SENAI CETIQT: A Bioeconomia Azul e o potencial das matérias-primas estratégicas para o desenvolvimento sustentável


A série “Café com Bioeconomia” reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros em uma roda de conversa aberta à interação com o público. A ação tem como objetivo discutir pontos de interesse sobre o tema e é associada ao Portal de Bioeconomia, um espaço colaborativo que promove intercâmbio entre os diferentes atores do segmento no país, a divulgação de oportunidades e compartilhamento de conhecimento

O Brasil concentra a maior biodiversidade do planeta e as bioinovações podem trazer até U$ 392 bilhões de receita para o país até 2050, pensando em um cenário de emissões well-below dois graus centígrados até 2100. E o Portal de Bioeconomia, criado pelo SENAI CETIQT, vem conectando, fomentando negócios e parcerias entre os diversos atores do cenário tecnológico. Facilita ainda o intercâmbio de ideias e oportunidades entre os stakeholders, o desenvolver produtos, processos e tecnologias, gerar empregos, consolidar a indústria de base biológica e posicionar o CETIQT como membro ativo no ecossistema de inovação nacional. Trata-se de um espaço colaborativo para empresas, startups, grupos de pesquisa de universidades, institutos de pesquisa, associações, aceleradoras/incubadoras, entidades do governo, órgãos de fomento, investidores, entidades de certificação, e cooperativas/comunidades tradicionais.

Reconhecido nacionalmente e internacionalmente como um dos principais pontos de encontro e de difusão de conhecimento relevantes à bioeconomia no Brasil, o Portal de Bioeconomia realiza o Café com Bioecnomia, no qual especialistas convidados se reúnem em uma roda de conversa aberta à interação com o público. A segunda edição internacional do Café com Bioeconomia reuniu Levi Machado, professor e pesquisador da UNESP; Luis Costa, membro do Conselho Executivo de Operações e Desenvolvimento de Negócios da A4F; Scott Fahrenkrug, fundador da Forjazul, e Thibaut Monfort-Micheo, CTO e co-fundador da FlexSea. O encontro foi mediado por Rodrigo Cano, analista de Mercado do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, do SENAI CETIQT. Ele destacou que os palestrantes representam toda a cadeia de valor: desde o cultivo, passando pelo processamento e aplicações finais. Em seguida, perguntou a cada um como veem a bioeconomia azul no curto, médio e longo prazo e como podem contribuir com a área no futuro.

O professor e pesquisador da UNESP, Levi Machado comentou que é importante para o Brasil a criação de uma organização nacional de algas que agregue produtores, startups, biorrefinarias e empresas, e que fomente novas conexões. Além disso, indicou que é necessário aprimorar os processos pós-colheita, como a secagem, que pode comprometer componentes de interesse presentes na biomassa. Ressaltou também que os créditos de carbono ainda não são bem explorados nessa indústria, o que pode ser importante no futuro.

Para Luis Costa, membro do Conselho Executivo de Operações e Desenvolvimento de Negócios da A4F, no curto prazo, é importante focar em consolidar os modelos de negócio já existentes e ir expandindo organicamente, sobretudo nos segmentos de maior valor agregado. Para ele, os governos possuem papel importante em regular o desenvolvimento do setor e as questões logísticas e de pegada de carbono requerem atenção. Comentou também que algumas empresas estão identificando que suas matérias-primas não são sustentáveis e recorrendo às algas para fazer a substituição, o que deve movimentar a área nos próximos anos. Luís destacou a pressão atual de aproveitar tudo o que é residual, o que poderá ajudar a tornar as biomassas marinhas competitivas.

Scott Fahrenkrug, fundador da Forjazul, ressalta o potencial de crescimento da indústria de algas no Brasil e complementou dizendo que é um desafio entender o que compõe a biomassa e então transformá-la em um produto. Para ele, a produção no oceano precisa chegar na mesma maturidade que a produção em terra, pois já existem tecnologias disponíveis para tal. Scott também destaca que o desenvolvimento de novas linhagens pode ajudar profissionais que trabalham com algas e que já sentem os efeitos do aquecimento global.

Thibaut afirmou que a bioeconomia tem muito potencial, assim como as algas, mas que ainda falta investimento para que possa evoluir plenamente. Ele acredita também que as algas estão recebendo grande atenção, mas que existem outras oportunidades a serem exploradas e que é preciso tomar cuidado para manter a sustentabilidade da produção. Segundo ele, o maior impacto ambiental vem da extração de componentes ativos e que, portanto, desenvolver novas rotas mais sustentáveis de refino é importante.

Portanto, o Brasil tem características geográficas e climáticas que permitem assumir o papel de maior produtor de créditos de carbono do mundo. E trabalha para promover um ambiente institucional favorável à bioinovação é sinônimo de converter nossas vantagens comparativas em vantagens competitivas, impulsionando o desenvolvimento econômico sustentável da bioeconomia avançada no Brasil.