*Por Brunna Condini
Do Cariri para Paris, o empresário, comediante e youtuber cearense, Max Petterson celebra o sucesso na internet em suas sessões de stand up e fala dos planos para o futuro. “Vou estrear um filme da Disney Star Plus, que também vai ser lançado nos cinemas e se chama ‘As aparências enganam‘. Sou o protagonista cearense do longa e acho que vai ser uma grande virada de chave na minha carreira. É diferente de tudo o que fiz como ator até aqui”. Sobre os limites do humor, Max afirma: “Não se deve fazer piada com o que não é piada. Fazer piada de si é uma boa. No meu stand up eu faço isso, coloco vivências minhas ali. É possível fazer humor sem ofender as pessoas. Se eu consigo, conseguem. Ninguém é perfeito, mas é preciso buscar melhorar todos os dias”.
Também vem a turnê do ‘Assistiu porque quis‘, um podcast que virou espetáculo, e faço ao lado de duas influenciadoras cearenses, Mila Costa e Morgana Camila. Temos batido recorde de público no Ceará, esgotando bilheteria de quatro mil pessoas em duas horas”, diz Max, que também dá continuidade à turnê de stand up, ‘Bôcu Bonjour‘, e deseja expandir a empresa de turismo Descobrindo Paris, e transformá-la em uma companhia estabelecida na Europa, oferecendo chips com serviços exclusivos. Além disso, em breve, planeja lançar sua própria marca de roupas: “É um sonho que está cada vez mais perto de se concretizar. Quero mostrar a força que o Nordeste tem, e que a marca vire referência de moda”.
Aos 29 anos, Max vem construindo uma carreira ascendente desde que se mudou para França para estudar teatro, há quase nove anos, mesmo enfrentando muitas dificuldades no início. Com um milhão de seguidores no Instagram e mais de meio milhão no seu canal do Youtube, ele garante que esses números – diferente de outros profissionais que muitas vezes os super valorizam – não definem ele. “Se fosse me resumir em números, falaria do ano do meu nascimento, 1994. Não gosto muito de trabalhar com números, parece que a gente está jogando isso na cara das pessoas…são só números. O que diz alguma coisa realmente é a qualidade do trabalho. Poderia falar dos números que tenho hoje, mas o que interessa é se estou fazendo algo que presta. Meu trabalho é bom? Sou artista, não trabalho com números, só se for os do dinheiro (risos). Aí pode aumentar que eu gosto”, diz o humorista.
Fui para a França estudar com o ‘sangue nos olhos’ de querer muito aquilo. A única bolsa que tinha era a de couro que carregava – Max Petterson
Radicado em Paris, ele diz que o Cariri cearense o energiza, lugar para onde sempre volta para ver a mãe e a avó. “Moro na França, mas tenho ficado pouco em casa. Acho que isso faz parte da profissão do ator que trabalha muito, roda o país. Gosto de todos os lugares e ao mesmo tempo não consigo ficar em um único lugar. Fui para o Marrocos e quis morar lá. A mesma coisa com Nova York. Me sinto assim em Paris ou no Cariri. Me sinto de todo lugar e não pertenço a nenhum”, ressalta, acrescentando: “Posso dizer que sou um cearense raiz e me descobri ainda mais cearense fora do Ceará. Da França, peguei costumes, jeitos de falar, vestir, também é um lar, como o Cariri”.
Digamos que me tornei ‘pari-caririense’ (risos). Mas minha identidade é nordestina – Max Petterson
Quem vê close, não vê corre
Max caiu nas graças do público em 2017, por meio do YouTube, após viralizar com seu vídeo satirizando o calor de Paris. Ele arrematou mais de 20 milhões de views, e acabou deixando o movimento fluir para ver no que dava, mesmo que a postagem não tivesse esse objetivo. Nos últimos anos ele vem dedicando-se ao seu canal e às apresentações de stand-up, já tendo aberto shows de Whindersson Nunes, uma grande inspiração sua. O ator revisita sua trajetória antes de bombar na internet e salienta que o caminho não foi tão fácil quanto parece. “Eu já fazia faculdade de teatro no interior do Ceará e a todo momento sentia a necessidade expandir meus conhecimentos em outros lugares. O sonho era fazer teatro no Rio ou em São Paulo depois, mas nunca tive resposta dos meus e-mails. Foi quando meu orientador meu deu a ideia de me inscrever na faculdade de Sorbornne, na França. Enviei um e-mail, escrevi com a ajuda do Google tradutor. No início achei uma loucura isso tudo, mas quando me responderam no mesmo dia, Paris passou a ser meu sonho”, recorda.
“Fui no sangue nos olhos de querer muito aquilo. A única bolsa que tinha era a de couro que carregava (risos). Nunca fui sustentado pelos meu pais, passei por muitas cosias até aqui”, completa ele, que já contou que chegou na Cidade Luz com mil Euros para pagar inscrição da universidade e aluguel, sobrando pouco para comida, por isso chegou a passar fome em alguns momentos. “Mas que bom que isso tudo deu certo!”.
Não se deve fazer piada com o que não é piada – Max Petterson
Humor na vida e seus limites
Iniciando sua trajetória no rádio com apenas 8 anos, em um programa em sua cidade natal, Farias Brito, no interior do Ceará, em pouco tempo ele já estava fazendo teatro, e aos 17 anos começou a fazer faculdade de Artes Cênicas. Depois de cinco anos estudando por aqui, foi para a França. E foi lá, que o caminho o encontrou. “Nunca me achei engraçado antes de viralizar. Descobri que o humor era a minha praia quando explodi com o vídeo do calor de Paris. Fui desenvolvendo meu lado cômico a partir daí, porque antes, mesmo sendo ator, não fazia comédia”.
Sou artista, não trabalho com números, só se for os do dinheiro (risos). Aí pode aumentar que eu gosto – Max Petterson
Artigos relacionados