As emissões de gases de efeito estufa estão sufocando o nosso planeta. As nações devem redobrar urgentemente seus esforços climáticos se quiserem evitar o desastre no aumento da temperatura global. O alerta vermelho foi acionado e o mundo corre contra o tempo para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 grau Celsius. Conduzir a transição energética para uma sociedade de baixo carbono é um dos maiores desafios, mas há uma união para esta realidade ser alcançada. Para a Plugue – plataforma de inovação da Comgás —, e para o Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI), do SENAI CETIQT, as empresas de distribuição de gás natural encanado podem ter um papel fundamental nesse processo.
A Plugue foi criada em 2021 com o propósito de fazer da inovação a sua jornada. “O objetivo é construir hoje a cidade do amanhã, incluindo as pessoas no centro e com eficiência em nossas jornadas. Somos um espaço aberto em que se estabelecem relações de cocriação e onde se gera valor positivo para todo o ecossistema. Temos 4 principais áreas de atuação: experimentação, aprendizado, conexão e geração de negócios”.
Para que haja a transformação das matrizes energéticas, é preciso garantir que a transição seja sustentável dos pontos de vista ambiental, econômico e social. Nesse contexto, a Plugue e o SENAI CETIQT unem forças para a elaboração de um roadmap de descarbonização do setor até o horizonte 2050. O projeto, iniciado em julho de 2022 e finalizado em fevereiro de 2023, com a direção da Coordenação de Inteligência Competitiva e Propriedade Intelectual do Instituto, teve como objetivo a identificação de aspectos tecnológicos, de mercado e regulatórios que estão impactando a transição energética do setor no Brasil, e como esses aspectos deverão se desenvolver no futuro. Para chegar a esse resultado, a equipe empregou levantamentos bibliográficos, incluindo a identificação das ações divulgadas por empresas de energia no Brasil e no mundo, entrevistou especialistas da indústria, associações, academias e consultores, além de promover workshops e realizar reuniões regulares com os times de sustentabilidade e novos negócios da Comgás.
Buscamos realizar nossas atividades de forma sustentável, identificando e mitigando nossos aspectos e impactos ambientais, estabelecendo nossos compromissos com o meio ambiente – Comgás
O ISI pode ser considerado um hub de inovação, onde pesquisadores e empresas de todos os portes podem construir oportunidades de negócios. Foi criado para trabalhar na identificação e no desenvolvimento de novos produtos e processos químicos, bioquímicos e têxteis, a partir de recursos renováveis e não renováveis, atuando de forma transversal em áreas e temas identificados como portadores de futuro para as cadeias industriais química e têxtil. O Instituto apoia as empresas no desenho da sua estratégia de P&D, no desenvolvimento de produtos e processos nos laboratórios de forma a viabilizar a inovação.
O roadmap elaborado pelo Instituto identificou quatro principais desafios para a descarbonização: escalonamento da produção de biometano e sua injeção na rede de distribuição de gás natural; preparação da operação para viabilizar a economia do hidrogênio; abater emissões não evitadas por meio de alternativas de mercado de carbono e CCUS; e aumento da participação da geração distribuída na matriz elétrica brasileira. Para cada desafio identificado, foram posicionados no estágio atual, curto, médio e longo prazos os gargalos associados e ações já em curso.
Como esse roadmap, foi possível posicionar os projetos da Comgás já relacionados à descarbonização e sugerir caminhos à empresa. A partir disso, a Comgás avaliará os resultados e priorizará suas frentes de pesquisa.
A descarbonização é uma necessidade vital. Os resultados do roadmap foram divulgados em workshops e serão apresentados em um congresso científico em maio. A proposta é que as tendências identificadas sejam compartilhadas e possam auxiliar também outras concessionárias em suas ações de descarbonização – Leonardo Teixeira, Coordenador de Inteligência Competitiva e Propriedade Intelectual do Instituto SENAI de Inovação
O FOMENTO À SUSTENTABILIDADE
Para debater os aspectos sobre transição energética no Brasil, em dezembro de 2022, cinco meses da parceria entre a Plugue e o SENAI CETIQT, foi realizado um workshop para levantar os diversos pontos e vista sobre o futuro da distribuição de gás natural e quais tendências poderão nos levar ao net zero em 2050. No site da Plugue você pode conferir que “o processo de transformação das matrizes energéticas ao redor do mundo, hoje majoritariamente fósseis, em matrizes de baixo carbono tem sido amplamente discutido nas esferas governamentais e institucionais. É preciso garantir que a transição seja ambiental e economicamente sustentável, e acessível à sociedade como um todo. Nesse sentido, debates em nível global são extremamente relevantes para o desenvolvimento tecnológico e construção de um arcabouço regulatório robusto, permitindo o desenvolvimento de um mercado competitivo e políticas públicas inclusivas. De forma complementar, discussões em nível nacional são fundamentais para que as tendências mundiais sejam contextualizadas e adaptadas às particularidades do país, considerando as características geográficas, demandas e disponibilidade de recursos produtivos”.
Durante o workshop foram abordados pontos sobre as macrotendências biometano, hidrogênio, captura, utilização e armazenamento de carbono, e mercado de carbono, visando a estabelecer estratégias de redução de emissões na cadeia de distribuição e uso do gás natural.
“De forma geral, a audiência apontou o biometano como a principal tendência para descarbonização do setor de distribuição e uso do gás natural. A sua produção e distribuição poderiam ser impulsionadas por meio da criação de políticas públicas para implantação de novas usinas e construção da infraestrutura de distribuição. O desenvolvimento do Mercado Livre de Gás também estaria atrelado a mais investimentos em ampliação da malha de gasodutos, principalmente para fornecimento a clientes industriais”.
No Brasil, o papel do hidrogênio seria de insumo para processos industriais, principalmente para descarbonização de setores industriais de difícil abatimento, como siderúrgicas e construção civil, além do uso para mobilidade, o que demonstrou um alinhamento da audiência com as tendências mundiais. Foi apontada também a relevância da produção nacional de hidrogênio para exportação, em concordância com as projeções de estudos de mercado nacionais e internacionais.
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