SENAI CETIQT: Reflexões sobre o corpo gordo e qual a realidade do cenário desenhado pelo mercado da moda plus size


“Precisamos muito pensar a moda como lugar de identidade e oferecer a possibilidade de comunicação à pessoa grande. A opressão estética é fortíssima e tabus e preconceitos não formam progresso e geram adoecimentos psíquicos. Não podemos mais ver marcas nos deixando de fora do mercado de consumo”, pontua psicoterapeuta clínica Mel Meireles, especialista em Teoria Analítica pela Universidade Federal da Bahia. E a professora do SENAI CETIQT Bárbara Poci corrobora: “Não é você que deve caber na roupa, é a roupa que deve vestir o seu corpo. Você não tem que se encaixar em nenhuma tabela de medida; as tabelas de medidas ou as marcas de moda precisam atender às suas necessidades”

Ainda é longo o processo para derrubar a ditadura dos padrões estéticos impostos durante décadas na nossa sociedade. O movimento body positive está aí mostrando mulheres e homens lindos, poderosos com seus corpos, seguros, decididos e com atitude, mas eles ainda clamam pela pluralidade na moda produzida para pessoas gordas no Brasil e que o discurso de empresas sobre a democratização da oferta de peças seja realmente transformado em ação. Com o objetivo de promover discussões sobre o comportamento emocional diante da gordofobia, os biotipos do corpo gordo e como o mercado da moda lança luz sobre o tema, o SENAI CETIQT promoveu o seminário online “Corpo Gordo e Moda Plus Size”. Conduzido pela analista de Empregabilidade Discente do SENAI CETIQT Raquel Gomes, o evento contou com palestras da psicoterapeuta clínica Mel Meireles, especialista em Teoria Analítica pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); da professora do SENAI CETIQT Cristiane Santos de Carvalho, especialista que atua nas áreas de Ergonomia, Antropometria e Estrutura de Modelagem; da coordenadora da Plataforma de Confecção do SENAI CETIQT Patrícia Dinis, integrante do grupo de pesquisa de caracterização antropométrica da instituição, conhecida como SizeBR, que mapeou as diferenciadas configurações dos corpos brasileiros; da fundadora e presidente da Associação Brasil Plus Size (ABPS), Marcela Liz; da professora do SENAI CETIQT Bárbara Poci; e da designer de moda Isabella Allevato, formada pelo SENAI CETIQT.

“Precisamos muito pensar a moda como lugar de identidade e oferecer a possibilidade de comunicação à pessoa grande. A opressão estética é fortíssima e tabus e preconceitos não formam progresso e geram adoecimentos psíquicos. Não podemos mais ver marcas nos deixando de fora do mercado de consumo. Se elas atentarem para a escassez de opções que vivenciamos, proporcionariam um lugar de realização muito grande para todos nós em termos de consumo. Existe um desejo muito reprimido, que chamamos no mercado de demanda reprimida, entre as pessoas gordas”, comenta a psicoterapeuta clínica Mel Meireles.

A questão é extremamente séria, uma vez que padrões da moda e gordofobia sempre andaram muito próximas. “As repercussões emocionais da rejeição através da moda são intensas e acendem um alerta, pois o corpo gordo ainda é socialmente “desidentificado”. É um corpo essencialmente desqualificado. E a moda é um viés de comunicação, de identidade. Fui uma adolescente grande, fora do ‘padrão’. Na minha adolescência, não pude me identificar com grupos sociais de jovens, pois não tinha ‘a moda’ a meu favor”, desabafa Mel Meirelles.

Mesmo que atualmente os discursos de aceitação e diversidade tenham ganhado notoriedade, muitas pessoas ainda se deparam com a dificuldade em construir seu estilo devido à falta de opções e de investimento na moda plus size. Mel lebra que, naquele período da vida, não podia ser grunge, roqueira… “Eu não podia ser nada, porque as roupas não cabiam em mim. E a gente sabe que houve um momento longo em que a moda negou manequins amplos. Faz pouco tempo que a gente começou a ser reconhecida e fortalecida como consumidora”. A psicoterapeuta acrescenta que é complexo não poder comunicar quem você é através do que veste. “Roupa não é só para tapar o corpo; é, também, identidade, comunicação. Quando não conseguimos nos comunicar, isso causa mágoas, dor. O processo de comprar roupa para a pessoa gorda é bastante doloroso e frustrante. Diferentemente de muita gente, não podemos acordar e dizer: ‘Vou para o aniversário de Mariazinha com o macacão preto que comprarei’, pois, mesmo que a gente tenha mil reais, é muito difícil encontrar peças para corpos gordos. É importante entender que moda é um lugar de identidade, um lugar de poder ser quem somos”, pontua.

Ela ressalta que há outro fator que afasta a pessoa gorda da moda: o financeiro. A roupa para gordos costuma custar bem mais caro e não há acessibilidade. “Não é meramente uma questão de gastar mais matéria-prima, porque o que vemos são roupas produzidas em pequenas quantidades – quase slow fashion. As grandes marcas de fast fashion precisam entender mais que o mercado brasileiro é composto por pessoas gordas e que a gente vem de uma ancestralidade africana e indígena, não só europeia. Temos corpos diferentes, com ossos mais largos. É importante lembrar que, mesmo que as empresas de fast fashion estejam dispostas a abrir espaço para nós, ainda não conseguimos, mesmo nessas lojas, sair com peças para a gente”, constata Mel Meirelles.

A psicoterapeuta conta que precisou de um maiô e buscou os tamanhos G3 e G4 em sites de marcas de fast fashion. Nas lojas físicas de marcas conhecidas que visitou, as roupas grandes que havia visto no site estavam em falta. Curiosa, ela perguntou para as vendedoras e… “Roupa grande só no site?”. Ou seja, o que parecia avanço na inclusão era, na verdade, algo excludente: “O corpo gordo inclui gordas menores, maiores, triângulo, maçãs; ou seja, uma infinita variedade de corpos. Precisamos vestir, experimentar. E isso nos é negado e doloroso. Parece uma ótima ideia comprar pelo site, mas por que só assim? Entendemos que existe uma logística, quanto maiores as roupas, maiores são as caixas, maior é o peso. Mas e aí? Ficaremos sempre na falta? É preciso começar a pensar moda como lugar de identidade. Pessoas gordas precisam ter liberdade de acordar e dizer: ‘Vou à praia com um biquíni novo’ e comprar um biquíni novo’”.

Outro ponto excludente? Os corners específicos para pessoas gordas nas lojas. “Por que não tem na loja convencional como um todo? Parece que a gente só cabe no espaço ao lado, parece que não podemos habitar o mesmo lugar. Parece que não temos direito a ocupar espaços similares. Ficamos sempre meio ETzinhos, ‘Vamos dar uma loja para os gordos’. Parece muito bom, mas, para a gente, não é. Até porque lojas específicas para gente gorda não tem em toda cidade”, diz Mel Meireles, reiterando a opressão.

A professora Cristiane Santos afirma que só através da fala conseguiremos realmente combater a gordofobia e criar produtos que atendam ao nosso público. Ela esteve à frente de um grande estudo sobre o mapeamento dos diferentes corpos e a vestibilidade. O ponto de corte da professora e seus colegas de projeto foi o Índice de Massa Corpórea (IMC), fórmula que médicos, educadores físicos, fisioterapeutas usam. De acordo com a Medicina, alguém com IMC acima de 25 está acima do peso; ou seja, caracteriza o corpo gordo. IMCs acima de 30 apontam para obesidade. Em 2019, 55,7% da população estava, segundo o Ministério da Saúde, acima do valor considerado ‘normal’ pela Organização Mundial de Saúde. Ao longo da pesquisa, foram observados diversos biotipos: Triangular, Triangular Invertido, Retangular, Ampulheta ou Diamante. Essas classificações se baseiam nas relações das medidas de quatro circunferências: tórax, cintura e quadril.

 

E por que as formas corporais são tão diversificadas no Brasil? A professora responde citando a frase da pesquisadora Lygia da Veiga Pereira Carramaschi, da USP, que diz que o Brasil é, provavelmente, o país com maior miscigenação no planeta. Temos todas as etnias. Quando os portugueses chegaram, já havia os indígenas. Vieram os negros e, em seguida, os imigrantes. “Se tivéssemos que tirar as medidas de coreanas ou chinesas, seria fácil, pois não tiveram grandes misturas étnicas. Somos filhos de muitos úteros, por isso temos corpos diversificados”, frisa.

Cristiane Santos e equipe de pesquisa chegaram a algumas conclusões. Para começar, a professora conta que a necessidade de maior diversidade de tamanhos no momento da compra ficou muito evidente: “Se houver isso, não necessitaremos de lojas isoladas, separadas. O ideal – e eu acredito que vamos chegar nesse ponto – é encontrar o tamanho que atende nosso corpo em qualquer loja ou magazine”.

É necessário também aumentar a confiança na vestibilidade: vestir e sair com a roupa da loja. A professora pergunta: “Quem consegue entrar numa loja, experimentar uma roupa e sair sem ajuste algum? Chegaremos nesse nível de perfeição quando tivermos mais confiança. Isso vai colaborar com as compras online. Uma provocação: quem compra online e, sempre que recebe o produto, veste e fica muito bom? A roupa não tem que ser algo que a gente coloca e fica parecendo um saco. Tem que ter glamour, sensualidade, beleza. Tudo isso é importantíssimo”.

A professora diz que a democratização dos corpos é o seu lema: “Temos que acabar com a ditadura da magreza, pois mais da metade da nossa população está acima do peso. O fato de estar acima do peso de acordo com o IMC não quer dizer que não se tenha saúde. É possível estar acima do peso com qualidade de vida. Devemos batalhar sempre por roupas para todos os corpos”.

Vale a pena encarar essa batalha: hoje o mercado plus size está se desenvolvendo muito mais rápido e consistentemente que há dez, vinte anos. Integrante do grupo de pesquisa de caracterização antropométrica do SENAI CETIQT, conhecida como SizeBR, que mapeou as diferenciadas configurações dos corpos brasileiros, Patrícia Dinis corrobora que hoje há mais opções. “Conseguimos comprar em lojas que vendem para manequins convencionais, há nichos específicos de venda e lojas especializadas. Mas ainda há empresas com dificuldade para desenvolver modelagens adaptadas para tipos físicos diferentes. Isso afeta tanto o público feminino quanto o masculino, incluindo o infantil. As crianças também têm tipos físicos diferentes entre si. As que estão com características de sobrepeso ou obesidade dificilmente encontram lojas especializadas ou, dentro de uma loja convencional, uma grade com tamanhos maiores para atender a esses corpos”.

De acordo com a Associação Brasileira de Vestuário (Abravest), o mercado pluz size movimenta cerca de R$ 7 bilhões por ano no Brasil. Ainda é bastante incipiente, pois atende a um percentual reduzido em relação ao número de pessoas com sobrepeso ou, efetivamente, com corpo gordo A expectativa é de um crescimento de pelo menos 10% ao ano. Um relatório da Associação Brasil Plus Size (ABPS) mostra que o mercado brasileiro cresceu aproximadamente 21% nos últimos três anos, considerando um pouco antes de 2020 e 2021; ou seja, antes da pandemia. Enquanto a indústria de vestuário, de uma forma geral, acumula uma queda superior a 5%, o mercado plus size apresenta crescimento em torno de 25% do mercado de varejo. Os tamanhos maiores tendem a se esgotar mais rápido nas prateleiras, pois são produzidos em menor quantidade e há uma grande necessidade de compra.

O mercado de moda plus size está em franca evidência. É um mercado extremamente promissor que não atende a um único tipo de produto, mas a toda uma gama, não só de vestuário, mas de acessórios também. “Em 2020, estimava-se que havia pouco mais de 15 mil e 700 lojas físicas comercializando roupas para esse público e quase 700 lojas digitais com esse perfil. Com a pandemia, esses números e essa distribuição mudaram, mas, mesmo assim, eles demonstram o quanto esse segmento é feliz no sentido de números”, pontua Patrícia Dinis. “É importante ter o pensamento de confeccionar peças para segmentos amplos. Trabalhar com fitness, festa, casual, moda praia e todos os tipos de acessórios. Há muita restrição, por exemplo, em tamanho de anéis, colares e pulseiras. Esse público também quer utilizar acessórios e encontra restrições nessas dimensões”.

Muitas vezes é possível deixar de atender uma oportunidade de mercado como essa por puro preconceito de imagem. Muitas marcas de moda não querem se relacionar com nada que indique uma plus size, um corpo gordo. “O corpo que ela quer atender é um corpo idealizado, específico, e só vai produzir uma grade para atender esse tipo, não vai querer envolver a marca com determinada forma que aqui não é considerada adequada. Em compensação, há marcas que querem atender a todos os tipos sem qualquer tipo de restrição – inclusive de gênero. É possível, num mercado tão diversificado, haver empresas com olhares diferentes, que queiram atender de forma diferenciada”, frisa Patrícia Dinis.

E acrescenta que há novos rumos. “É um mercado que foi esquecido por muito tempo, estamos vivenciando um momento de revolução, digamos assim. As marcas estão entendendo a necessidade. É um público crescente. O consumidor de corpo gordo passa exigir mais qualidade no produto, mais profissionalismo por parte da adequação do vestuário ao seu corpo e oportunidades para profissionalização de designers e modelistas interessados em trabalhar com esse tipo de produto”.

A fundadora e presidente Associação Brasil Plus Size, Marcela Liz, conta que há 10 anos criou uma revista voltada para o público pluz size: “Saí com a revista embaixo do braço e percorri as agências publicitárias, mas o fato é que ninguém queria ser o primeiro a tratar dessa questão publicamente. Isso acabou mudando nos últimos três ou cinco anos por conta de um clamor mundial pela diversidade. E aí, claro, a publicidade e as empresas em geral, não só o mercado dito plus size, precisam se manifestar”.

A Associação entende que, antes da questão do consumo, existem outros problemas. Não se trata apenas de pensar no público final, que não encontra roupa ou modelagens adequadas ou não tem o atendimento adequado. “Temos que dar muitos passos atrás. Antes de chegar na questão ‘consumidor final’, que é enorme, nós temos a problemática gigantesca do confeccionista, a problemática do empreendedor”, comenta Marcela Liz.

Segundo a presidente da ABPS, o empreendedor de mercado plus size é “um herói”, pois precisa se inventar diariamente, numa espécie de trabalho de Sísifo: “Ele precisa criar materiais que a indústria não fornece; precisa criar novas metodologias de trabalho porque a indústria ainda não oferece métodos prontos para que ele trabalhe”, afirma.

Mas como se determina o que é plus size? A ABPS baliza o mercado a partir da numeração 46. “Entendemos que a segmentação é necessária. Alguns trabalham do 46 ao 54. Algumas empresas vão até o 56; outras, até o 60. Muitas acrescentam um ou dois números à sua grade a cada semestre ou ano. Lançam um número e testam o seu público; repetem o processo na numeração seguinte. É preciso fazer esse teste de mercado. Temos necessidade de tamanhos grandes”.

Marcela Liz diz que são gerados relatórios de inteligência de mercado. “É o nosso principal valor como associação. Também representamos os empresários do mercado plus size diante de órgãos governamentais, universidades, outras associações e da indústria. Porque não adianta chegar na indústria e dizer: ‘tem um grupo de pessoas gordas que precisa ser atendido nas suas necessidades’. É necessário apresentar um relatório: quais são essas necessidades? Quantas são essas pessoas? Onde elas estão? Quanto elas injetam na economia? São dados que a Indústria quer saber. Ela não quer conversar sobre as nossas necessidades pessoais; quer tratar das necessidades coletivas. Quer saber se vale a pena modificar uma produção a partir de um relatório”.

O fato é que o mercado plus size brasileiro fatura 7 bilhões de reais por ano – e tem grande potencial para dobrar esse número em menos de cinco anos, já que mais de 60% da população necessita recorrer a ele. Nos Estados Unidos, o faturamento anual é de 34 bilhões de dólares anuais. Eles têm 100 milhões de pessoas que usam tamanhos grandes a mais que o Brasil. Mas nós temos condição de crescer e ter um número muito mais representativo.

Também é preciso ter em mente que o plus size vai muito além da roupa. Ele passa pelo mercado joalheiro, pelos calçados. Está na arquitetura, no mercado moveleiro e no de mobiliário hospitalar. Mexe com a produção de equipamentos de segurança, aviamentos, ônibus, aviões, barcos; passa por áreas em que muitas vezes nem pensamos, mas que descobrimos em nosso dia a dia. São diversas áreas e precisamos tratar, a seu tempo, de cada uma delas porque todas são de extrema importância.

O seminário ainda contou com duas ex-alunas do SENAI CETIQT que trilharam um belo caminho profissional. A primeira foi Bárbara Poci, atualmente professora da instituição e responsável pelo estudo técnico sobre o corpo feminino visando suas necessidades relacionadas ao vestuário. Em seguida, Isabella Allevato.

“Enquanto profissionais da moda, temos a preocupação de vestir todos. O profissional que não está preparado para fazer um produto de vestuário que seja vestível, precisa estudar mais”, conta Bárbara Poci, falando sobre o objeto de estudo de sua pesquisa. “Nos levantamentos que fizemos nos estudos de Iniciação Científica sobre o Corpo Gordo, identificamos que os corpos gordos femininos que aparecem na publicidade de moda plus size são lapidados – e precisamos vestir corpos reais. A grande maioria sente dificuldade na compra de produtos de vestuário”.

De acordo com o estudo, os principais pontos sinalizados pelas consumidoras como problemas são a altura do gancho, a calça que não fecha, a calça que fica descendo quando senta, a circunferência de cintura, a circunferência abdominal (que se torna uma questão justamente pela diversidade dos bióticos corporais), a circunferência de busto: “Às vezes, a mulher tem as costas muito largas e o busto muito pequeno ou vice-versa; as costas estreitas e o busto grande; ou tudo estreito e tudo pequeno; ou tudo grande. E temos que vestir todas essas circunferências. A maioria das mulheres nós entrevistamos opta por consumir produtos de vestuário em grandes magazines”.

A partir deste primeiro levantamento, Bárbara e sua equipe identificaram que falta ao profissional de moda brasileiro a identificação das dimensões corretas do corpo gordo: “Nós trabalhamos com medidas, trabalhamos para vestir um corpo; temos que saber exatamente qual é esse corpo e o quanto ele mede. As tabelas de medidas são equivocadas, com tamanhos equivocados, numerações equivocadas, justamente porque não temos uma padronização – e nem sei se teremos. Mas precisamos seguir o mesmo fluxo, o mesmo caminho que tem aí um cunho técnico e uma pesquisa assertiva; e as modelagens são mal projetadas, porque se não identificamos as medidas e não temos uma tabela que funcione, como vamos fazer uma modelagem que vista bem?”.

Para isso é necessário entender a estrutura do corpo, suas particularidades – só assim o produto poderá ser pensado de forma assertiva.  A professora Bárbara dá dicas, também, para quem consome produtos confeccionados especialmente para tamanhos plus size online:  “No momento da compra, preste atenção no tipo de fechamento da roupa. Se tiver possibilidade de dilatar, como elástico, ganchos com três, quatro medidas tipo fecho de sutiã ou velcro expansivo, a probabilidade de a peça vestir bem é maior”, explica.

Ela também sugere dar preferência a tecidos que esticam, pois é mais provável que caibam no maior número de corpos. Além disso, tecidos com algum percentual de elasticidade trazem um pouco mais de conforto e têm a probabilidade de vestir melhor. “E, na dúvida em relação à tabela de medidas que a marca apresenta e as suas medidas corporais, compre o maior tamanho, nunca o menor. Se você compra o maior tem a possibilidade de ajustar, mas se comprou um tamanho menor, vai ter que trocar”.

A última dica de Bárbara, tem a ver com autoaceitação e autoestima: “Não é você que deve caber na roupa, é a roupa que deve vestir o seu corpo. Você não tem que se encaixar em nenhuma tabela de medida; as tabelas de medidas ou as marcas de moda precisam atender às suas necessidades”.

Já a designer de moda Isabella Allevato, formada pelo SENAI CETIQT, conversou sobre consultoria de moda, outra área em que é especializada. Para começar, ela definiu o que é esta consultoria: “É um serviço personalizado que atende a todo mundo independentemente do corpo e do gênero. Seu objetivo é traduzir o universo de cada pessoa entre os desejos as necessidades de comunicação para o vestir. Sempre partimos do ponto que a cliente tem a demanda – a dor, o desejo, a necessidade. A partir das técnicas e das ferramentas que temos, vamos, juntas, procurar formas de se chegar a esses objetivos. De um modo geral, a consultoria trata de cores, modelagens, edição de armário – quando filtramos o que faz e o que não faz sentido, o que vai continuar e qual destino daremos às peças que não queremos mais (doação? Venda?)”.

Isabella conta que a função também envolve conversas sobre compras assertivas e dentro do  estilo da cliente. “Usar tudo que está dentro do armário e não jogar dinheiro fora, como cuidar das peças para aumentar sua vida útil e montar looks que funcionam na vida real”.

“É o corpo que nos faz respirar, que leva a gente para os lugares e permite estarmos vivos. É importante celebrá-lo. Sempre pensar nele de uma forma muito positiva. É para evidenciar o que gostamos e pensar nos vários tipos de conforto. Se está confortável termicamente, se o tecido tem um toque gostoso na sua pele… e também seu conforto emocional: tem gente que se sente muito mais autêntica quando usa muita cor. E há que se sinta melhor com cores mais sóbrias. Entender isso é fundamental”, pontua Isabella Allevato.