*Por Brunna Condini
O mundo não é mais o mesmo. A pandemia do novo coronavírus vem testando a humanidade e desafiando a ciência. No meio de tanta crise e dor, nos resta tentar viver da melhor forma possível, fazendo a nossa parte, ter empatia e evitar a propagação do vírus. Mas já é um fato hoje, que nada mais será como antes. E quando no seu microuniverso nada mais será igual também? E quando isso é algo maravilhoso? São esses questionamentos e muitos outros que Talita Younan tem vivido. A atriz de 28 anos, que esteve recentemente no ar na reprise de Malhação-Viva a diferença, descobriu a gravidez de Isabel, de 2 meses, em plena pandemia no ano passado, e deu à luz à sua primeira filha com o cineasta João Gomez, filho da atriz Regina Duarte, em janeiro.
“Foi um susto! Com a primeira gravidez já é tudo novo e estávamos vivendo também um momento inédito para a humanidade, ninguém sabia como ia ser. Já estava me cuidando muito por conta da pandemia. A gente quase não saia de casa”, recorda. “Quando a Isabel nasceu, a nossa família que veio visitá-la precisou fazer uma quarentena antes. Quem tem bebê em casa deve se cuidar ainda mais. Ficamos sempre em estado de alerta. Limpamos tudo, como acho que a maioria está fazendo, mas com uma neném tudo fica mais tenso. É um serzinho tão indefeso! Ela ainda estava sem vacina até um tempo atrás. Temos feito, inclusive, consultas online e as vacinas ela tomou em casa. A ideia é a segurança geral mesmo. Cuidado nunca é demais”.
Sensível. Leoa. Inspirada. É como Talita se sente com a maternidade. Ela tem esbanjado felicidade com seu momento particular, curtindo cada etapa e descobertas, mas admite que viver um puerpério neste mundo com tanta tensão não é tarefa fácil. Muito chegada à família e aos amigos, ela salienta que uma das coisas que este período ‘tira’ de quem gera uma nova vida, é a possibilidade de partilhar esse amor de pertinho. “É difícil, emocionalmente falando, querer estar junto das pessoas neste momento especial e não poder. Queria ter viajado para minha cidade (Presidente Prudente, em São Paulo), ficado mais perto das minhas amigas. Mas não deu. Tem gente da família e amigas que ainda não conhecem a Bebel. A gente imagina um momento social quando um filho nasce, mas não rolou. Claro que sei que sou privilegiada, estamos todos bem e com saúde. Por isso, já sou grata a Deus todos os dias. Isso é o que é importante de verdade no momento”.
Amor com bênçãos
Ela e João estão juntos desde o fim de 2019 e se casaram no civil em outubro de 2020, mas a atriz confessa que, apesar disso, ainda sonha com uma cerimônia religiosa e celebração. “Casamos no meio da pandemia , né? Foi só a ida ao cartório e assinar a papelada. Para concretizar nosso amor. Estávamos com amor demais e queríamos viver isso também. Mas temos vontade de fazer uma cerimônia religiosa para amigos e família próxima. Tenho um relacionamento grande com Deus, então quero muito ter alguém ali para oficializar essa relação eu, João e Deus. Quero muito mesmo que Ele assine embaixo. Mas nada para agora, claro”, revela. “A ideia também é a Bebel estar maior para entrar com os meninos (Antonio, 5, e João Gabriel, 6, filhos do cineasta com a atriz Regiane Alves), em uma cerimônia linda, tradicional e tal. Quem sabe daqui um ano ou dois?”.
Talita nunca escondeu que gostaria de ter uma família grande. Ainda é um desejo? “Sempre quis ter vários filhos, mas como o João já tem dois, hoje fico na dúvida. Para ele, são três filhos, e os meninos também ficam bastante com a gente. É lindo ver essa relação que eles estão construindo com a irmãzinha. Então, fico pensando, será que só mais um (risos)? Ainda estamos na dúvida. Se tivermos, vai ser daqui há uns quatro, cinco anos, com os outros filhos já maiores. Não é um plano a curto prazo”.
A atriz comenta ainda sobre a convivência com a sogra e a cunhada famosas, as atrizes Regina e Gabriela Duarte. “Elas são muito babonas. Mando fotos e vídeos todo dia. Isso quando não estão aqui em casa. Elas também são mães, além de tudo, então trocamos muito mesmo. Ouço muito o que dizem, o que minha mãe diz, porque são mulheres que admiro. Amo e sei que tudo que falam é para o meu bem e da nossa garotinha. Então tem sido muito bom tê-las por perto”, pontua.
Puerpério com amor, mas sem fantasia
Êxtase, reconhecimento, amor incondicional, uma avalanche hormonal e uma rotina totalmente nova e intensa com um bebê. O puerpério é um período de natural recolhimento, mas com a Covid-19 tem sido também de isolamento. Você tem mostrado constantemente nas redes sua felicidade com a chegada da pequena. Mas o que falam pouco sobre viver um puerpério neste período e você gostaria de desabafar ou dividir? “É realmente uma felicidade imensa, inexplicável. Agradeço todo dia. Tive uma gestação tranquila, minha filha nasceu com saúde, estamos a salvo, bem. Ter um serzinho que depende de você, que é metade você, metade o amor da sua vida, é demais. Mas realmente o puerpério não é fácil. É um período cansativo, de adaptações, você não sabe reagir a muitas coisas, principalmente as mães de primeira viagem, como eu. Tudo é novo e você se torna uma nova mulher”, compartilha Talita, que conta que tem se dedicado integralmente à filha.
Para além do momento de pandemia que vivemos, a atriz ressalta que o período pós-nascimento de um bebê tem suas ‘dores e delícias’, quando se topa falar de maternidade real. “É maravilhoso, mas claro que têm momentos desesperadores. Como, por exemplo, quando que você já trocou a fralda, já deu de mamar, já viu se está com cólica, calor, frio, e nada resolve. Os primeiros 40 dias são muito cansativos. É fundamental uma rede de apoio grande. Não só do marido, mas da mãe, da sogra, da cunhada, algo que tive e estou tendo”, desabafa.
“O mais difícil de tudo foi a privação do sono. Não dormia nas primeiras semanas praticamente nada, às vezes deitava três horas por dia. Fiquei muito cansada. E teve a amamentação, que é difícil no período de adaptação também. É raro uma mulher passar ilesa por isso. Nos primeiros 15 dias, o peito fica machucado, sentimos muita dor. E já estamos com sono, então acho que os sentimentos ficam todos aflorados. Acredito que por isso se torna um momento difícil, juntam situações novas diversas, complicadas, que pedem aprendizado rápido. Me ajudou ter rede de apoio, a meditação também ajudou, para a cabeça ficar no lugar. Fazer orações. Trocar com mães que estavam passando pelo mesmo. Falar e dividir é importante, externar os sentimentos. Não é fácil, mas quando você está perto de gente que ama e confia, acho que fica mais simples”.
Muitas mães se sentem sozinhas e pouco acolhidas neste momento. Que dicas daria para elas? “Entendo isso, apesar de eu ter apoio. O João é um baita pai. Desde que eu o conheci já admirava isso nele. Hoje ainda mais. Mas ele está trabalhando. E nossas famílias não são daqui, então tenho uma pessoa que me ajuda, a Lucia, que é babá da Bel, um anjo na minha vida. Para eu conseguir tomar banho, comer, trabalhar um pouco”, diz Talita. “Entendo perfeitamente as mulheres que se sentem assim pelo fato da minha família morar longe. Então, às vezes também me sinto só. Se eu pudesse dar uma dica, seria o seguinte: mesmo com toda a atenção que o bebê pede, tire um tempo no dia para você, nem que sejam 20 minutos. Para tomar um banho gostoso, fazer uma meditação, qualquer coisa que te faça bem. Também acho importante reservar tempo para o casal, no caso da mãe ser casada. De resto, é só um momento novo, de adaptação, vai passar”.
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