O Brasil tem cerca de 20% da biodiversidade do mundo; a maior floresta tropical do mundo, 70% das espécies de animais e plantas estão aqui no nosso país, e, em média, são descobertas 700 novas espécies de plantas ou animais por ano. A biodiversidade garante saúde, a segurança alimentar, é fonte de tratamento para diversas doenças e pode modular até metade do PIB mundial. A biodiversidade é capaz de impactar até 44 trilhões de dólares. Na indústria farmacêutica, pelo menos 25% dos medicamentos vendidos têm origem em moléculas naturais. E na Inovateca do Parque Tecnológico da UFRJ, prédio em formato de cubo mágico com ambientes que estimulam a troca de conhecimento e a inovação, foi realizado o Summit de Inovação em Biotecnologia Vegetal, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Vegetal e Bioprocessos (PBV) da UFRJ, com apoio do Instituto SENAI de Inovação (ISI) em Biossintéticos e Fibras, do SENAI CETIQT. Estruturado em plataformas tecnológicas de pesquisa e uma área de inteligência competitiva, o ISI conta com os mais modernos laboratórios de Biotecnologia, Engenharia de Processos, Transformação Química e Fibras, em um investimento em equipamentos de última geração e únicos na América Latina. Atualmente são mais de 150 projetos finalizados e mais de cem clientes atendendo diferentes segmentos de mercado
Recentemente, o ISI propôs a criação de uma agenda de discussão e plataforma chamada Biodiversity Business Discovery (BBD), na qual, através de metodologias computacionais e laboratoriais automatizadas, seja possível definir e descobrir a utilidade para diferentes compostos provenientes da biodiversidade brasileira. Essa plataforma se apoia na criação de diferentes pipelines, os quais são capazes de identificar moléculas e compostos com atividades de interesse, para diferentes setores industriais, incluindo o setor farmacêutico, agroindustrial, cosmético, ou óleo e gás. Finalmente, para alcançar os objetivos propostos, o Instituto reconhece ser necessária a construção de redes de cooperação, principalmente com iniciativas governamentais e privadas, que já estão atuando e explorando alternativas sustentáveis de bioeconomia.
O SUMMIT, O CONHECIMENTO E A BIOTECNOLOGIA VEGETAL
Com caráter multidisciplinar, os debates envolveram bioeconomia, uso da biodiversidade, biocombustíveis, bioinsumos, entre outros, e teve como objetivo integrar a academia às empresas e indústrias do setor, promovendo um espaço de matchmaking e networking. O start ao encontro foi dado a partir de debates sobre o papel da pós-graduação para a bioinovação brasileira, com Lucymara Agnez Lima, coordenadora adjunta de Programas Profissionais da área de Biotecnologia da CAPES. Segundo ela, a importância da formação avançada para a inovação e desenvolvimento na biotecnologia fomenta a pesquisa de ponta e a integração entre as instituições de ensino e o mercado. Participaram do Summit, alunos de graduação e pós-graduação, além de profissionais da área de biotecnologia.
Carlos Alberto Xavier Gonçalves, pesquisador consultor em Bioinformática do Instituto SENAI de Inovação (ISI) em Biossintéticos e Fibras abordou o tema “O que a indústria e o mercado procuram? Como aliar os avanços do conhecimento acadêmico em biotecnologia às necessidades do mercado?” e enfatizou a relevância do Summit para o ISI: “É bom participar de eventos como esse para que possamos expor nossos projetos, além de poder conhecer novos possíveis parceiros. Também podemos mostrar a nossa infraestrutura, o que podemos realizar. E é importante que vejamos o que a universidade está fazendo. Isso nos ajuda a pensar em novas oportunidades“.
Head do ISI em Biotecnologia, Júlio Cezar Araújo do Espírito Santo abordou o tema “O foco na biotecnologia e seu papel na bioinovação brasileira“, ressaltando como a biotecnologia pode impulsionar a inovação no Brasil, desde a pesquisa básica até a aplicação industrial. A pesquisadora da área de Inteligência de Negócios do ISI, atualmente professora visitante do PBV e integrante da organização do evento, Luana Nascimento frisou a importância da união entre academia e indústria: “É crucial, quando se trata de algumas áreas, sobretudo, as mais tecnológicas, a integração da academia ao mercado. Porque é na academia onde surge muito da pesquisa básica que dá origem aos primórdios da inovação. É dentro da universidade que se tem o início do desenvolvimento de novos produtos, e esses produtos muitas vezes ficam parados no mundo acadêmico e não chegam até o setor industrial. Então, eventos como esse possibilitam que o setor acadêmico já entre em contato com o produtivo, identificando o que precisam. Quase não vemos esse tipo de discussão hoje em dia. Atualmente, os eventos são ou puramente acadêmicos, ou puramente mercadológicos, então buscamos fazer essa ponte, essa integração entre os dois mundos”.
Na segunda rodada de palestras, Fernanda Neumann falou sobre a tecnologia e a inovação: bioprospecção e elaboração de technology roadmaps. Em seguida, Valéria Marques, em sua palestra pontuou a relevância de conselhos sólidos para o avanço e regulação das práticas biotecnológicas. Já Daniela Uziel propôs o pensar em inovação tecnológica nas universidades e a importância dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs).
Alunos se dividiram entre uma visita à estrutura do Instituto SENAI de Inovação (ISI) em Biossintéticos e Fibras e uma rodada de apresentações de pitches com soluções elaboradas pelos pós-graduandos em biotecnologia vegetal.
O Summit proporcionou ainda mesa de debates com Allan de Amorim dos Santos, integrante do ISI, do SENAI CETIQT, Washington Luiz Esteves Magalhães, representando a Embrapa Florestas, e Carla Aparecida de Oliveira Castro, da South Carolina Forestry Commission. Em pauta, a “Biotecnologia aplicada à indústria de papel e celulose“, abordando avanços e desafios no setor.
Depois foi a vez de Leandro Machado Rocha, PBV da UFRJ/UFF, Caio Pinho Fernandes, UNIFAEP, e Silvia Luciane Basso, Oleicos, falarem sobre o aproveitamento biotecnológico de metabólitos vegetais: aplicação aos setores farmacêutico e cosmético, destacando cases de sucesso. A palestra “Aplicação biotecnológica de óleos vegetais para biocombustíveis” ficou a cargo de Fernanda de Souza Cardoso, do ISI, Yordanka Reyes Cruz, da UFRJ, Graco Aurélio Viana, da UFRN, e Vanessa Quitete Ribeiro da Silva, da Embrapa Agrossilvipastoril.
Os participantes tiveram a chance ainda de acompanhar as mesas-redondas sobre microbiologia, biotecnologia vegetal e bioinsumos e Algas: fontes de fibras, produtos e energia, com diversos especialistas, como Andrew Macrae, PBV UFRJ, Marco Antônio Nogueira, da Embrapa Soja, Edsmar Carvalho Resende, 10b Consultoria, Levi Pompermayer, da UNESP, Thiago Sampaio, da Cia das Algas e Ricardo Chaloub, PBV UFRJ. A última mesa, sobre o melhoramento genético vegetal e novos impactos na indústria, contou com Márcio Ferreira Alves, PBV UFRJ, Maria Fátima Grossi de Sá, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e Gonçalo Apolinário, da UENF. Rodrigo Cano, especialista em Inovação Aberta e Novos Negócios na Symbiomics, levantou o debate sobre “Como transformar minhas ideias em negócios“, onde compartilhou estratégias para transformar ideias inovadoras em startups de sucesso.
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