SENAI CETIQT cria Portal de Bioeconomia, rede de fomento ao conhecimento e novos mercados para o Brasil


“O Portal de Bioeconomia vai disseminar o conhecimento e reunir grupos científico-tecnológicas altamente qualificados para desenvolver novos mercados. Estamos lançando hoje a nossa proposta que visa conectar, facilitar o intercâmbio de ideias, fomentar negócios e parcerias entre os diversos atores do cenário tecnológico’, pontuou Sergio Motta, diretor-executivo do SENAI CETIQT, ao abrir a live que abordou o novo projeto de desenvolvimento e estratégias para a difusão e realização de negócios de forma a catalisar o desenvolvimento em Bioeconomia no Brasil

Há tempos, o SENAI CETIQT enfatiza o protagonismo da tecnologia de ponta, mas de forma in totum sustentável. Garantir que os recursos naturais do planeta não se esgotem em função do desenvolvimento tecnológico é o grande desafio proposto pelo século 21 e a Bioeconomia é tema de importância central no mundo cada vez mais pautado pela busca do desenvolvimento sustentável e alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A Bioeconomia está relacionada a um modelo de produção industrial baseado em soluções para a sustentabilidade com vistas à substituição de recursos fósseis e não renováveis. Os insumos básicos para materiais, produtos químicos e energia são derivados de fontes renováveis, em sinergia com a sustentabilidade do ponto de vista ambiental, social e econômico, com a incorporação de inovação. O Brasil tem a maior biodiversidade do planeta, e, segundo dados da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), a biotecnologia industrial, por exemplo, é capaz de agregar US$ 53 bilhões ao PIB do país e 217 mil postos de trabalho por ano.

Assim, o Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras do SENAI CETIQT, que atua de forma transversal em temas identificados como portas para o futuro para as cadeias dos segmentos químico e têxtil, entre outros, e é ponte entre o conhecimento acadêmico e as soluções buscadas pelas empresas, reuniu, no evento online Portal Bioeconomia: Conhecimento em Rede e Desenvolvimento de Mercado, especialistas de destaque no país para discutirem o start ao projeto do Portal de Bioeconomia, cujo objetivo é ser um ponto de encontro para a disseminação de conhecimento e realização de negócios de forma a catalisar o desenvolvimento em Bioeconomia no Brasil.

O diretor-executivo do SENAI CETIQT, Sergio Motta, salientou que a instituição já atua no cenário de disseminação dos conceitos da Bioeconomia. “O Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, biodiesel e celulose. De acordou com artigo da CNI, o desenvolvimento da Bioeconomia tem o objetivo de gerar uma massa crítica de pesquisadores qualificados para que novos talentos de liderança científico-tecnológica possam surgir no país. Para isso acontecer, é necessário criar, ou mesmo reforçar, um conjunto de grupos de pesquisa altamente qualificados no universo da Bioeconomia. Isso facilitará a articulação das instituições de modo que esses grupos também se tornem referência à fronteira do conhecimento”. Segundo ele, a tônica do encontro de forma virtual foi apresentar a proposta inicial do Portal de Bioeconomia, “que visa conectar, fomentar negócios e parcerias entre os diversos atores do cenário tecnológico. Facilitar o intercâmbio de ideias e oportunidades entre os stakeholders, desenvolver produtos, processos e tecnologias, gerar empregos, consolidar a indústria de base biológica e posicionar o CETIQT como membro ativo no ecossistema de inovação nacional”.

As soluções inovadoras da Bioeconomia, em especial aquelas provenientes do uso da biotecnologia industrial, fornecem uma contribuição vital na transição das atuais práticas econômicas não-sustentáveis, para sistemas industriais renováveis – a economia circular e de base biológica –, aliando inovação e sustentabilidade para a solução dos principais desafios globais. E têm tudo a ver com os pilares básicos do SENAI CETIQT, segundo o diretor-executivo, Sergio Motta: “Como Centro de Tecnologia e Inovação, temos três áreas estruturantes: Educação, Tecnologia e Inovação. A Bioeconomia já permeia essas áreas. No Brasil, é uma realidade que começou no ciclo da cana-de-açúcar e permanece viva até hoje, com as florestas energéticas para a siderurgia”.

Ao apresentar o evento, o assessor da Diretoria Executiva do SENAI CETIQT, Marcelo Ramos, contou que a live seria dividida em dois painéis (“O que é Bioeconomia?” e “Bioeconomia em Rede: Desafios e Oportunidades”), mediados por Paulo Coutinho, gerente do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras – o ISI tem diversas linhas de pesquisa e desenvolvimento de produtos a partir de recursos genéticos da biodiversidade. Paulo Coutinho sempre definiu as oportunidades para o Brasil no âmbito da Bioeconomia como vastas e singulares. E a apresentação sobre o Portal de Economia ficaria a cargo do consultor da área de Inteligência Competitiva do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras do SENAI CETIQT, Leonardo Teixeira. O primeiro painel nos propiciou conferir uma ampla análise sobre o tema Bioeconomia feita pelo professor da UFRJ na área de Gestão Tecnológica e Inovação, José Vitor Bomtempo. Já os participantes do segundo encontro virtual foram o superintendente de Inovação da Finep, Rodrigo Secioso; o coordenador-geral de Ciência para Bioeconomia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Bruno Nunes; e o presidente-executivo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), Thiago Falda, além do professor José Vitor Bomtempo.

Só para você, leitor, ter uma ideia, a Bioeconomia surge como resultado de uma revolução de inovações aplicadas no campo das ciências biológicas. Está ligada aos sistemas biológicos e recursos naturais aliados à utilização de novas tecnologias com propósitos de criar produtos e serviços mais sustentáveis. De acordo com o IPEA, ela tem por base o uso de novos conhecimentos científicos e tecnológicos, como os produzidos pela biotecnologia industrial, genômica, biologia sintética, bioinformática, química de renováveis, robótica, tecnologias de informação, nanotecnologia, entre outras, que contribuem para o desenvolvimento de processos com base biológica e para a transformação de recursos naturais em bens e serviços. A Bioeconomia está presente nas indústrias de processamento e serviços e relaciona-se ao desenvolvimento e à produção de fármacos, vacinas, enzimas industriais, novas variedades vegetais e animais, bioplásticos e materiais compósitos, biocombustíveis, produtos químicos de base biológica, cosméticos, alimentos e fibras.

O professor da UFRJ na área de Gestão Tecnológica e Inovação, José Vitor Bomtempo, nos contou que, na universidade, foi criado um grupo de pesquisa que está comemorando 10 anos de atuação. Chama-se Grupo de Estudos em Bioeconomia (GEBio). “Nós orientamos teses, temos disciplinas de graduação, mestrado, doutorado. Registro isso porque acho que talvez tenhamos sido um dos primeiros grupos a adotar o nome Bioeconomia. Falando sobre o tema, eu acho interessante uma definição feita pela Comunidade Europeia, em 2012. Por quê? Primeiro porque ela começa pensando na produção dos recursos renováveis. Eles têm que ser produzidos, sejam eles a cana, o açaí, o cupuaçu, o babaçu, a macaúba, a soja, o milho. Essa é a primeira etapa. E, frequentemente, tem a etapa de conversão desses recursos. Só que a conversão gera resíduos e eles, resíduos, também têm que ser tomados e processados em produtos que tenham valor, como alimentos, ração, produtos de base biológica e bioenergia”.

De acordo com o professor, há uma grande importância à inovação, que “é ir além do tipo de uso que estávamos fazendo dos recursos. Mas essa Bioeconomia que pretende construir novas atividades, novas indústrias ao longo do século 21, é centrada no processo de inovação”. Ele disse que é interessante contrapor com a definição americana. “Primeiro pelo peso que tem. E também por uma ideia muito interessante, a da transição industrial global. A construção da Bioeconomia está ligada à transição da sua forma de produzir materiais, da forma de você relacionar os mundos material e natural. Essa transição é mais sociotécnica que meramente técnica ou tecnológica. Mas marca esse ponto, faz uma referência aos recursos aquáticos (quantas definições se esquecem deles) e enuncia os benefícios esperados: econômico, ambiental, social e um sabor bastante americano, os benefícios para a segurança nacional”.

José Vitor Bomtempo selecionou ainda uma definição “que os especialistas do ODBio, do MCTI/CGEE tiveram o cuidado de propor. A definição é longa, mas tenta abarcar todos os pontos. Então é uma atividade econômica derivada de bioprocessos que contribui para gerar soluções eficientes de uso dos recursos biológicos tendo em vista a quantidade enorme de desafios em alimentação, produtos químicos, produção de energia, saúde, serviços ambientais, e proteção ambiental, promovendo a transição para um novo modelo de desenvolvimento sustentável e bem-estar da sociedade. A palavra inovação está embutida em diversas passagens desta definição”.

Complementou citando um estudo do Grupo de Bioeconomia, batizado “Uma Concertação pela Amazônia”. “Os pesquisadores pensaram em o que seria Bioeconomia para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. E perceberam que há diversas situações. Eles imaginaram, esquematicamente, uma ideia mais baseada na Bioeconomia tradicional (baseada na biodiversidade); outra no manejo florestal, nos sistemas agroflorestais, na integração agricultura-pecuária-indústria (Biodiversidade florestal); e um terceiro espaço, baseado em produção intensiva, a bioeconomia de commodities”.

Essas atividades, segundo o professor, destacam a origem dos recursos. “No caso tradicional, estamos falando de manter a floresta em pé. Você pode usar o recurso, mas terá que ter um equilíbrio nesse uso, um enorme desafio para estruturar a oferta de matéria-prima, diferentemente de cana, milho e soja, que têm uma logística, toda uma estrutura de produção em escala. Um espaço meio intermediário, no qual ocorre a regeneração da floresta, com a combinação do manejo florestal com alguma outra exploração (Bioeconomia florestal), e as commodities”.

E a síntese feita pelo professor é a seguinte:

1- Os recursos biológicos renováveis. “São mais que biomassa. Há recursos genéticos e ecossistêmicos. No entanto, do ponto de vista industrial, a gente olha de maneira mais forte para os recursos de biomassas. Os pontos 2 e 3 lidam com essa valorização. Pode ser uma conversão que pode exigir uma biotecnologia avançada, pode ser química, pode ser uma biotecnologia relativamente convencional. Mas tem um processo de conversão lidando forçosamente com rejeitos e resíduos (3). Isso é muito importante”.

2- Tratamento e conversão desses recursos.

3- …e dos rejeitos/resíduos dessa conversão (Economia Circular).

4- …produtos de valor… A Bioeconomia é, inevitavelmente, circular. E gera produtos que tenham valor social, econômico e ambiental.

5-…de forma inovadora e sustentável. “Ao falar de inovação, chamo atenção para inovações tecnológicas e não-tecnológicas, como as de modelos de negócios e as sociais, por exemplo”.

PORTAL DE BIOECONOMIA

Na apresentação do Portal de Bioeconomia, o consultor da área de Inteligência Competitiva do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, Leonardo Teixeira, afirmou que acredita que o Brasil já sai na frente na corrida pela adoção de práticas sustentáveis. “O país tem algumas vantagens, como as de insumos renováveis e cadeias bem estruturadas. Mais que isso: temos cerca de 20% da biodiversidade do planeta. Podemos pensar uma Bioeconomia que nos torne protagonistas no uso de recursos renováveis”, observou, acrescentando: “Precisamos de investimento para aprimorar as estruturas que já temos e de ações coordenadas. A Bioeconomia é bastante transversal. Diferentes atividades econômicas podem ser impactadas por ela. Setores como saúde e nutrição, químicos e materiais, produtos pessoais e da casa, biocombustíveis e de serviço são ‘os setores-chave’ para a Bioeconomia do Brasil. Quando pensamos também em toda a estruturação de cadeia que se faz necessária para atingir estes mercados, além de pensar no uso correto dos resíduos gerados nessas cadeias, no ciclo de vida destes produtos, vemos como é ampla a Bioeconomia, a quantidade de atores envolvidos com a Bioeconomia. Isso reforça necessidade de termos ações coordenadas que congreguem esses atores de alguma forma”.

No segundo semestre de 2020, o SENAI CETIQT incluiu a criação do Portal de Bioeconomia no seu pacto de gestão. “O SENAI CETIQT atua como catalisador do processo para que o portal esteja no ar e acessível a todos até o fim do ano. Terá como propósitos ser o ponto de encontro dos stakeholders e disseminar conhecimento e identificação de oportunidades, sempre com vista à geração de novos negócios dentro da Bioeconomia”.

Vai congregar empresas, startups, universidade e ICTS, associações, governo e órgãos de fomento, comunidades tradicionais e cooperativas além de outros players, como escritórios de advocacia, certificadores e investidores. “Para cada um deles vemos vantagens específicas. Além da visibilidade para os atores, vemos algumas utilidades para diferentes grupos. As empresas, por exemplo, poderão conhecer o estado da arte das tecnologias, identificar infraestruturas e competências disponíveis no país para ajudar nos esforços de P&D, acesso às oportunidades vigente de fomento, encontrar startups, parceiros para co-desenvolvimento, principalmente para pesquisa em fase competitiva”, contou Leonardo Teixeira.

Do ponto de vista das startups, segundo Leonardo Teixeira, o objetivo é ajudar a divulgação da empresa que está nascendo. Facilitar o acesso ao fomento e a investidores (e até de certa forma validar o potencial das ideias frente ao mercado), conhecimento e acesso a competências, mentores consultores, identificar infraestruturas etc. Já as universidades vão poder divulgar e identificar infraestrutura e competências para pesquisa, terão acesso a recursos de empresas e órgãos de fomento, encontrar parceiros pelo portal, e alinhar, direcionar pesquisas para os interesses dos stakeholders e as tendências mundiais – ou seja, ajudar a dar uma visão de demanda de mercado e de indústria para universidades e ICTs.

As associações poderão verificar tendências para direcionar ações em diferentes esferas, encontrar novos associados, identificar atores para eventos matchmaking e promover projetos colaborativos. O governo e órgãos de fomento poderão apresentar infraestruturas e iniciativas, desenhar políticas e direcionar pesquisas alinhadas às tendências e às capacidades que temos no Brasil, otimizar a aplicação de recursos e atrair investimentos para o país.

As comunidades e cooperativas terão visibilidade. Poderão validar oportunidades, ter acesso a recursos financeiros, aprimorar os processos tradicionais (para ter algum tipo de estruturação industrial que permita a exploração sustentável daquele conhecimento) e divulgar a disponibilidade de recursos naturais e/ou resíduos. Para outros grupos, podemos pensar na divulgação de serviços e conhecimentos. Do ponto de vista dos investidores, identificar potenciais startups e outras oportunidades.

Mas afinal, quais seriam os diferenciais que tornariam o portal realmente interessante para a comunidade empresarial brasileira? “Ele será estruturado com um conselho consultivo e teremos uma gestão executiva com representantes dos diferentes grupos de atores da Bioeconomia do Brasil. Teremos curadoria do que estará nas páginas iniciais do site para que as informações sejam sempre atualizadas; será um local de promoção de conexão entre os atores e de integração para a sustentabilidade. Outra característica importante é ser colaborativo, no sentido de que os atores poderão submeter as informações que desejam apresentar dentro do site”, comentou Leonardo Teixeira, acrescentando que o portal contará com outros recursos como facilidade de uso, acesso gratuito, permitir a identificação de parceiros, acompanhar o estado da arte e ter conhecimento sobre infraestruturas e competências no Brasil. Sempre pensando no apoio ao ambiente de negócios”.

BIOECONOMIA EM REDE: DESAFIOS E OPORTUNIDADES

O último painel do evento, “Bioeconomia em Rede: Desafios e Oportunidades”, foi conduzido por Paulo Coutinho e debateu como o portal poderá ajudar na alavancagem da Bioeconomia no Brasil. Para Thiago Falda, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), que representa empresas que investem e acreditam na bioinovação como a grande ferramenta para a viabilização da Bioeconomia nos seus diversos conceitos, o Portal vai contribuir para a criação de uma rede de Bioeconomia, um ecossistema ainda incipiente no país: “Existem vários exemplos de sistemas de rede, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, que permitem a integração das cadeias produtivas. O Portal vai permitir a comunicação entre os diferentes atores, a busca por financiamento e matérias-primas e a criação de uma rede de biotecnologia que congregue os segmentos de startups e os institutos de pesquisa; que tragam as demandas das grandes empresas e vai conectar todo mundo que acredita no Brasil como grande protagonista da Bioeconomia avançada”.

E como as empresas veem hoje como dificuldades para o avanço da Bioeconomia e o que estão fazendo para vencer essas dificuldades? Segundo Thiago, “para se ter inovação, o ecossistema deve ser estimulante e um marco regulatório que não gere entraves. A regulação não pode ser negligente, que desconsidere riscos, mas também não pode ser é excessiva, gerando uma burocracia desnecessária. O carro-chefe da ABBI sempre foi trabalhar na construção de um Marco Regulatório suficiente: dar a segurança necessária sem gerar entraves. O custo Brasil é um problema sistêmico nacional que vai depender de grandes reformas que estão discussão no Congresso. Elas precisam ser aprovadas. Se vamos falar de ecossistema de Inovação, é fundamental melhorar interação público-privado, aproximação de startups com grandes setores, o financiamento, que é um ponto fundamental na hierarquia”.

Principal agência de fomento à Inovação do país, a Finep é vinculada ao MCTI. E cabe à Finep o papel de executar as políticas que estão sendo e serão definidas a partir do que o país precisa para a Bioeconomia. Para o superintendente de Inovação da agência, Rodrigo Secioso, a plataforma será essencial para conectar empresas e produzir, assim, arranjos complexos. “A plataforma é alvissareira. Ela anima porque será um locus de conexão centralizado para alavancar sobremaneira as estruturações dos arranjos complexos necessários à exploração e à geração de benefícios para a sociedade brasileira”.

O coordenador-geral de Ciência para Bioeconomia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Bruno Nunes, pensa no portal como um dos pilares de sustentação de um grande knowledgehub. “A plataforma é um locus, uma reunião das iniciativas, dos atores em si. Tem essa questão de ser um matchmaking entre os setores governamental, empresarial, acadêmico e a sociedade; de poder consultar informações sobre essas iniciativas e sobre cada um deles. Essa plataforma poderia integrar uma iniciativa maior, um knowledgehub em Bioeconomia brasileira. É exatamente como pensamos, porque não cabe a centralidade de um único órgão, uma vez que a Bioeconomia é transversal, multifatorial”, observa Nunes. “E é só o início. Temos muito a desenvolver. Há toda uma parte de benchmark internacional, de marcos regulatórios, de mercado, que já está sendo feita e ainda podemos ampliar. Tem toda a parte dos próprios números da Bioeconomia, algo que nos interessa muito. Quando se fala de desenvolver política pública, não há um referencial. É necessário um referencial para se saber onde se quer chegar e não temos esse marco zero. Essas informações são extremamente importantes. Ficamos muito empolgados em ver iniciativas como a de vocês sabendo que podemos contar com esse corpo técnico todo”.

Outro apoiador da iniciativa do novo portal é o professor da UFRJ José Vitor Bomtempo: “A plataforma e essas iniciativas que se tornaram complexas e operacionais vão ajudar muito, num primeiro momento, na possibilidade de agentes, investidores, inovadores e interessados entenderem as oportunidades”.

Bruno Nunes aproveitou o evento para trazer boas notícias: “Estamos conversando internamente no ministério sobre o uso de alguns fundos setoriais que, com certeza, podem e devem financiar o desenvolvimento da Bioeconomia. São os fundos Agro, Saúde, Biotec, Amazônia. Transversal mesmo. Essas são algumas linhas que podemos acessar para o desenvolvimento da Bioeconomia. Nesse momento, estamos discutindo com os CTs, que é como chamamos os Comitês Técnicos dos Fundos Setoriais. Eles ainda não se reuniram. A discussão é sobre a forma como serão utilizados os recursos daqui para a frente. Estamos apenas esperando o ‘de acordo’ do tipo ‘Prossigam, o recurso está totalmente disponível’”, entusiasma-se Nunes.

O entusiasmo de Bruno Nunes é compartilhado pelo Superintendente de Inovação da Finep, Rodrigo Secioso: “Ainda que não consigamos fazer ações do porte que seria necessário para alavancar a Bioeconomia brasileira, mas sabemos que em 2022 teremos, mais que só o dinheiro, um arcabouço político-técnico mais que suficiente para garantir perenidade, graças ao projeto tocado pelo MCTI. Bioeconomia acontece a longo prazo. Pensar em Inovação a curto prazo machuca os ouvidos. Inovação utilizando biodiversidade e os conceitos de Bioeconomia é algo ainda mais complexo, observa Nunes. “A Finep e o Ministério precisam construir instrumentos mais ágeis para tentar oferecer ao MCTI e ao ecossistema de Inovação brasileiro um instrumento que aplique a subvenção econômica de maneira mais ágil e assertiva, sem precisar de longos prazos de seleção que comprometem a tempestividade”.