Suzana Alves, a partir de vivências no auge da fama, como a depressão, criou ‘Caminho da Su’, curso de auto-ajuda


“Deixei de fazer a Tiazinha (personagem sensual do Programa H, de Luciano Huck, que virou fenômeno na TV final dos anos 90) justamente porque tentei encontrar a minha identidade. Queria entender quem eu era, porque estava vivendo algo além da fama, a questão de ter um personagem que se tornou maior do que eu”, revela a atriz, que está em Gênesis, da Record. O seu intuito hoje é dividir as experiências de equilíbrio do corpo, da mente e do espírito em jornada que aborda temáticas como autoconhecimento, consciência corporal, higiene do sono, espiritualidade, propósito de vida, superação e resiliência, entre outras questões. “Tive depressão no auge da fama. Subia no palco sorrindo e descia chorando. Resgato minha história e vivência para ajudar a vida dos outros. Vou falar das minhas experiências com o respaldo de vários especialistas de cada área que eu abordo, explicando mais sobre esses assuntos”, frisa

Suzana Alves, a partir de vivências no auge da fama, como a depressão, criou 'Caminho da Su', curso na web de auto-ajuda
“Tive depressão no auge da fama. Subia no palco sorrindo e descia chorando", pontua Suzana (Foto: Juliana Tahira)

“Tive depressão no auge da fama. Subia no palco sorrindo e descia chorando”, pontua Suzana (Foto: Juliana Tahira)

* Por Carlos Lima Costa

A partir de suas próprias vivências, de anos de resiliência em que adquiriu um autoconhecimento enquanto buscava entender sua identidade e ressignificar seu propósito na vida, Suzana Alves está lançando o Caminho da Su, um curso com oito módulos que foca no equilíbrio do corpo, da mente e do espírito. “É um start de alerta e o testemunho do que deu certo para mim. É como se através da jornada da minha história você olhasse para o seu interior e resgatasse a sua história. Esse é o objetivo do curso que nasceu na pandemia com a necessidade de me expor depois de 20 anos vivendo uma vida mais em lockdown, me cuidando, me conhecendo. Acho que preciso usar tudo isso como missão, como propósito de vida para ajudar com o recurso que eu tenho”, explica ela, que está no elenco da novela Gênesis, da Record, no papel de Salma.

No decorrer dos anos, Suzana fez inúmeras terapias e aborda no curso o que experimentou como psicanálise, acupuntura… “Além dos módulos, disponibilizo também um e-book com mais de 100 páginas de dicas práticas, indico livros, vão ter lives inspiradoras. Então, vão ser as minhas experiências com o respaldo de vários especialistas de cada área que eu abordo, explicando mais sobre esses temas”,  acrescenta ela que vai falar de autoconhecimento, consciência corporal, higiene do sono, espiritualidade e propósito de vida, depressão, superação e resiliência, entre outras questões. E como bônus da plataforma, lives exclusivas e cenas dela preparando suas comidas fitness, seus pães de fermentação natural.

“Deixei de fazer a Tiazinha justamente porque tentei encontrar a minha identidade. Queria entender quem eu era, porque estava vivendo algo além da fama, a questão de ter um personagem que se tornou maior do que eu", ressalta (Foto: Juliana Tahira)

“Deixei de fazer a Tiazinha justamente porque tentei encontrar a minha identidade. Queria entender quem eu era, porque estava vivendo algo além da fama, a questão de ter um personagem que se tornou maior do que eu”, ressalta (Foto: Juliana Tahira)

Tudo que ela vai disponibilizar vem de uma auto análise a partir da crise pessoal que começou quando ela interpretava a Tiazinha, personagem que usava máscara, chicote e lingerie preta e a transformou em um ícone nacional, aos 18 anos de idade, quando surgiu no Programa H, comandado por Luciano Huck, na Band. “Deixei de fazer a Tiazinha justamente porque tentei encontrar a minha identidade. Queria entender quem eu era, porque estava vivendo algo além da fama, a questão de ter um personagem que se tornou maior do que eu. Ali percebi essa necessidade de me conhecer, de encontrar a minha identidade, entender quem eu era dentro do contexto chamado vida. Fui atrás dessa busca, desse encontro comigo mesma, para saber o que exatamente vim fazer na Terra. Estava anestesiada, passei alguns anos sem saber direito. Fui pesquisar, me conhecer. Nesse processo, comecei também a mudar a minha alimentação por conta da depressão. Então, na plataforma, falo sobre tudo isso e de espiritualidade também. Como é importante a gente se alimentar bem e ter fé para seguir nesse processo de cura e aprendizagem, porque não é fácil. Muitas vezes, a gente vai mascarando essas camadas de identidade para poder sofrer menos na vida. Só que aí está o engano. Quanto mais a gente mascara, mais a gente se distancia da nossa identidade, de quem a gente realmente é”, ensina, em longo desabafo.

E prossegue: “Meu processo de depressão começou no auge da fama. Eu era muito nova. Eu subia no palco sorrindo, era um instrumento de alegria para as pessoas, mas quando fechavam as cortinas, eu descia chorando. Na época, sabia que estava me  fazendo mal, mas não entendia o que era isso. Não tinha um diagnóstico de nenhum médico. Hoje em dia, consigo olhar para tudo e identificar”, ressalta.

Ela deixa claro que não foi uma questão de não saber lidar com a fama. “Desde criança, sempre fui artista e desejei a fama. Mas cada pessoa tem uma vivência, experiências, tem o seu tempo e o seu jeito de lidar com cada história. Falo isso no curso também. O ator nasce para fazer personagens, não um só. Então, ali entrei em crise porque o meu personagem tinha tomado conta de mim e eu queria tomar conta dos meus personagens, eu queria poder me formar, viver minha vida, o que me fazia bem. Abordo isso também, porque vejo que as pessoas estão muito deprimidas. Elas vivem a alegria do outro, não a própria. É aquela coisa de você ter as redes sociais, ficar olhando a vida dos outros e achar que todo mundo é feliz e você não”, aponta.

E completa: “A culpa não é de quem está mostrando ali a realidade dela. Por exemplo, faço alguns exercícios. Como? Quando chego em casa, deixo meu celular lá no quarto longe de mim. Na minha casa, com a minha família procuro viver 100% ali. Se eu ficar aqui e no mundo virtual, não vou viver nem aqui e nem lá, que é a realidade do outro. Agora, todo mundo sofre e todo mundo é igual. Rico, pobre. A gente vê muito isso hoje em dia com a pandemia, com tudo que está acontecendo. Não tem dinheiro que paga a saúde de ninguém. Não importa quanto dinheiro você tenha no mundo, então, a pessoa está apresentando lá uma situação da vida dela, que bom que ela gosta de postar conteúdos que mostrem somente felicidade, mas a vida não é assim para ninguém. Então, a gente precisa deixar de ser espectador e ser o protagonista da própria vida. Parar de ser plateia, porque enquanto a gente é plateia, a gente não vive, não ama a nossa vida, não desenvolve”, realça.

"Vale a pena uma desintoxicação, fazer jejum de celular, ficar um tempo sem ver televisão, dar uma pausa em tudo para poder descobrir as suas emoções", aponta a estrela (Foto: Juliana Tahira)

“Vale a pena uma desintoxicação, fazer jejum de celular, ficar um tempo sem ver televisão, dar uma pausa em tudo para poder descobrir as suas emoções”, aponta a estrela (Foto: Juliana Tahira)

Ela aponta que torcer pelo outro é uma evolução. “O problema é esse lugar que a gente fica quando olha muito a vida do outro. A gente perde tempo e vai se distanciando cada vez mais da gente. Para encontrar de novo e fazer o resgate vai ficando cada vez mais difícil, a gente entra em autocrítica e em depressão muito mais fácil. Por isso que existe esse aumento de depressão enorme, também devido a essa questão das redes sociais e desse lugar de voyeur que as pessoas se colocam. Essa história de visualizações. A gente acaba ficando lá no WhatsApp respondendo, dando satisfação o tempo todo. É como se isso segurasse o nosso ego de satisfação, mas é tudo falso, não é verdadeiro e aí quando a gente se esvazia disso ou se distancia disso por poucas horas a gente deprime. Então, vale a pena uma desintoxicação, fazer jejum de celular, de ficar um tempo sem ver televisão, dar uma pausa em tudo para poder descobrir as suas emoções, sabe, conversar com as pessoas, bater papo, fazer coisas que a gente geralmente não costuma fazer ainda mais dentro dessa pandemia. A gente precisa entrar nesse contato com a natureza, com coisas mais simples, andar descalço, plantar uma árvore frutífera, regar, ver crescer. São coisas assim simples”, ensina.

Suzana assegura que muita gente não tem coragem de dar um passo para trás para dar três, quatro a seu favor. “Eu tinha uma limitação. Apesar de ter tudo que eu podia ter, dinheiro, fama, eu queria mais do que isso. Não me contentava ser aquilo. Às vezes, é abrir mão de uma profissão que te dá tudo, você coloca seus filhos em escola cara, viaja para onde quer, mas você não está feliz, porque essa vida não te faz bem, te separa dos seus filhos, da sua família, você sobrevive e dorme a base de remédio. Então, isso é felicidade? O curso é para que as pessoas questionem as próprias vivências. Você faz o que gosta ou mantém uma imagem, entre aspas, feliz?”, questiona Suzana.

"O curso é para que as pessoas questionem as próprias vivências. Você faz o que gosta ou mantém uma imagem, entre aspas, feliz?" (Foto: Juliana Tahira)

“O curso é para que as pessoas questionem as próprias vivências. Você faz o que gosta ou mantém uma imagem, entre aspas, feliz?” (Foto: Juliana Tahira)

E lembra que várias pessoas já radicalizaram também mudando o rumo de suas vidas, como, por exemplo, a atriz Ana Paula Arósio, que abandonou a vida artística. “Eu a entendo completamente e não a julgo. Lembro que quando decidi parar estava todo mundo contra mim. Ninguém estava realmente querendo saber o porque dessa minha decisão, porque as pessoas estavam só naquela coisa do circo, do teatro, tipo: Agora, quem vai entreter a gente? É essa questão de tomar uma decisão para abrir novas oportunidades, estudar, desenvolver outros dons. Quando a gente é muito nova é levada com a maré, então, fui muito corajosa. Ninguém entendia bem porque eu estava tomando aquela decisão, mas no fundo do meu coração eu sabia que eu queria mais. Aí você fala, o ‘querer mais’ parece que tem a ver com a prosperidade financeira. Também falo sobre isso no curso. Eu dou essas referências para fazer todo mundo pensar. Essa ideia surgiu exatamente no meio de uma pandemia onde as pessoas foram obrigadas a olhar para dentro, a mudar de profissão, muitas ficaram até desempregadas. Muitas mulheres, por exemplo, acham a identidade depois que viram mães, quando buscam uma vida com mais significado. Então, esses são os valores que eu coloco dentro da plataforma”, explica.

“Eu tinha uma limitação. Apesar de ter tudo que eu podia ter, dinheiro, fama, eu queria mais do que isso", lembra Susana (Foto: Juliana Tahira)

“Eu tinha uma limitação. Apesar de ter tudo que eu podia ter, dinheiro, fama, eu queria mais do que isso”, lembra Suzana (Foto: Juliana Tahira)

Suzana frisa que tudo é uma longa jornada, que não existe um processo mágico. “O dia que falei ‘chega’ e paguei multa pra rescindir meu contrato com a emissora, teve ali uma decisão principal que eu falo que é a pedra grande. É igual, uma pessoa viciada. O pai e a mãe fazem de tudo, levam para uma clínica, mas se ela não quer ficar, não adianta. Para você entrar no encontro com você mesma, tem que ter uma necessidade interna muito do coração. O processo não é fácil, é doloroso, porque envolve situações do cotidiano. Depois que você decide e tira a pedra grande, aí tem milhões de pedrinhas, obstáculos e daí que é o lance da resiliência. Entram essas questões de você permanecer sempre na busca da transformação. Como vai transformar tudo, corpo, mente e espírito? É uma etapa de cada vez. É impossível em um único dia você decidir mudar a alimentação, a vida espiritual, tratar o psicológico e o emocional. Impossível. Essas três áreas aconteceram comigo em 20 anos. Hoje, falo que a maternidade veio como um parto libertador dessa união dessas três partes. Então, quando nasceu meu filho (Benjamin, de 4 anos, da relação de quase 12 anos com o ex-tenista Flávio Saretta), eu renasci nesse sentido de conseguir integrar as três áreas na minha vida que eu falo muito no curso, corpo, mente e espírito. Mas teve uma época que eu estava trabalhando o emocional através do autoconhecimento, que eu não malhava. Eu passei três anos sem cuidar do meu corpo. Foi a primeira vez que eu me lembro de ter ficado sedentária”, lembra.

"Quando meu filho nasceu eu renasci no sentido de conseguir integrar as três áreas na minha vida que eu falo muito no curso, corpo, mente e espírito", explica a atriz (Foto: Juliana Tahira)

“Quando meu filho nasceu eu renasci no sentido de conseguir integrar as três áreas na minha vida que eu falo muito no curso, corpo, mente e espírito”, explica a atriz (Foto: Juliana Tahira)

E finaliza explicando qual é a sua identidade.  “Sou uma pessoa que vive com um propósito. Nenhum passo que vou dar na vida é sem significado. Tudo que eu faço tem um objetivo de mudança, de transformação, para ser melhor. Em todas as áreas eu levo isso comigo para poder ter uma vida melhor na saúde, uma vida espiritual coerente, para ser de verdade, para não ficar frustrada cheia de arrependimentos e sofrer com o que eu podia ter feito melhor. Então, essa é a Suzana. Eu me entrego quando entendo que aquilo vai ser importante para mim e para quem está ao redor de mim. Não consigo viver aleatoriamente. Creio que todos nós temos a missão de ajudar as pessoas a entenderem que elas não estão aqui por acaso. Então, isso virou minha identidade. E pra mim é superconfortável, é relaxante, divertido. O ator tem a questão de mudar o mundo, de transformar as pessoas através da arte. É uma escolha que fiz na infância. Minha identidade tem a  ver com a natureza, com as coisas naturais que eu gosto de comer, de plantar, de usar na minha pele com meu jeito de viver. Busco ser mais leve, menos controladora. Quando estava preparando a plataforma e todas as aulas que eu escrevi, fui aprendendo mais coisas. Tudo pra mim é uma aprendizagem e essa é a minha identidade”, assegura.

"Sou uma pessoa que vive com um propósito. Nenhum passo que vou dar na vida é sem significado", garante Suzana (Foto: Juliana Tahira)

“Sou uma pessoa que vive com um propósito. Nenhum passo que vou dar na vida é sem significado”, garante Suzana (Foto: Juliana Tahira)