Tchello 11-11: ex-baixista dos Detonautas mergulha em novo projeto e mostra verve fotógrafo em ensaio exclusivo, em Punta!

Viver de música e das mais diversas artes com coragem e força de vontade. Foi o que senti pulsar nas veias de Tchello 11-11 durante nossa viagem a Punta del Este, na qual o músico e a namorada, a atriz Nathália Rodrigues, dividiram diversos momentos incríveis com um grupo de novos amigos à convite do Conrad Resort & Casino. Aqueles dias marcavam uma nova etapa na vida do músico que acabava de deixar a banda Detonautas, na qual foi baixista durante 17 anos, para mergulhar de vez em seu Projeto 11-11, banda que mantém com amigos há quatro anos. Nas horas vagas, Tchello é fotógrafo e assina este lindo ensaio que mostro com exclusividade para vocês. Entre um papo e outro, ele falou sobre os novos rumos, abordou a questão do download gratuito na internet e citou alguns novos nomes da música que estão dando o que falar. Confira:

HT – O que vai ficar de positivo de aprendizado pela dor com a saída dos Detonautas?

Tchello 11-11 – Depois de quase 17 anos na estrada da música, viajando por todo o Brasil, levando o rock nacional até para outros continentes, desvendando mistérios do underground, do mainstream, conhecendo gente de todas as artes, educações, criações e culturas distintas, aprendendo a abusar da arte da imagem, fotografando, dirigindo videoclipes, registrando cada detalhe que me saltava aos olhos, observando o comportamento humano, posso dizer que o que fica de positivo é uma belíssima experiência de vida, de onde extraio o lado bom, que pretendo levar para os próximos 17 anos em diante. E, assim, com leveza, poder desenvolver o estudo mais profundo, tanto na música quanto na imagem, sempre respeitando o ser humano e suas diferenças.

HT – Dá para se viver de música nesse país?

Tchello 11-11 – Sim, da para viver de música nesse país, porém você precisa ter coragem e muita força de vontade.

HT – Os rumos à frente da nova banda

Tchello 11-11 – Na verdade a minha ‘nova banda’ o “Projeto 11-11” já existe há pelo menos quatro anos, porém, de um ano pra cá começamos a gravar, fazer shows, o que nos levou a participar de programas de TV aberta, como Jô Soares, e alguns outros na TV fechada que repercutiram positivamente para o crescimento do Projeto. O 11-11 começou criando música própria em inglês, mas esse tipo de música no Brasil ainda é tocado nos guetos, assim, frequentando grandes festivais de rock ao longo dos anos, pude perceber que o que empolga de verdade o público nos shows são as músicas conhecidas!! Não tem como fugir disso!! Assim, o 11-11 começou a criar mash ups. Desconstruindo e construindo novamente alguns clássicos antigos e misturamos com o novo rock mundial, criamos um trabalho ousado e bastante inovador, já que não disparamos nenhum elemento eletrônico. Só ouvindo para entender essa missão. E mais do que isso, somos um grupo de grandes amigos que possuem uma energia similar de gosto musical e convivência. São artistas que valorizam o diálogo e a troca de aprendizados, onde todos se respeitam como músicos e principalmente como seres humanos. Isso é fundamental para que exista o prazer em construir um lindo trabalho juntos! Trabalho capaz de emocionar aqueles que cruzam nosso caminho, conhecem nossa alma e escutam a nossa música. E assim pretendemos seguir, criando e expandindo cada vez mais nossos horizontes a fim de alcançar o maior número de pessoas e trazê-las para essa energia do bem através da nossa arte livre. Quem quiser conhecer mais de perto entra no nosso site: www.projeto1111.com.br

HT – Como analisa os caminhos do mercado fonográfico? Se os downloads gratuitos estão à toda na web o que será do CD? Não há mais prazer de se ter um CD ou um vinil na estante?

Tchello 11-11 – Com a chegada da internet, o acesso não só das músicas, mas tudo quanto é tipo de informação se tornou muito simples, muito fácil. Já evoluímos muito na questão da legalização dos downloads, porém ainda existe muita coisa para ser discutida e ajustada. Enquanto isso, o mercado negro da música virtual segue firme e forte de um lado para o outro, abalando de fato a comercialização dos CD’s com encarte e praticamente excluindo a poesia dos vinis. Ou seja, hoje em dia a maioria das pessoas vai direto ao assunto, a música, apenas. Evolução ou revolução?

HT – Quem são os nomes da nova geração de músicos que, na sua opinião, devemos ficar alertas por fazer um bom trabalho?

Tchello 11-11 –  Das bandas que passam por mim na atualidade, posso destacar bandas como Medulla, o Clashing Clouds, Playmobille, Amálgama e artistas solos como Luís Kiari, Mayam Rondilhano, Leandro Leo, Mariana Volker, Polyanna Alves e Thiago Veloso. Enfim, está cheio de gente bacana pelo Brasil, fazendo boa música. Artistas talentosos que realmente se importam mais com a arte do que a fama.

Fotos: Tchello 11-11