‘Substantivo Feminino’, projeto de videocast lançado pelo Youtube Brasil, colhe os louros da primeira temporada


Com mediação de Ana Fontes, empreendedora social e fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME), o projeto do viodecast é uma iniciativa do YouTube Brasil em parceria com a RME, Gênero Número, InternetLab e Casé Fala, com produção Dia Estúdio, tendo como objetivo trazer o protagonismo feminino à cena. Numa série de quatro episódios, foram discutidos temas como “Política do Cuidado”, “Combate ao discurso de ódio”, “Mulheres e seus Espaços na Política”; fechando com a importância de políticas públicas para mulheres e as ações do Ministério das Mulheres. A temporada contou com a participação da médica e influencer Thelma Assis; Nana Lima, publicitária, mãe e co-fundadora da Think Eva e da Think Olga, organizações que visam o bem estar da mulher; Luciana Barreto, jornalista, apresentadora e escritora; Assucena, cantora e compositora; Tauá Lourenço, historiadora e especialista em gestão de políticas públicas em gênero e raça, Olívia Santana, a primeira deputada estadual negra da Bahia; Luciana Barreto, jornalista, apresentadora e escritora; e a Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. “Esta é mais uma iniciativa do YouTube para incentivar e contribuir com a criação e divulgação de conteúdo de qualidade, para qualificar o debate político e social, favorecendo a manutenção de um ecossistema midiático inovador, equilibrado e plural. Fomentarmos projetos como este é de fundamental importância para incentivarmos uma educação cidadã”, afirma Erika Alvarez, Gerente de Políticas Públicas do YouTube

Foi a partir de um Manifesto lançado no Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, em 25 de novembro – data instituída pela ONU com o objetivo de lançar luz e provocar o importante diálogo sobre prevenir e eliminar a violência contra mulheres e meninas -, que nasceu o importantíssimo projeto “Substantivo Feminino“, iniciativa do Youtube Brasil em parceria com a Rede Mulher Empreendedora, Gênero e Número, InternetLab e Casé Fala, com produção Dia Estúdio e que levou para o centro das discussões as experiências das mulheres na sociedade, conquistas e desafios. A primeira temporada nos proporcionou um mergulho em temas extremamente relevantes, como “Política do Cuidado“, “Combate ao discurso de ódio“, “Mulheres e seus Espaços na Política“; fechando com a importância de políticas públicas para mulheres e as ações do Ministério das Mulheres.

Esta é uma iniciativa do YouTube para incentivar e contribuir com a criação e divulgação de conteúdo de qualidade, para qualificar o debate político e social, favorecendo a manutenção de um ecossistema midiático inovador, equilibrado e plural. Fomentarmos projetos como este é de fundamental importância para incentivarmos uma educação cidadã – Erika Alvarez, Gerente de Políticas Públicas do YouTube

Cada episódio do videocast foi mediado e apresentado por Ana Fontes, empreendedora social e fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME), criada há 13 anos a partir da necessidade de compartilhar conhecimento entre as mulheres e fomentar o protagonismo feminino no empreendedorismo, que muda não só a realidade de suas famílias, mas também de todo o ecossistema ao redor. Ela pontou durante o Manifesto – que você pode conferir no Youtube da RME -, que as mulheres “são a maioria da população, 52%. E somos mães de outros 48%. Somos a decisão de compras de uma família; 50% dos empreendedores; a base da nossa sociedade. E, ao mesmo tempo, estamos sub representadas em ambientes de poder. Ganhamos 21% a menos do que os homens. Uma de nós é morta a cada 6 horas. Sofremos com violências múltiplas todos os dias. Esse vídeo Manifesto é um grito de resistência de direitos, por oportunidades, por nossas vidas e por ocuparmos os espaços que quisermos. Uma sociedade mais justa e inclusiva passa por não deixarmos mais da metade da população para trás”.

E o que mais atraiu Ana Fontes durante esta primeira temporada de “Substantivo Feminino“?

Ter pessoas com visões diferentes e, ao mesmo tempo, complementares, sobre temas bastante complexos foi fundamental para o debate proposto pelo videocast. A eliminação da violência contra as mulheres é um tema central para combatermos a desigualdade de gênero. Para nós, da Rede Mulher Empreendedora, é importantíssimo um projeto como o videocast “Substantivo Feminino” para ampliar e aprofundar os debates para buscarmos soluções – Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME)

Entre participações de convidadas deste temporada estavam nomes como Thelma Assis, médica, anestesiologista, bailarina, criadora de conteúdo digital e apresentadora; Nana Lima, publicitária, mãe e co-fundadora da Think Eva e da Think Olga, organizações irmãs que compartilham uma mesma missão: sensibilizar a sociedade para as questões de gênero e intersecções, além de educar e instrumentalizar pessoas que se identifiquem como agentes de mudança na vida das mulheres. E ainda a cantora e compositora Assucena, a apresentadora, mestre em relações étnico-raciais e autora do livro “Discurso de Ódio contra Negros nas Redes Sociais“, Luciana Barreto; Tauá Lourenço, historiadora e especialista em gestão de políticas públicas em gênero e raça, direitos humanos, responsabilidade social e cidadania global, diretora do Instituto Alziras – que tem a missão de ampliar e fortalecer a presença de mulheres, em toda sua diversidade, na política e na gestão pública, como parte do necessário processo de aperfeiçoamento da democracia e para a construção de soluções para problemas públicos; Olívia Santana, a primeira deputada estadual negra da Bahia, que foi secretária de Educação de Salvador e vereadora da capital por 10 anos, professora, também autora do livro “Mulher Preta na Política“. E mais: a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, especialista em gênero e em enfrentamento à violência contra mulheres e ativista de defesa dos direitos das mulheres há mais de 40 anos. Atuou na construção da Lei Maria da Penha e da Lei do Feminicídio. Foi uma das protagonistas da elaboração do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e do Programa Mulher Viver sem Violência, que tem como carro-chefe a Casa da Mulher Brasileira. Trabalhou também como consultora em políticas públicas de gênero e violência contra mulheres.

Este é um projeto importante que nos enche de orgulho por trazer para a mesa a discussão de temas femininos e mais: apresentado por Ana Fontes, que é uma referência neste  assunto e agenciada pela Casé Fala – Patrícia Casé, empresária, fundadora da Casé Comunica, e sócia da Casé Fala, que faz a ponte entre pessoas que realizam, empresas e a sociedade civil

O Youtube é um grande parceiro, por isso ficamos honradas de assinar mais uma parceria com a empresa – Fabiana Oliva, jornalista com anos de experiência e sócia da Casé Fala, que conta com um departamento de diversidade com pensadores e intelectuais renomados e com larga experiência no mercado nacional e internacionais

Os episódios do “Substantivo Feminino” foram disponibilizados no YouTube e podem ser conferidos no canal da RME. Conheça mais de perto a temática e a abordagem de cada episódio:

Equipe de “Substantivo Feminino”, videocast iniciativa do YouTube, apresentado por Ana Fontes (Foto: Divulgação)

Primeiro Episódio – Política do Cuidado

O referido episódio tematiza o trabalho feito por mulheres que não é reconhecido, valorizado e sequer remunerado e propõe um diálogo que, por conseguinte, não apenas evidencia a imperiosidade de medidas educacionais e políticas públicas, mas também delineia a dificuldade de iniciar mudanças. “Nós, as mulheres, somos as maiores responsáveis pelos trabalhos de casa, de crianças, de pessoas enfermas e dos idosos. Esse trabalho não é visto, valorizado e também não é remunerado. Reconhecer e discutir esta pauta é um tabu para muita gente. E segue gerando sobrecarga e impacto na saúde física e mental de muitas mulheres”, aponta Ana Fontes. E Thelma Assis e Nana Lima provocam uma profunda análise acerca da “Política do Cuidado“.

Em 2020, a Think Olga lançou um Relatório do Cuidado. Eu acho que a sociedade enxergou  que a gente não tem rede de apoio. E, principalmente, na vida das mulheres. Ou o que é a sociedade sem cuidado. Vimos durante a pandemia o quanto o distanciamento social, o quanto se expor ao risco, o que é uma vida onde você não consegue cuidar e ser cuidada. O quão ruim foi isso para a gente. E o cuidado é o trabalho de manutenção da vida. É algo crucial e para se colocar no centro da nossa sociedade – Nana Lima

Thelma Assis apresenta uma narrativa que expõe a dificuldade pessoal em delegar responsabilidades. “Eu sou uma pessoa proativa até demais. Eu tenho muita dificuldade em delegar as coisas que eu acredito que eu tenho que fazer, mas aí quando você olha, você fala: ‘eu poderia ter delegado sim, eu poderia ter compartilhado’. Então, isso vem desse lugar de você ser criada e a mãe falando: ‘você tem que ser muito boa’ e quando você vai ver, você está esgotada emocionalmente e fisicamente”, frisa.

A gente não tem um olhar normalizado para questionar o porquê que a conta deve sempre estar no pratinho das mulheres. Não é todo mundo que consegue questionar, debater, entender até onde vai a nossa responsabilidade e até onde ela deve ser compartilhada. A sociedade impõe sobre nós todas essas questões – Thelma Assis

Vice-presidente da Gênero e Número, Vitória Régia da Silva nos fornece dados especializados em gênero, raça e sexualidade ampliando o debate: “O cuidado é essencial para garantir também as necessidades básicas, materiais e emocionais de crianças, idosos ou pessoas com deficiência. Como por exemplo, auxiliar com o dever de casa, brincar e acompanhar a compromissos. Enquanto os trabalhos domésticos dizem respeito às atividades diárias necessárias para o funcionamento da casa, como cozinhar, lavar louça, administrar as contas e fazer compras. As desigualdades de gênero sobrecarregam as mulheres no cuidado e no trabalho doméstico. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2022, 91% das mulheres se dedicam a afazeres domésticos e 35% se responsabilizam pelo cuidado de pessoas”.

Thelma prossegue dizendo que sua experiência trouxe a ela outros exercícios no que tange a esse fato, especialmente após haver ficado três meses no BBB: “Foi um exercício muito bom que eu tive oportunidade de ter na vida, mas um lugar de privilégio. Uma sensação que a gente tem do ‘só eu que dou conta, tem que ser comigo, eu que tenho que resolver’, aí eu saí três meses da vida das pessoas que são minha rede de apoio, mas que eu também sirvo de apoio para elas. E aí a pergunta foi respondida, viveram perfeitamente bem. Eu tenho uma idosa, que é a minha mãe, que depende dos meus cuidados – de um olhar atento, tem o marido, os amigos, tenho família, todo mundo ficou muito bem três meses sem mim”.

Você tem que ser muito boa, você tem que ser duas vezes melhor, como mulher e como mulher preta – Thelma Assis

Nana Lima ilumina com dados e acentua o impacto significativo que a economia do cuidado exerce sobre a sociedade. “Saiu um dado da FGV, que informa que se a gente remunerasse as horas de mulheres e meninas por esse trabalho do cuidado, equivaleria a 8.5% do PIB. Acho que é importante a gente colocar o contorno e o tamanho dessa contribuição que as mulheres e meninas fazem. Por exemplo, como esse trabalho contabiliza na aposentadoria, como a Argentina fez. Exemplos interessantes de sair só da sensibilização da sociedade e ir para a prática”, comentou a cofundadora da Think Olga.

Discutir essa pauta é um tabu para muita gente e segue gerando sobrecarga e impactos na saúde física e mental de muitas mulheres” – Ana Fontes

Thelma Assis, Ana Fontes e Nana Lima no “Substantivo Feminino” (Foto: Divulgação)

Segundo Episódio – “Discurso de Ódio”

Neste episódio, o fio condutor versa sobre o combate ao discurso de ódio e o fortalecimento do empoderamento feminino, contando com a participação de Ana Fontes, Luciana Barreto, jornalista, apresentadora, mestre em Relações Étnico-Raciais e autora do livro “Discurso de ódio contra negros nas redes sociais“, e Assucena, cantora e compositora. Ana Fontes deu o start informando que o “InternetLab produziu um especial de entrevistas com cinco mulheres pesquisadoras e ativistas do direito sobre a violência contra as mulheres na internet. Uma das entrevistadas foi Jess Hipólito, gestora de projetos e social mídia. Ela chamou atenção para o conceito de discurso de ódio. Sublinha que o discurso de ódio direcionado às mulheres está intrinsecamente vinculado à problemática do racismo. Aqueles que originam tais violências acreditam que a mulher em questão ‘está em um espaço que não deveria estar’”.

Para Ana Fontes é premente haver um forte trabalho educativo que ressalte a necessidade de instruir a sociedade acerca do quão inaceitável é o ódio às mulheres. Para Ana, há responsabilidade dos homens nesse contexto, especialmente quando são omissos diante de situações de assédio ou coniventes com outros homens que assediam mulheres, o que perpetua o problema. Luciana Barreto, por sua vez, compartilha dados alarmantes acerca do discurso de ódio e do fenômeno do “hate” no Brasil:

80% desses discursos nas redes sociais têm como alvo mulheres negras. Na lógica racial no Brasil, o hater quer dizer que você não pode estar em determinado espaço, e é isso o que mais incomoda. Ele foca em mulheres negras. Se elas se colocam como ícone de beleza, ela sofre discurso de ódio – Luciana Barreto

Assucena, por sua vez, realça a importância primordial da iniciativa e da educação, argumentando que é essencial buscar aqueles que compartilham das mesmas angústias e unir-se a eles.

A educação tem um papel primordial, porque você tem consciência política dos seus direitos e ela é muito importante até para auto-organização, porque se a gente não se auto-organiza enquanto sociedade, a gente não cobra os nossos acessos e lugares que são nossos por direito – Assucena

Assucena, Ana Fontes e Luciana Barreto em episódio de “Substantivo Feminino” (Foto: Divulgação)

Terceiro Episódio – Mulheres e seu espaço na Política

No terceiro episódio, decorre uma discussão importante cujo tema é “Mulheres e seu espaço na política“. Além de Ana Fontes há Tauá Lourenço, reconhecida historiadora e especialista em gestão de políticas públicas em gênero e raça, direitos humanos, responsabilidade social e cidadania global, diretora do Instituto Alziras; e Olívia Santana, a primeira deputada estadual negra da Bahia, que exerceu as funções de secretária de Educação em Salvador e foi vereadora na capital por uma década, e autora do livro “Mulher Preta na Política“. Ana Fontes, preconiza em sua fala, que deve haver uma maior presença feminina na arena política: “Afinal de contas, somos 52% da população deste país; não podemos estar sub-representadas nesses ambientes de poder”.

Tauá e Olívia ressaltam também a importância da participação das mulheres enquanto agentes políticos e isso que as inspira. Tauá, pernambucana, diz: “Eu não consigo lembrar um momento na minha vida que não tenha essa referência das mulheres fazendo a política, mas delas agindo na prática e isso é incrível”. Algo no qual Olívia se coaduna: “Eu, particularmente, também aprendi a fazer política fazendo. Não tem uma decisão de entrada, diferente do que acontece com a política tradicional que passa de pai para filho, quando um dia o pai chega e diz para o filho entrar na política e o menino já entra num cargo público. Com a gente, não. Entrei fazendo política comunitária mesmo”. Tauá diz que quando o brasileiro imagina, de imediato, um político, pensa num homem engravatado, e não rostos plurais. Daí a importância de um ambiente político diverso.

Olívia Santana, deputada estadual, narra suas experiências no intrincado tecido da política e os desafios que permeiam as candidaturas. “Eu sofri muito durante a candidatura à prefeita de Salvador. Foi algo muito pesado. Ser candidata nessas circunstâncias, sendo pressionada por um vírus e por muitos homens que torciam contra. Depois da campanha, um deles disse: ‘Apostamos que você não chegaria até o final, que desistiria e apoiaria nossa candidatura. Você é raçuda, hein?’. Eu já estava exausta, ansiosa para terminar a campanha, não aguentava mais, mas fui até o final. Era necessário ir até o final”.

Tauá Lourenço já fez uma análise sobre o presente e o futuro dessas mulheres no cenário político, alinhavando suas análises com conquistas recentes delineadas sob uma perspectiva histórica. “É perceptível que, apesar dos desafios que ainda enfrentamos – em termos de percentual e representatividade, ainda estamos longe de ter um parlamento e câmaras municipais com uma presença adequada de mulheres, mulheres negras, travestis e trans -, nós tivemos votações expressivas nessas últimas eleições. Celebro esses votos, não apenas em uma, mas várias capitais, onde as mulheres negras foram as mais votadas”.

Esse sistema político é patriarcal, muito viril e violento. Então, nós mulheres inseridas neste espaço estamos promovendo uma contracultura, estamos mudando as regras do jogo. Estamos em um momento no país onde podemos fechar os olhos e imaginar outros rostos na política – Tauá Lourenço

Tauá Lourenço e Olívia Santana em “Substantivo Feminino” (Foto: Reprodução/YouTube)

Quarto Episódio – Políticas Públicas

O quarto episódio lança luz sobre a relevância das políticas públicas voltadas às mulheres e o trabalho desempenhado pelo Ministério das Mulheres. Além disso, apresenta um um resumo da jornada da ministra Cida Gonçalves, desde sua trajetória profissional até alcançar a titularidade ministerial, abordando os obstáculos enfrentados e a luta contra a misoginia. A entrevista foi conduzida por Ana Fontes diretamente do gabinete da ministra, em Brasília. A ministra Cida Gonçalves esclareceu que sua atribuição consiste em conceber políticas públicas inclusivas. “Temos o ‘Fórum das Mulheres Quilombolas’, para a gente discutir qual é a política para elas, assim como estamos com o ‘Fórum das Mulheres no Hip-Hop’. Pela primeira vez ,as mulheres do hip-hop têm um espaço dentro do governo. Isso para mim é política da inclusão, quando você vai fazendo isso, você vai enfrentando o sexismo e o racismo sem ocupar o lugar de fala da população negra”. E acrescenta: “Nós precisamos ter política pública diversa num território como o Brasil porque as especificidades são diferentes. As realidades são diferentes”.

Discutir sexismo e racismo é algo muito importante, porque quando você vai discutir a fome – que país você quer para as mulheres, você quer incluir todas as mulheres, as negras, indígenas, você tem que trabalhar em uma perspectiva de uma inclusão geral – ministra Cida Gonçalves

A ministra ainda frisa: “Se você já nasce do sexo feminino você já tem uma série de violações imagina se você [ao ter nascido homem] se identifica como do sexo feminino depois. É como se você tivesse traindo a outra categoria dos machos ou dos homens. Há aí uma série de raiva, de ódio, que potencializa essa violência. Esses processos precisam ser discutidos com muita responsabilidade e a inclusão, o atendimento não pode acontecer de qualquer forma e nem em qualquer lugar”.

Outro assunto importante que pauta o debate de ambas é a “violência política”, algo que ganhou ainda mais destaque após o X/Twitter da primeira dama, Janja Lula da Silva, haver sido invadido por hackers – um deles menor de idade. Destacam as debatedoras que se ataca a aparência da mulher e não a sua ideia, como forma de deslegitimar a sua reivindicação: “Em 2021 tivemos a aprovação da Lei 14.192/2021, a Lei de Combate à Violência Política contra a Mulher. Esta é uma forma de contribuir para a redução da violência política contra as mulheres, já que há também uma questão institucional. Há casos absurdos nas redes sociais de mulheres sendo atacadas pelo simples fato de serem mulheres. Acabamos de ver o hacker invadindo o Twitter da Janja, que foi à rede social dela fazer o que não faria com homem. São diferentes as formas de ter a violência política de gênero e a mulher sofre isso com muito mais força. Acho que é um desafio, especialmente (…) estabelecer os limites do que é a expressão da liberdade e o que é invasão dos direitos do outro. É preciso criar mecanismos de denúncia”, frisa a ministra.

Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e Ana Fontes no “Substantivo Feminino” (Foto: Divulgação)