*Por Simone Gondim
Em tempos de quarentena por causa do coronavírus, muitos casais se deparam com uma nova realidade: os dois em casa o tempo todo, tendo que lidar com a mudança na rotina e a preocupação com a saúde, além de executar todas as tarefas domésticas e, em muitos casos, administrar os filhos. Com a cabeça a mil e a convivência 24 horas, será que sobra espaço para o tesão? Segundo a sexcoach Karen Rechmann, a resposta é sim. “Antes de mais nada, é preciso deixar bem claro as responsabilidades de cada um durante o isolamento, a fim de evitar brigas por algo que não foi feito, e estabelecer acordos, dizendo sem rodeios o que se espera do parceiro ou da parceira. Na hora do sexo, foque nisso e em nada mais. Espere os filhos dormirem, desligue a TV, deixe o celular na sala e aproveite”, ensina ela.
Karen também sugere apostar em técnicas como o pompoarismo, que pode ser praticado por mulheres e homens. A partir de exercícios elaborados de acordo com a necessidade individual, é possível trabalhar e aprender a dominar a musculatura pélvica, resolvendo problemas como ejaculação precoce, cólica e TPM, além de melhorar a lubrificação, aumentar o desejo e prevenir queda de bexiga e incontinência urinária e fecal. “O resultado é muito rápido. Com uns 15 dias você já sente a diferença”, diz.
Entre os movimentos mais comuns no pompoarismo feminino, estão: expelir (forçar a saída do pênis); estrangular (apertar o pênis logo abaixo da glande com o anel – feixe de músculo do canal vaginal – que estiver mais bem posicionado); laçada (contração de qualquer parte do pênis por qualquer um dos anéis); travar (contrair fortemente a vagina, impedindo a saída do pênis); revirginar (manter os lábios e o primeiro anel fechados para dificultar a entrada do pênis, dando ao parceiro a sensação de que está penetrando uma vagina virgem); túnel interrompido (quando a vagina abre somente o primeiro anel, permitindo a penetração apenas da cabeça do pênis); beijar (apertar a cabeça do pênis várias vezes com o anel que estiver melhor posicionado; sugar (o parceiro introduz somente a cabeça do pênis e a mulher faz o movimento de sucção, forçando a entrada total do pênis); chupitar (sugar o pênis como uma chupeta, com movimentos vaginais constantes); ordenhar (massagear o pênis de forma cadenciada do primeiro ao último anel, tendo-se a opção de soltar a musculatura de uma vez e recomeçar o movimento ou soltar anel por anel); e dedilhar (contrair os anéis musculares de forma alternada, como se estivesse dedilhando uma flauta).
Karen dá dez dicas para apimentar a relação durante a quarentena:
- Prepare o ambiente, cuidando para ter elementos que explorem cada um dos cinco sentidos. A sexualidade é um processo neural – quanto mais informação você enviar, mais será devolvido, propiciando respostas orgásticas cada vez mais intensas. Comece com música ao fundo;
- Aprenda a respirar. A respiração consciente aumenta a percepção corporal e promove a expansão de energia/bioeletricidade. Excelente para o casal praticar juntos e aumentar a conexão, além de reduzir os níveis de estresse e cortisol. Use o perfume preferido do parceiro/da parceira ou aromatizadores de ambiente para potencializar o olfato;
- Liberte a sua energia/bioeletricidade com toques sutis das pontas dos dedos em todo o seu corpo e no corpo do parceiro ou da parceira. Faça os movimentos em forma ascendente (do pé para a cabeça, pulando o genital neste momento);
- Explore o paladar com brincadeiras eróticas. Que tal brincar de strip sex? Vende a outra pessoa e coloque alimentos ou géis na sua boca. Se a pessoa acertar, você tira uma peça de roupa que estiver vestindo. Se a pessoa errar, ela deverá ficar sem uma peça de roupa;
- Abuse da sinestesia juntando todas as sensações. Faça, por exemplo, a massagem do caqui, na qual a fruta funciona como óleo de massagem: esmague no seu corpo e ofereça para a outra pessoa degustar (pode substituir por outra fruta). Da mesma forma, esmague o caqui no corpo do outro e retire com a boca. Ponha a fruta na boca do parceiro ou da parceira e pegue de volta com um beijo;
- Aprenda a masturbar! Na mulher, o foco é fazer saltar o clitóris: movimentos circulares e em 8 são muito bem vindos, esfregue o polegar e o indicador da base para cima; faça movimentos de pinça nos pequenos lábios e movimentos circulares no contorno dos pequenos lábios para estimular a irrigação dos corpos cavernosos. Mas atenção: jamais pressione o clitóris para dentro – ele precisa sair, assim como o pênis cresce. No homem, o foco é a glande e sobretudo o frênulo (aquelas linhas na parte posterior, que formam a área mais sensível). O corpo do pênis não serve para nada além de dar tamanho: ficar com a mão subindo e descendo nessa região é a mesma coisa que lustrar sapato! Faça movimentos alternando sempre as mãos: ascendente com pressão (da base para a glande) para irrigar; anel, com o polegar e o indicador na linha entre a glande e o corpo do pênis; cogumelo (faça uma concha com a mão e circunde a glande) etc.;
- Aprenda a fazer sexo oral! Na mulher, faça sucções nos pequenos lábios e depois nos grandes lábios. Abuse da técnica do sexo oral em T, na qual a parceira fica deitada e você fica em um ângulo de 90º, de forma a chupar o clitóris e trabalhar o Ponto G. Treine sugando a parte interna da primeira falange do seu indicador. Roce suavemente o dentes em toda a vulva e o clitóris. No homem, chupe com pressão, só colocar a boca não dá resultado. Coloque a língua para cima enquanto suga, assim a glande vai ser tocada por mais tempo. Movimente a língua no sentido horário e anti-horário na glande. Foco no frênulo, mas não se esqueça do saco escrotal e do períneo;
- Peça delivery de sex shop. “Ninguém aguenta feijão com arroz todo dia”, garante Karen;
- Façam duas caixas de fantasias sexuais. A cada dia, uma pessoa sorteia uma fantasia da outra e o casal se reveza durante o confinamento;
- Entregue-se! De nada adianta ter uma Ferrari e não saber pilotar. Se for para ter sexo, é preciso estar focado naquilo e em nada mais.
Durante o período de isolamento, Karen recomenda que a família estabeleça uma rotina, de forma que ninguém fique sobrecarregado com tarefas domésticas como lavar louça, cozinhar, varrer a casa e limpar banheiro. O cuidado com os filhos também deve ser dividido. “Enquanto um está no home office, por exemplo, o outro ajuda os filhos com o dever de casa. Depois, o casal troca”, sugere a sexcoach. “Converse com seu parceiro ou sua parceira e tenha papel e caneta em mãos. Anotem o que é desejado, o que é tolerável e o que é inadmissível nessa relação. Digam o que esperam do outro: café na cama, flores, quantas vezes por semana gostariam de ter sexo… Quanto mais vocês detalharem as expectativas, maior a chance de êxito. E isso vale para depois da quarentena, também”, acrescenta.
Uma vez estabelecidos os acordos entre as duas partes do casal, é importante manter a palavra. “No fim, todos precisam concordar com o que foi decidido e ficou anotado. Evita brigas e traumas, tanto agora quanto no futuro”, garante Karen. “Respeitar a privacidade também é fundamental. A convivência 24 horas não pode ser desculpa para pegar o celular da mulher ou do marido, olhar e-mail e afins”, alerta ela.
E a Covid-19 também mexeu com a rotina de Karen Rechmann. Para ficar em isolamento social e manter o contato com os clientes de sexcoach, ela dá cursos e faz atendimentos online, além de oferecer vídeos abertos ao público em seu canal do YouTube.
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