Thiago Lacerda é, definitivamente, um colecionador heróis em sua carreira. O ator, de 38 anos, que ganhou destaque na telinha como Matteo, de “Terra Nostra”, já interpretou diversas figuras notáveis da nossa história como Jesus Cristo, na encenação da “Paixão de Cristo”, Giuseppe Garibaldi, na minissérie “A Casa das Sete Mulheres” e o capitão Rodrigo Cambará, no filme “O Tempo e o Vento”. Recentemente, Thiago retornou à dramaturgia com mais um ídolo nacional: Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, em “Liberdade, Liberdade”, da Rede Globo.
Apesar da breve participação – seu personagem é enforcado no primeiro capítulo da trama -, mas notória, o galã conta que é preciso sempre tocar nas feridas da sociedade. “Foi um privilégio enorme. A gente não pode ter medo de falar desses assuntos delicados. Pelo o que vi, a repercussão foi impressionante. A gente conseguiu acrescentar a essa discussão à ideia de que todas as pessoas que lutaram verdadeiramente em prol da igualdade e da liberdade são absurdamente perseguidas e massacradas. São expostas à execração pública como se fossem loucos”, contou.
Na preparação para o personagem, Thiago mergulhou nos mistérios que permeiam a história da Inconfidência Mineira, mas revela que, apesar da dualidade que ronda a integridade do ativista, tentou se distanciar de pontos de vista mais extremos. “Eu, particularmente, acho uma pena que seja só um capítulo. Acho que seria muito interessante que a gente tivesse, pelo menos, mais dois ou três nesse clima de conspiração. A gente fez questão de tentar encontrar uma figura que não está contida nos livros de história, investigar quem foi esse homem controverso e, muitas vezes, questionável”, disse o ator, que ainda fez uma comparação com o nosso atual sistema político. “O que mais me surpreendeu foi a ideia de que era um homem ingênuo, que lutava por liberdade. Essas vítimas do discurso manipulador, sabe? A gente vive isso até hoje. É o vil metal que comanda essa bagunça toda que já aconteceu no passado e vivemos até hoje”, analisou.
Entre o movimento de impeachment e a galera do “não vai ter golpe”, o ator não levanta bandeira, mas garante que a discussão é fundamental. “A verdade é que falar sobre política é importante e necessário. Somos uma democracia jovem. Toda vez que tivermos a oportunidade de jogar uma luz sobre assuntos como liberdade, justiça, direitos iguais e sustentabilidade será fundamental. Meu discurso não é partidário, é cidadão”, disse.
No teatro, Thiago Lacerda, que já viveu Hamlet nos palcos, planeja voltar a São Paulo com o projeto Repertório Shakespeare, após temporada no Rio. O projeto consiste na montagem de dois clássicos do bardo inglês, a tragédia “Macbeth” e a comédia “Medida por Medida”. Uma peça seguida da outra. Na companhia de Giulia Gam, o elenco ainda conta com os atores Ana Kutner, André Hendges, Fábio Takeo, Felipe Martins, Lourival Prudêncio, Lui Vizotto, Luisa Thiré, Marco Antônio Pâmio, Marcos Suchara, Rafael Losso, Stella de Paula e Sylvio Zilber.
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