Samba-rock agita terceiro dia do Folia Tropical na Sapucaí


Paralamas do Sucesso e Martinho da Vila aproximam gêneros musicais e gerações em camarote festivo no Sambódromo.

Gordurinha e Jackson do Pandeiro eternizaram com “Chiclete com banana”, em fins da década de 1950, a preocupação em livrar o samba da influência cultural estrangeira, destacando que “Eu só boto bebop no meu samba / Quando o Tio Sam tocar num tamborim / Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba / Quando ele aprender que o samba não é rumba”. Ontem à noite, Herbert Vianna, Bi e Barone pediram licença a Martinho da Vila para lançarem mão de guitarras e baixos mais uma vez no Sambódromo, o templo do samba. Foi perfeito. O rock nacional têm nossa verve, a nossa atitude e identidade. Os Paralamas e o sambista foram as atrações da terceira noite de shows do camarote Folia Tropical, que vem agitando a Marquês de Sapucaí. 

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O badalado espaço do Carnaval carioca continua mostrando a força de sua identidade ao propor o compartilhamento de ambientes por famosos e anônimos, evidência de uma proposta inclusiva, de derrubada de fronteiras sociais e de todas e quaisquer pechas. Em meio ao público geral circulavam na noite de domingo a cantora Ana Carolina, os atores Paula Burlamaqui, Reynaldo Gianecchini, Patrycia Travassos, Totia Meireles, Paula Burlamaqui, Eduardo Moscovis, bem como o artista plástico, fotógrafo e cineasta Vik Muniz, um dos mais cultuados no Brasil e também no mundo. Vik, aliás, é um digno exemplo dos propósitos de conciliação preconizados pelos intercâmbios socioculturais nos quais as barreiras são suprimidas. Já atuou em comunidades periféricas do Rio de Janeiro, promovendo uma reflexão ímpar sobre os trabalhadores do extinto lixão do Jardim Gramacho, até então o maior aterro sanitário da América Latina, localizado na cidade de Duque de Caxias. Com sensibilidade e entrega, Vik os converteu em artistas e protagonistas do lindíssimo documentário “Lixo extraordinário”, lançado nove anos atrás. 

Neste oásis da alegria, a criticidade de seus diretores chamam atenção. O mais claro sinal de respeito à festa na Sapucaí reside no fato de os shows contratados serem executados entre os hiatos das apresentações das escolas. Há diversão, há música de qualidade e de gêneros diferentes, muita badalação, mas também há uma incessante busca pela preservação do espetáculo que acontece na própria passarela. O business não desumaniza a relação do camarote com as agremiações em seus respectivos desfiles. É louvável, portanto, o esforço do Folia Tropical em manter-se como um dos poucos ambientes da Sapucaí a não subverter a ordem natural do maior evento popular do planeta, no qual o samba é (e assim deve permanecer) o ponto de partida. As notas em conjunto e em evolução, portanto, da equipe do Folia são 10, nota 10! 

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