*Por Helen Pomposelli
Tem cheiro de flores no ar, ou melhor, de bolo florido… Falei com a chef Rachel Lopes, 33 anos, mãe de Antônio de 2 anos, advogada formada na PUC, completou o mestrado este ano em Direito da Regulação, pela FGV, trabalha com pesquisas na área de Direito, tecnologia e novas economias e acabou de lançar o livro: Uber, Inovação Disruptiva e ciclos de intervenção regulatória. O que tem a ver isso com as flores? Ah, tá…são tantas coisas que Rachel faz, que, além disso, ela é formada em gastronomia saudável pela Nós Escola e ministra aulas sobre Pães que curam e gastronomia floral. Ufa!
Desde criança, Rachel cozinha, mas nos últimos dez anos foi que realmente começou colocar a mão na massa. Adorava fazer brigadeiro, que aprendeu com a avó portuguesa Alzira Lopes, que também mantinha a tradição gastronômica cozinhando pratos tradicionais portugueses, como o arroz de polvo, bacalhau, rabanada. “Quando eu era pequena, a minha mãe não deixava muito entrar na cozinha. A cozinha pertencia a ela! Só mais tarde, depois que tive a minha primeira casa é que comecei a cozinhar e fazer cursos paralelos ao Direito. Eu fazia a faculdade de manhã e, à noite, estudava nos mais variados cursos ligados à comida”, diz Rachel, que lembrou que, quando era pequena, adorava trocar receitas com as amigas do colégio através de cartinhas.
“Eu me encontrei nas panelas e nas flores. Sempre gostei de cozinhar, mas não tinha uma direção dentro da gastronomia. Quando descobri as flores eu percebi uma missão e sentido na cozinha, na alimentação, porque eu conseguiria levar a cura para as pessoas e não somente nutrir. Assim, eu busco falar com as flores e cozinhar com essa alquimia de ingredientes. Me descobri uma pessoa criativa e feliz com isso”
Assim, depois de dez anos entre as duas profissões, Raquel pediu ao Universo que, assim que terminasse os dois cursos, mostrasse o caminho certo. “E ele respondeu. Comecei a fazer live no Instagram e recebi convites para dar aulas na Nós Escola, que fica na Gávea, e também no Jardim do Pão e na Bendita Panela”, conta.
Mas por que as flores? Rachel achou uma foto antiga da sua infância na casa da avó de quando era criança com panelinha cor de rosa cheia de flores dentro e então pensou: “Caramba! Sempre gostei de cozinhar, mas nunca pensei em fazer algo com flores. Achei muito legal e comecei a pesquisar flores que podiam ser cozidas. Descobri que podia fazer geléias, pudins, bolos. Um universo que praticamente não existe na área gastronômica. Comecei a usar a minha veia de pesquisadora que desenvolvi no Direito para poder pesquisar sobre as flores comestíveis na alimentação. Percebi que minha veia acadêmica poderia me ajudar dentro da gastronomia”
Mas a história não pára por ai… Em agosto deste ano, Rachel foi visitar a família em Portugal e chegando lá, conversando com a avó paterna, Micas, contou que estava fazendo gastronomia com flores. A avó deu a notícia a Raquel de que a bisavó dela, ou seja, a pentavó de Rachel, morava numa região de Portugal chamada Monte Alegre, onde as mulheres cozinhavam com flores. Então imediatamente, ela incluiu a cidade no roteiro para conhecer seus ancestrais.
“Quando cheguei lá em Monte Alegre, fiquei arrepiada pois além da cidade ser linda e mágica, conheci um museu chamado ECOMuseu do Barroso, que conta a vida das pessoas desta região como hábitos e tradições e o que eles usavam na comida. No último andar do museu tinham cinco caldeirões com flores mostrando como e o porquê as flores eram usadas pelas mulheres na alimentação. As flores lá são usadas como comida e tratamentos”.
Hoje, Rachel desenvolveu um pão de fermentação natural com flores, que aprendeu com algumas técnicas de panificação com a sua avó portuguesa. Além disso, desenvolve uma linha de geléias com flores como pétalas de rosa com champanhe, geléia de alecrim com pétalas de margarida, risoto com flores e bolos. “Adoro usar a flor de manjericão, flor de limão, begônia, flor de beijinho e a pétala de rosas, lavandas. São as que eu mais uso.”
Para “Sair da Caixa”, Raquel deixa a dica: “Pra quem está em transição de carreira é muito difícil largar tudo para entrar numa outra profissão. O que eu aconselho é que a pessoa faça algum curso ou atividade no horário que ela tiver livre. E assim, vai inserindo na rotina essa nova realidade que quer criar. Isso vai pontuando para o universo o que você realmente quer e está buscando. Tem gente que diz que não tem tempo, mas dá pra fazer aos poucos, paralelamente, até se tornar real na sua vida.” Adorei, Rachel!
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