha manipulação de interesses da classe política nacional às manobras que os patrícios romanos – imperador à frente – faziam para obter mais facilmente as vantagens pretendidas junto à plebe ignara, ávida por saciar seu apetite na base do pão e a fome do espírito através de toda sorte de atrocidades catárticas, desde sangrentas lutas entre gladiadores até a espetaculosa imolação de inocentes às vistas do povo, em execuções sanguinárias. Em Roma, chegava-se ao requinte de encher o Coliseu de água e pôr grupos de gladiadores em balsas, para que fossem simuladas batalhas navais – as naumaquias. Obviamente, conforme os adversários eram abatidos, o mar artificial ia se manchando de sangue e adquirindo uma curiosa coloração rosácea. Colorido, aliás, que poderá ser usado pelo governo na hora de usar este infeliz incidente esportivo.
Senão vejamos: a desastrosa iniciativa do jogador colombiano Zuñiga, artífice do golpe covarde contra Neymar, chega a ser um baque ao governo da presidente Dilma Rousseff, que conta com a vitória brasileira na Copa para facilitar a reeleição presidencial em outubro.
De qualquer forma, uma coisa é fato: se em Roma, mesmo com todo tipo de artifício manipulador, os gladiadores eram heróis de fato, independente de serem usados pelo Império como marionetes, Neymar e os jogadores da seleção canarinho também são, em si mesmos, genuínos agentes da alegria popular, não sendo diretamente responsáveis por nenhuma mazela política, mas somente pela arte e técnica que detêm nos pés. Por isso, resta agora torcer pelo craque de penteados divertidos, olhar de garoto, ginga no gramado e talento de corpo e alma. Obviamente, trata-se de uma tremenda injustiça – não só para ele, que possivelmente precisará se abster de jogar nesta Copa, mas para todos os brasileiros que não podem agora contar com sua capacidade em campo. Resta agora torcer e, ainda, pedir para Bruna Marquezine que reerga nosso imbatível gladiador.
Fonte: Instagram Oficial Neymar
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