*Por Brunna Condini
Que 2022 seja mais leve e traga a cura de tantos males que afligem a humanidade. Ou que pelo menos seja mais um bom caminho andado rumo a isso, não é mesmo? E toma-lhe esperança para nos abastecermos e coragem para os dias que virão. Ainda mais se pensarmos nas perdas destes quase dois anos de pandemia e no quanto estamos mundialmente exaustos. Mais do que nunca, saúde é o que interessa! Fundamental para vivermos bem, tanto física, quanto mentalmente. E de olho nisso, janeiro traz com ele uma campanha importante: o Janeiro Branco. Criado em 2014, este ano o movimento chega à sua 9ª edição e faz um alerta à humanidade: em tempos de pandemia ‘infindável’, de crises sanitárias, sociais, políticas, ecológicas e econômicas em escala global, é urgente olhar para a saúde mental com a atenção que ela merece.
Assim como o youtuber Felipe Neto dividiu com seus seguidores, no sábado, sua experiência de uma nova crise de depressão – o primeiro diagnóstico foi em 2010 -, e fez questão de salientar que compartilha sua vivência com o objetivo de chamar atenção das pessoas para que busquem ajuda, se estiverem passando pelo mesmo, a cantora Tânia Mara também só agora revelou a experiência pessoal com a depressão depois do nascimento da filha, Maysa, e os reflexos, inclusive, anos depois, quando descobriu em 2019 ter artrite psoriática, uma doença autoimune, que mudou seu modo de encarar a vida. “É a psoríase nas articulações. Muitas vezes, surge por conta do lado emocional. Enquanto estava nos Estados Unidos, peguei três meses muito frio, perdi o equilíbrio, tive uma dor maior, sofri muito. Então, hoje, tomo altas doses de vitamina D e me exercito, mas não com a mesma intensidade. É um problema articular, se não trata você vai perdendo os movimentos. Já tive crise de não conseguir descer escada”, nos contou no início da pandemia, revelando ainda que a filha também enfrentou uma síndrome do pânico.
Somos corpo e mente e buscar o bem-estar dos dois faz diferença para viver com mais plenitude. A psicóloga Maria Rafart esclarece pontos importantes, ressaltando que a pandemia, apesar de todos os males, fez as pessoas se sentirem mais acolhidas, e portanto, terem menos vergonha de dizer que sofrem de algum distúrbio mental. “Quando alguém muito conhecido, da envergadura de um Felipe Neto (ou Alok e Padre Marcelo Rossi), se revela portador de um transtorno depressivo, a sociedade compreende isso como um sinal de que as coisas não são bem assim, e que estamos diante de uma doença que pode afetar qualquer um. Vejo de forma muito positiva esse movimento para desmistificar a doença mental e tirá-la do lugar de ‘maldita’, para um lugar de uma doença como outra qualquer”, pontua a especialista.
“Pessoas deprimidas têm uma tristeza maior do que os fatos que as rodeiam, segundo a psicologia cognitiva. Trata-se de uma tríade: a pessoa tem ideias negativas sobre si mesma, sobre o mundo que a rodeia, e sobre seu futuro. Ideações suicidas também acontecem nos casos mais graves. É importante que, na presença de muitas ideias negativas e de uma espécie de tristeza que não passa, procure-se ajuda profissional: um psicólogo ou um psiquiatra podem orientar no diagnóstico e na cura. Sim, depressão tem cura e controle”.
A tristeza no meio do caminho do momento mais feliz
Aos 38 anos, a cantora e compositora Tânia Mara, é mãe de Maysa, fruto do seu casamento de 12 com o diretor Jayme Monjardim, que chegou ao fim em 2019. A artista conta que após o nascimento da filha teve que lidar com a depressão. “Eu vinha com sintomas, até que uma amiga, a Leila do Vôlei (Leila Barros), esteve comigo e indicou uma endocrinologista, achando que eu pudesse estar com problemas hormonais. Até porque também estava com dificuldades para emagrecer. Minha autoestima ficou abalada durante a gravidez e após. Fiz vários exames e foi detectada a depressão pós-parto. Comecei então o tratamento que incluiu terapia e reposição hormonal”, recorda. “Sentia um desânimo e uma tristeza muito grandes, em um dos momentos mais felizes e incríveis da minha vida. Me sentia estranha com o meu corpo, também tinha a novidade da maternidade, das noites em claro, das dificuldades para amamentar. Mas comecei a estranhar a questão de tanta falta de ânimo. Até porque tive uma gravidez saudável, feliz. Eu treinava, fazia dança, pilates. Essa tristeza profunda e insatisfação meio que não combinavam”.
A cantora reforça que o acolhimento e a compressão de quem cerca alguém deprimido são fundamentais. “A depressão não afetou minha relação familiar, porque somos muito unidos e tive muito apoio. Também tentamos tratar tudo sem tanto peso. Assim que fui diagnosticada quis resolver, fui fazer o tratamento, terapia, me amparei na fé, nas orações. E também no carinho, compreensão e paciência da minha família”, diz Tânia Mara.
“A minha prioridade hoje é a questão mental, espiritual e depois vem a física. Tive uma fase muito vaidosa, que me cobrava demais em ter um corpo perfeito, mas não penso mais assim. Tenho trabalhado de dentro para fora e isso tem repercutido no meu físico. Seja através da espiritualidade, da terapia, que faço até hoje, dos exercícios físicos, além da música, que é terapêutica para mim, desde sempre. É alimento para a minha alma. Também assisto palestras que falem da questão do autocuidado, autoconhecimento. E criei uma consciência alimentar maior, tudo isso tem me dado mais equilíbrio, Claro que sou humana, imperfeita e tenho meus momentos, mas hoje me sinto fortalecida, por tudo que passei e busquei para superar. Fiz tudo sem me sentir culpada ou preocupada com o julgamento das pessoas. E sim, me abraçando, compreendendo, amando e cuidando”.
Artigos relacionados