O alerta vermelho foi acionado para a humanidade. As emissões de gases de efeito estufa estão sufocando o nosso planeta. As nações devem redobrar urgentemente seus esforços climáticos se quiserem evitar esse desastre no aumento da temperatura global. O objetivo principal da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26) foi induzir líderes mundiais a firmarem compromissos efetivos para reduzir as emissões que causam o aquecimento do planeta. As novas ações previstas em acordos devem ser capazes de reduzir as emissões em 2,2 milhões de toneladas de CO2, limitando assim o aquecimento global a 1,5°C em comparação aos níveis pré-industriais. Na ocasião, o Brasil apresentou uma meta de redução de emissões de gases do efeito estufa de 43% para 50% até 2030; e de neutralidade de carbono até 2050.
Com a chancela de inovação, SENAI CETIQT, Universidade de São Paulo (USP), Shell Brasil, Raízen e Hytron fecharam acordo para cooperação no desenvolvimento de plantas de produção de hidrogênio renovável (H2) a partir do etanol. A parceria tem como objetivo a validação da tecnologia através da construção de duas fábricas para a produção de 5kg de hidrogênio por hora e, posteriormente, a implementação de uma unidade com capacidade dez vezes maior.
O Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI), do SENAI CETIQT, tem como papel na parceria a aplicação da expertise em engenharia digital. Através da representação dos processos em ambiente computacional, é capaz de apoiar os parceiros, durante a construção da planta-piloto, a otimizar as eficiências e identificar faixas operacionais de interesse bem definidas para os equipamentos dimensionados com base em simulação e engenharia econômica. “Essa abordagem computacional anterior à etapa física reduz os riscos técnicos e financeiros do projeto, uma vez que mapeia os gargalos técnicos potencialmente despercebidos durante o projeto conceitual”, declara Jeiveison Gobério, Coordenador de Engenharia e Desenvolvimento do ISI em Biossintéticos e Fibras do SENAI CETIQT.
O Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos desenvolve soluções sustentáveis por meio da química e da biotecnologia industrial empregando recursos renováveis e não renováveis para oferecer novos produtos e processos. Com um conceito de alta integração com a indústria e a academia, a equipe é formada por especialistas reconhecidos nas áreas de biotecnologia, transformações químicas, engenharia de processos e fibras.
Com equipamentos de última geração e referência na área de inovação, o Instituto suporta a operação da planta através do modelo de planta virtual, que representa o sistema real. Esse modelo é capaz de representar qualquer tipo de empecilho na operação real de forma segura, confiável e a menor custo, uma vez que é possível, por exemplo, observar o impacto de variação de alguns parâmetros de processo sem a necessidade de interferir na planta física em operação, o que evita o gasto desnecessário na compra de materiais, além de permitir um processo de otimização em tempo real.
Já a Shell, contribuirá com investimento de cerca de R$ 50 milhões, por meio da cláusula de P&D, da ANP. A Universidade de São Paulo (USP) contará com um posto de abastecimento para ônibus. A proposta é utilizar o hidrogênio renovável, fornecido pela Raízen, para substituir o diesel em um dos ônibus utilizados pelos estudantes e visitantes da Universidade. A tecnologia utilizada será desenvolvida e fabricada pela Hytron, que atualmente pertence ao grupo alemão Neuman & Esser Group (NEA Group). “Nosso campus tem potencial para ser um grande laboratório. Depois dos estudos sobre o quanto é possível gerar de energia e quais são os custos, podemos transformar [os achados] em políticas públicas, para que as cidades possam incorporar essa tecnologia”, afirma Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP.
Com concretização prevista para o ano de 2023, a iniciativa busca viabilizar o hidrogênio renovável, conhecido por sua baixa emissão de carbono, além de implantar o primeiro posto de hidrogênio verde à base de etanol, não somente do Brasil, mas do mundo. “Estamos empolgados em ver que um projeto que se iniciou como um sonho de estudantes dentro da universidade agora se torna uma solução de alto impacto para a transição energética do país e do mundo”, declara Marcelo Veneroso, CEO da Hytron – Energia e Gases Especiais.
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