SENAI CETIQT: Startup.tech Sociobioeconomia Amazônica em prol da valorização de recursos naturais e saberes dos povos


O objetivo é conectar soluções inovadoras de startups ou empresas de base tecnológica às demandas de indústrias de médio e grande porte, com oferta de infraestrutura e corpo técnico qualificado do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) para este desenvolvimento. A sociobioeconomia se destaca pelo fato de ter a floresta e a valorização social como elementos centrais de existência e desenvolvimento. A inovação social, sob a ótica da floresta e dos seus povos, garante desenvolvimento sustentável às presentes e futuras gerações

Startups e empresas estão voltadas para soluções inovadoras frente aos desafios da sociobioeconomia da Amazônia com objetivo de fomentar a economia sustentável e a conservação da biodiversidade do território. A sociobioeconomia se destaca pelo fato de ter a floresta e a valorização social como elementos centrais de existência e desenvolvimento. A inovação social, sob a ótica da floresta e dos seus povos, garante desenvolvimento sustentável às presentes e futuras gerações. O Startup.tech: Sociobioeconomia Amazônica, parte integrante da Plataforma Inovação para Indústria, desde agosto vem sendo alinhavado através da parceria do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, do SENAI CETIQT, e Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus) – que tem como missão ativar o ecossistema de negócios comunitários de impacto socioambiental, ampliando sua contribuição para a geração de renda no campo e conservação de florestas e biomas naturais. O objetivo é conectar soluções inovadoras de três projetos de startups ou empresas de base tecnológica às demandas de indústrias de médio e grande porte na temática sociobioeconomia amazônica, com oferta de infraestrutura e corpo técnico qualificado do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) para este desenvolvimento.

Ressaltamos a importância do projeto e você, leitor, pode conferir, no Youtube do SENAI CETIQT, a live que mostra tanto a potência do projeto como uma mesa-redonda sobre a realidade dos negócios comunitários da Amazônia e a premência de parcerias que estimulem a cultura de inovação social e empreendedorismo apoiando iniciativas; fomentem modelos de negócios que tenham como pressuposto a utilização sustentável de recursos naturais da Amazônia, entre tantos outros pontos vitais. A apresentação foi feita pela coordenadora da Plataforma de Inteligência Competitiva do ISI, Victoria Santos; mediação da líder de Relações com o Mercado da Conexsus, Fabiana Munhoz; e palestras curtas de quatro convidados: Sandro Souza, diretor-presidente do Sistema Unicafes Rondônia (União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária RO); a técnica de projetos Débora Massaro, secretária-geral da Unicafes RO; André Dutra, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia e Inovação e Negócios da Embrapa Agroindústria de Alimentos; e Mateus Szarblewski, químico industrial da área de Pesquisa & Desenvolvimento da Mercur.

Precisamos frisar que a Plataforma Inovação para a Indústria financia o desenvolvimento de produtos, processos ou serviços inovadores, com o objetivo de aumentar a produtividade e a competitividade da indústria brasileira, além de promover a otimização da segurança e saúde na indústria. Atualmente estão sendo investidos mais de R$ 78 milhões em projetos de pesquisa e desenvolvimento em diversas categorias. Hoje estamos falando sobre a categoria Startup.Tech e, neste caso, voltada à sociobioeconomia amazônica, lembrando que estará à disposição o habitat de Inovação do ISI B&F, auxiliando através da orientação das partes, identificando a oferta, a demanda e a conexão entre ambas, bem como garantindo a execução até o produto mínimo viável (MVP) entre ofertante e demandante.

As possíveis demandas e desafios na temática incluem: insumos ou produtos inovadores de origem natural derivados de plantas; processos com foco na melhoria das características de produtos e/ou insumos; tecnologias de beneficiamento e armazenamento de produtos in natura; embalagens bem como seus insumos e processos de obtenção e valorização de resíduos para o desenvolvimento de processos, insumos e/ou produtos.

O Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) está localizado no Parque Tecnológico da UFRJ, na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, onde se tem acesso a um ecossistema de empresas diferenciadas. São mais de três mil metros quadrados em laboratórios de P, D & I; cerca de 100 pesquisadores com mestrado e doutorado; softwares registrados; e 13 pedidos de patentes já depositados. “O ISI atua na pesquisa aplicada de biotecnologia, síntese e análises clínicas, engenharia de desenvolvimento de projetos e área de fibras. Produtos desenvolvidos pelo ISI estão no mercado, inclusive, sendo exportados. E contamos com um corpo de mais de 100 parcerias, tanto nacionais como internacionais”, pontua Victoria Santos.

Sede do Instituto SENAI em Biossintéticos e Fibras no Parque Tecnológico da UFRJ, na Ilha do Fundão (Foto: José Paulo Lacerda/Divulgação)

As etapas do projeto são quatro. Incluíram as inscrições no Portal Inovação para a Indústria, o matchmaking, que junta as soluções das startups com as demandas e os interesses das empresas (alinhados com os desafios de que falamos antes ou com desafios não listados, mas pertinentes com a sociobioeconomia amazônica). Na terceira etapa, é feito o detalhamento do projeto para ser executado ao longo de 12 meses: orçamento, cronograma, equipe técnica, infraestrutura e parceiros que podem ser contratados para executar o MVP. Uma vez os planos aprovados, passamos à etapa 4, a execução do plano de projeto, que começa em 1º de dezembro de 2022 e vai até 1º de dezembro de 2023.

O ISI tem uma experiência crescente em prover soluções tanto do ponto de vista de melhoria dos processos produtivos de cooperativa como do mapeamento de novas articulações para viabilizar um uso sustentável da biodiversidade, principalmente nos recursos residuais;  mercados a partir de coprodutos e resíduos das cadeias. Temos uma vasta experiência nesse tipo de mapeamento, de identificação de oportunidades – Victoria Santos, coordenadora da Plataforma de Inteligência Competitiva do ISI

CONEXSUS E ECOSSISTEMA DE NEGÓCIOS COMUNITÁRIOS

Fabiana Munhoz, líder de Relações com o Mercado da Conexsus, comenta que a organização não-governamental sem fins lucrativos tem a missão de trazer cooperativas e associações da agricultura familiar e do extrativismo para mais perto dos mercados, articulando parcerias estratégicas com entidades de produtores, instituições, agentes do sistema financeiro, empresas privadas e órgãos públicos para ampliar o impacto econômico, social e ambiental desses negócios. “É importante atuarmos nesse universo porque, em geral, são pequenos negócios, mas têm um impacto importante na região e no país como um todo. Estamos falando de 15 milhões de pessoas beneficiadas no campo. Quando falamos dos negócios comunitários, nos referimos a 30 mil empreendimentos”, analisa. O potencial em área sustentável se refere a mais de 600 milhões de hectares.

No entanto, esses negócios têm grandes desafios. Escassez de financiamento, por exemplo: menos de 40% são destinados a linhas sustentáveis. Existe uma desconexão com os mercados; os negócios comunitários trabalham, principalmente, com o setor público. Mais de 50% deles não atuam com o setor privado e muitos têm modelos de negócios frágeis.

A Conexsus age em pilares na ativação desse ecossistema e no apoio aos negócios comunitários. “O primeiro pilar é o desenvolvimento desses modelos de negócios para que sejam, de fato, inseridos nas cadeias de fornecimento, nos mercados mais formais. O segundo são as finanças de impacto, como trabalhamos com soluções financeiras customizadas para o meio rural e para esses negócios comunitários, e também trabalhando muito com o tratamento de acesso ao crédito público, como apoiamos o desenvolvimento dessas organizações para que elas se formalizem e consigam acessar crédito”, afirma Fabiana Munhoz, acrescentando: “Uma vez que se desenvolvem e passam a ter acesso a financiamento mais adequado, é importante que comercializem. Essa é a área que eu lidero na Conexsus, que é o apoio a essas organizações comunitárias a se conectar com o mercado, a diversificar seus canais de comercialização. O objetivo é ampliar e fortalecer a conexão dos negócios comunitários com os mercados através de inovação e empreendedorismo”.

Com foco em inovação para os negócios comunitários, a ideia é entender como as startups podem oferecer soluções à sociobioeconomia da Amazônia, que vão estar ligadas à demanda do mercado, daí a importância de haver médias e grandes empresas associadas a esse processo. Outro objetivo é compreender como podem atender às necessidades dos negócios comunitários e das pessoas que estão envolvidas com eles.

AS DIVERSAS VOZES

A fim de organizar o debate, Fabiana Munhoz formou uma mesa-redonda com duas pessoas vindas dos negócios comunitários, para falar do desafio e das oportunidades que enxergam na Amazônia; o funcionário de um instituto, para saber como a pesquisa alavanca a sociobioeconomia amazônica; e um representante da indústria para falar sobre a importância da Amazônia para o setor e sobre como a inovação pode contribuir para gerar produtos mais competitivos.

Coube ao diretor-presidente do Sistema Unicafes em Rondônia e diretor de comercialização da da Unicafes Confederação, Sandro Souza, abrir a mesa-redonda virtual: “Vemos grandes oportunidades no processo de organização da agricultura familiar e dos povos e comunidades tradicionais. A Unicafes surgiu nacionalmente em 2005 para representar e organizar o cooperativismo da agricultura familiar em economia solidária. Nós constituímos o Sistema Unicafes de Rondônia em 2014 com esse objetivo. Em 2019, entendemos que a representação precisava ser ampliada. Então, constituímos a Unicafes Federação, que tem a função de organizar todo o processo de gestão de negócios, principalmente no que tange a comercialização da produção da agricultura familiar cooperativada”.

Atualmente qualquer atividade é quase impossível de ser realizada sem algum tipo de parceria, principalmente quando se trata de inovação. Do lado do produtor, da representação da agricultura familiar e dos povos das comunidades tradicionais, as demandas são imensas e inúmeras – Sandro Souza, diretor-presidente do Sistema Unicafes Rondônia (União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária RO)

Secretária-geral na mesma entidade, a técnica de projetos Débora Massaro fala sobre o trabalho com agricultura familiar dentro da instituição: “São 91 mil estabelecimentos e, desses, 81 mil são de agricultura familiar. Mas, desses 81 mil, apenas 25 mil são atendidos por técnicos. É um número muito baixo. A única empresa pública que nós temos no estado é o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, que atende entre 1% a 2%. É uma gama de produtores que está desassistida em todas as cadeias produtivas. Não temos na agricultura de Rondônia uma assistência que vá do plantio à comercialização. Precisamos de parcerias para elaborar um bom projeto”.

Já que estamos falando de parcerias, o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia e Inovação e Negócios da Embrapa Agroindústria de Alimentos, André Dutra, frisa que hoje a inovação aberta, união de esforços, tem todo um alinhamento para que possamos manter a floresta em pé de forma sustentável, gerando recursos econômicos e, principalmente, valor para os consumidores que estão nos centros urbanos.

“A Embrapa Agroindústria de Alimentos é uma das 43 unidades da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) espalhadas pelo território brasileiro. Estamos distribuídos por praticamente todos os biomas, do Oiapoque ao Chuí, do Leste ao Oeste. Falando em bioeconomia, nossas unidades localizadas na Região Norte – Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas, Pará e Amapá – desenvolvem trabalhos visando o aproveitamento com o viés de sustentabilidade e, principalmente, valorizando o trabalho dos povos e comunidades tradicionais da região”, afirma André Dutra. “Assim podemos fazer o link do campo. Ou seja, de toda a capacidade produtiva da nossa biodiversidade até a mesa do consumidor, levando soluções que impactem a vida daqueles que habitam esse planeta e, principalmente, o Brasil. Nosso propósito é contribuir de acordo com a missão da Embrapa, que é pesquisa, desenvolvimento e inovação com foco na sustentabilidade e, principalmente, em toda a responsabilidade socioeconômica em prol das cadeias produtivas, não somente as cultivadas, mas, principalmente, as provenientes do extrativismo”.

Precisamos conversar com as pessoas que estão nos biomas, que estão trabalhando na sociobiodiversidade e, através dos conhecimentos que temos, unificar um propósito de desenvolver inovação disruptiva – André Dutra, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia e Inovação e Negócios da Embrapa Agroindústria de Alimentos

A  Mercur, empresa quase centenária (faz cem anos em 2024), surgiu para resolver problemas com pneus de automóveis fabricados por uma indústria automobilística nascente. “O avô do atual gestor visualizou todo o potencial da borracha. Mas muito pouco se trabalhou com pneu. Desenvolveu-se uma série de outros produtos que acompanharam a Mercur durante anos. O produto-ícone da empresa é a borracha de apagar”, conta o químico industrial Mateus Szarblewski, da área de Pesquisa e Desenvolvimento da Mercur. “A terceira geração da família não queria que fosse mais uma empresa pautada apenas em comprar matéria-prima, produzir e vender. Uma das formas encontradas para se reconectar com o propósito da empresa foi resgatar a borracha amazônica (hoje, a Indonésia é o maior produtor).

Nós nos propusemos a recriar esse ciclo, trabalhando com comunidades extrativistas e entendendo o papel delas para a conservação da floresta em pé. Hoje, a Mercur é uma empresa que está pautada em buscar novas matérias-primas. Nós temos como direcionador em Pesquisa e Desenvolvimento aumentar o percentual de renováveis nos produtos da empresa. Mais de 50% das nossas matérias-primas já são de origem renovável e vamos caminhando nesse sentido – Mateus Szarblewski, químico industrial da área de Pesquisa & Desenvolvimento da Mercur

OPORTUNIDADES E DESAFIOS

E quais são as cadeias da sociobioeconomia com que a Unicafes Rondônia trabalha hoje e os desafios para que se transformem em produtos competitivos? Sandro Souza afirma que são ligadas principalmente à agricultura familiar e algumas cadeias produtivas prioritárias, como café e leite. E outras, tanto dos povos da floresta e das comunidades tradicionais, da castanha, do açaí e do cacau. São cadeias fortes na região, sem contar o hortifrúti, que, além de ajudar na sustentação e na economia local, desenvolve o comércio”, comenta, acrescentando que um desafio típico de quando se trabalha com produtos primários é a sazonalidade. “Como esses produtos ficam disponíveis para a agricultura familiar, para as nossas cooperativas e, sobretudo, para que, ao longo do ano, possam ser acessados pelos consumidores? O armazenamento é um grande desafio tanto para produtos minimamente processados, como para produtos já industrializados, como as polpas. Há um gargalo na logística, tanto no transporte desde a floresta, desde a propriedade rural, até as agroindústrias. E também, após o produto estar com valor agregado, a logística para chegar aos mercados, supermercados, ao consumidor final. Para isso precisamos ter tecnologias para os pequenos negócios”.

Precisamos fazer a conexão do produtor, da sua cooperativa com o consumidor e, com isso, reduzir o número de intermediários. As nossas organizações, a agricultura familiar, o cooperativismo, as associações da agricultura familiar, indígenas, de ribeirinhos, os jovens e as mulheres precisam ser detentores dessa tecnologia – Sandro Souza, diretor-presidente do Sistema Unicafes Rondônia (União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária RO)

É preciso pensar a inovação a serviço das pessoas e, por outro lado, como capacitá-las para que consigam, de fato, ser parte dessa cadeia de valor. Sobre como a assistência técnica hoje pode ajudar a reduzir os desafios e pode se conectar com a questão da inovação, a técnica de projetos Débora Massaro, secretária-geral da Unicafes RO, lembra que em Rondônia, apenas 25% das propriedades familiares são atendidas por uma empresa pública. “Temos muitos produtores desassistidos. Eles acabam indo para lojas agropecuárias. O custo de produção deles fica muito elevado, pois gastam mais do que poderiam. Pode ser interessante pensar em parcerias para termos assistência ou capacitações nas cooperativas. A questão aqui é a inclusão”.

Nós temos um êxodo rural altíssimo. O que será de Rondônia daqui a alguns anos? O que temos que pensar para que os jovens prossigam na agricultura familiar? Precisamos pensar na comercialização dos nossos produtos. Produzimos com uma planilha de custo altíssima e, na hora de comercializar, ficamos nas mãos de atravessadores – Débora Massaro, secretária-geral da Unicafes RO

André Dutra fala sobre as principais iniciativas que a Embrapa Agroindústria de Alimentos tem apoiado com o aumento da competitividade dos produtos amazônicos: “A Embrapa já vem trabalhando de forma bem sistêmica essas cadeias produtivas. Trabalhamos através de pesquisa, desenvolvimento e inovação. A castanha-do-Brasil, o grande desafio ainda em sua coleta é fazer o controle de uma microtoxina que acaba se desenvolvendo nela. Hoje a Embrapa tem pacote tecnológico, principalmente para transferir tecnologia aos coletadores dentro da floresta. Mas sabemos ainda da nossa grande missão de atender as demandas desse setor para melhorarmos a qualidade dessa castanha e posicioná-la cada vez mais no mercado. Em contato com a Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Secas observamos que o segmento quer investir nessa cadeia do extrativismo, quer resolver e solucionar algumas dificuldades com logística e armazenamento, por exemplo”.

Pedimos à nossa unidade em Campinas, a Embrapa Territorial, que faz trabalhos com o uso de satélite, um mapeamento das castanheiras através da copa das árvores para sabermos a quantidade dessas árvores espalhadas principalmente na Região Norte e fazer uma estimativa de produção que dê segurança às cadeias de beneficiamento, especialmente a indústria – André Dutra, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia e Inovação e Negócios da Embrapa Agroindústria de Alimentos

“Também cabe citar aqui o trabalho realizado na cadeia produtiva do extrativismo do açaí pela nossa unidade no Amapá, que abordou a questão da qualidade da segurança da polpa do açaí, relacionada, principalmente, à doença de Chagas. Hoje temos pacotes tecnológicos que estão sendo utilizados pelas batedeiras de açaí em toda a Região Norte, gerando um produto com qualidade e segurança que também pode ser utilizado pelas indústrias de gelados comestíveis (sorvetes, picolés) e ainda pela indústria farmacêutica e de cosméticos. O maior desafio é a logística”.

Sobre os desafios de logística, o representante da Mercur, empresa que tem matéria-prima que pode ser produzida na Amazônia, falou sobre desafios e investimento em tecnologia. “Trabalhar pesquisa e inovação na floresta foi a forma como a Mercur transformou seu negócio numa ferramenta para mudar um pouco a realidade local. Grandes empresas ou empresas de médio porte como a Mercur acabam tendo uma estrutura consolidada. Nós chegamos na Amazônia para trabalhar com dois produtos das comunidades extrativistas: o bloco de borracha prensado e a manta de borracha seca. Nós desenvolvemos um processo que agrega mais valor para a comunidade extrativista, para não precisar submeter a borracha a uma indústria para ser beneficiada e daí vir para a Mercur. E começamos a trabalhar e a desenvolver tecidos emborrachados com extrativistas que hoje estão produzindo diversos outros produtos. É inovação aberta. Tem muito o que se melhorar nesses produtos. As startups podem vir para nos auxiliar nessa questão”.

Quanto ao desafio do desenvolvimento, estamos falando de regiões que podem ficar a 500 quilômetros de rio dos grandes centros. São aldeias e reservas que ficam a dois, três dias de barco de Altamira, por exemplo. Por consequência, os produtos da sociobiodiversidade têm valor diferenciado no mercado. Esse é um grande desafio: como dar acesso aos produtos da sociobiodiversidade? No dia em que criarmos produtos acessíveis a todos, estaremos dando um grande passo – Mateus Szarblewski, químico industrial da área de Pesquisa & Desenvolvimento da Mercur