Tânia Mara: no Janeiro Branco, campanha que alerta sobre saúde mental, cantora revela experiência com a depressão


Após o desabafo de Felipe Neto sobre uma nova crise de depressão, e no mês que marca a campanha de conscientização sobre a importância de se tratar os distúrbios da mente, o Janeiro Branco, convidamos a psicóloga Maria Rafart para falar sobre o tema e ouvimos a cantora Tânia Mara sobre a experiência que teve com a depressão. “Na época do nascimento de minha filha, Maysa, sentia um desânimo e uma tristeza muito grandes, em um dos momentos mais felizes e incríveis da minha vida. Me sentia estranha com o meu corpo, também tinha a novidade da maternidade, das noites em claro, das dificuldades para amamentar. Mas comecei a estranhar a questão de tanta falta de ânimo. Essa tristeza profunda e insatisfação meio que não combinavam. Foi preciso ajuda”, revela a cantora, que, meses antes da pandemia, descobriu ter artrite psoriática, uma doença autoimune, que mudou seu modo de encarar a vida. “É a psoríase nas articulações. Muitas vezes, surge por conta do lado emocional”, pontua

*Por Brunna Condini

Que 2022 seja mais leve e traga a cura de tantos males que afligem a humanidade. Ou que pelo menos seja mais um bom caminho andado rumo a isso, não é mesmo? E toma-lhe esperança para nos abastecermos e coragem para os dias que virão. Ainda mais se pensarmos nas perdas destes quase dois anos de pandemia e no quanto estamos mundialmente exaustos. Mais do que nunca, saúde é o que interessa! Fundamental para vivermos bem, tanto física, quanto mentalmente. E de olho nisso, janeiro traz com ele uma campanha importante: o Janeiro Branco. Criado em 2014, este ano o movimento chega à sua 9ª edição e faz um alerta à humanidade: em tempos de pandemia ‘infindável’, de crises sanitárias, sociais, políticas, ecológicas e econômicas em escala global, é urgente olhar para a saúde mental com a atenção que ela merece.

Assim como o youtuber Felipe Neto dividiu com seus seguidores, no sábado, sua experiência de uma nova crise de depressão – o primeiro diagnóstico foi em 2010 -, e fez questão de salientar que compartilha sua vivência com o objetivo de chamar atenção das pessoas para que busquem ajuda, se estiverem passando pelo mesmo, a cantora Tânia Mara também só agora revelou a experiência pessoal com a depressão depois do nascimento da filha, Maysa, e os reflexos, inclusive, anos depois, quando descobriu em 2019 ter artrite psoriática, uma doença autoimune, que mudou seu modo de encarar a vida. “É a psoríase nas articulações. Muitas vezes, surge por conta do lado emocional. Enquanto estava nos Estados Unidos, peguei três meses muito frio, perdi o equilíbrio, tive uma dor maior, sofri muito. Então, hoje, tomo altas doses de vitamina D e me exercito, mas não com a mesma intensidade. É um problema articular, se não trata você vai perdendo os movimentos. Já tive crise de não conseguir descer escada”, nos contou no início da pandemia, revelando ainda que a filha também enfrentou uma síndrome do pânico.

Felipe Neto dividiu com seguidores sua experiência com a depressão, diagnosticada em 2010, e relatou recentemente nova crise (Reprodução)

Felipe Neto dividiu com seguidores sua experiência com a depressão, diagnosticada em 2010, e relatou recentemente nova crise (Reprodução)

Somos corpo e mente e buscar o bem-estar dos dois faz diferença para viver com mais plenitude. A psicóloga Maria Rafart esclarece pontos importantes, ressaltando que a pandemia, apesar de todos os males, fez as pessoas se sentirem mais acolhidas, e portanto, terem menos vergonha de dizer que sofrem de algum distúrbio mental. “Quando alguém muito conhecido, da envergadura de um Felipe Neto (ou Alok Padre Marcelo Rossi), se revela portador de um transtorno depressivo, a sociedade compreende isso como um sinal de que as coisas não são bem assim, e que estamos diante de uma doença que pode afetar qualquer um. Vejo de forma muito positiva esse movimento para desmistificar a doença mental e tirá-la do lugar de ‘maldita’, para um lugar de uma doença como outra qualquer”, pontua a especialista.

“Pessoas deprimidas têm uma tristeza maior do que os fatos que as rodeiam, segundo a psicologia cognitiva. Trata-se de uma tríade: a pessoa tem ideias negativas sobre si mesma, sobre o mundo que a rodeia, e sobre seu futuro. Ideações suicidas também acontecem nos casos mais graves. É importante que, na presença de muitas ideias negativas e de uma espécie de tristeza que não passa, procure-se ajuda profissional: um psicólogo ou um psiquiatra podem orientar no diagnóstico e na cura. Sim, depressão tem cura e controle”.

A cantora Tânia Mara compartilha sua experiência com uma depressão pós-parto depois do nascimento da única filha, Maysa (Divulgação)

A cantora Tânia Mara compartilha sua experiência com uma depressão pós-parto depois do nascimento da única filha, Maysa (Divulgação)

A tristeza no meio do caminho do momento mais feliz

Aos 38 anos, a cantora e compositora Tânia Mara, é mãe de Maysa, fruto do seu casamento de 12 com o diretor Jayme Monjardim, que chegou ao fim em 2019. A artista conta que após o nascimento da filha teve que lidar com a depressão. “Eu vinha com sintomas, até que uma amiga, a Leila do Vôlei (Leila Barros), esteve comigo e indicou uma endocrinologista, achando que eu pudesse estar com problemas hormonais. Até porque também estava com dificuldades para emagrecer. Minha autoestima ficou abalada durante a gravidez e após. Fiz vários exames e foi detectada a depressão pós-parto. Comecei então o tratamento que incluiu terapia e reposição hormonal”, recorda. “Sentia um desânimo e uma tristeza muito grandes, em um dos momentos mais felizes e incríveis da minha vida. Me sentia estranha com o meu corpo, também tinha a novidade da maternidade, das noites em claro, das dificuldades para amamentar. Mas comecei a estranhar a questão de tanta falta de ânimo. Até porque tive uma gravidez saudável, feliz. Eu treinava, fazia dança, pilates. Essa tristeza profunda e insatisfação meio que não combinavam”.

A cantora reforça que o acolhimento e a compressão de quem cerca alguém deprimido são fundamentais. “A depressão não afetou minha relação familiar, porque somos muito unidos e tive muito apoio. Também tentamos tratar tudo sem tanto peso. Assim que fui diagnosticada quis resolver, fui fazer o tratamento, terapia, me amparei na fé, nas orações. E também no carinho, compreensão e paciência da minha família”, diz Tânia Mara.

"Claro que sou humana, imperfeita e tenho meus momentos, mas hoje me sinto fortalecida, por tudo que passei e busquei para superar" (Divulgação)

“Claro que sou humana, imperfeita e tenho meus momentos, mas hoje me sinto fortalecida, por tudo que passei e busquei para superar” (Divulgação)

“A minha prioridade hoje é a questão mental, espiritual e depois vem a física. Tive uma fase muito vaidosa, que me cobrava demais em ter um corpo perfeito, mas não penso mais assim. Tenho trabalhado de dentro para fora e isso tem repercutido no meu físico. Seja através da espiritualidade, da terapia, que faço até hoje, dos exercícios físicos, além da música, que é terapêutica para mim, desde sempre. É alimento para a minha alma. Também assisto palestras que falem da questão do autocuidado, autoconhecimento. E criei uma consciência alimentar maior, tudo isso tem me dado mais equilíbrio, Claro que sou humana, imperfeita e tenho meus momentos, mas hoje me sinto fortalecida, por tudo que passei e busquei para superar. Fiz tudo sem me sentir culpada ou preocupada com o julgamento das pessoas. E sim, me abraçando, compreendendo, amando e cuidando”.