*Por Helen Pomposelli
O “Saia da Caixa” de hoje fala de moda, mas aquela que pensa de maneira diferente! Faltando poucos dias para começar o Veste Rio, plataforma de moda que une Salão de negócios com outlet e novas marcas, conversei com Natalia Gargano Paes, leonina de 30 anos, psicóloga e criadora da marca Augustana, que vai desfilar pela terceira vez no evento.
“A escolha pela psicologia sempre teve influência na minha vida, profissionalmente não atuo mais, porém sempre me ajudou a ter um autoconhecimento mais apurado”, explica Natália, que se diz uma pessoa acelerada, criativa e que está sempre em busca de se conhecer melhor. Segundo a empresária, ela está constantemente buscando fazer essa autorreflexão tanto na sua área de designer como a de empreendedora. “A criatividade tem muito a ver comigo, sempre estou em busca de saídas novas, tanto na minha vida pessoal quanto na profissional, sempre invento alguma coisa para me desafiar”
Natália diz que a sua marca Augustana tem muito a ver com a sua personalidade, pois quando a desenvolveu queria dar uma “persona” em busca de suas referências tanto em moda e tendências como em comportamento e lifestyle. “Mais do que pura estética, minha inspiração é a questão comportamental como a maneira do carioca se vestir. Tento unir isso de uma forma mais sofisticada e é isso que busco para a minha marca também. Toda mulher deveria se preocupar menos, se apresentar de forma mais natural, como ela é, sou muito assim e curto isso. Se conectar com a natureza, com a sua própria essência”
Natalia morou em Rio das Ostras dos doze anos aos dezoito anos, e, nessa época, estava muito às voltas com quem era ela naquele momento e isso influenciou muito na escolha da primeira profissão. “Eu, sinceramente, não sei te dizer por que escolhi a psicologia, mas acho que muito pelo como me vejo e pelo que me motiva. A mudança para a moda foi por conta dos dois últimos períodos da faculdade, quando percebi que não queria trabalhar nesse mercado. Não me imaginava num consultório, numa empresa ou clinicando, por eu ser muito criativa, fiquei sentindo falta da criação. Trabalhando em lojas por várias marcas, fui me abrindo ao mundo da moda e gostando da área, vendo que eu levava jeito e desenvolvendo, mas não queria ficar no comercial. Pensei em abrir um negócio ligado à moda e produzi algumas peças para amigas. Comecei a fazer mini eventos e tudo começou a crescer organicamente. Da Babilônia Feira Hype, fui crescendo e levando isso de uma forma mais profissional, para seguir carreira”, conta.
A empresária, que segundo sua mãe, sempre foi muito chegada à maquiagem e à customização, se diz hoje muito natureba e prefere sair sem nada na cara. Sua marca apresenta uma moda baseada em alfaiataria moderna usando tecidos leves e naturais, mas o seu diferencial é a forma sustentável de produção. “Criei para a marca o Tag Transparente, que surgiu da minha própria maneira de pensar e de ter a vontade de dialogar e questionar com a produção da moda. Eu sempre fui muito aberta e transparente, isso são valores que eu quero pra marca, no sentido de aproximar o cliente a mim também. A gente trabalha com desperdício, gasto de água, mas podemos melhorar, tentar fazer escolhas que melhore todo o processo. Eu escolho sedas orgânicas, tecidos sustentáveis, parcerias sustentáveis e a Tag foi a maneira de mostrar que estamos dentro da consumo consciente”.
Atualmente o maior desafio de Natalia é conseguir separar a vida profissional da vida pessoal, pois ainda está muito dentro da marca. “A Augustana ainda é dependente de mim, não consigo ter uma mega equipe, faço desenvolvimento, produção, fiscalizo a produção, monto estratégia de venda, estratégia de marketing e gerencio uma mini equipe, que não é grande mas é um desafio diário”.
E como faz para “sair da caixa”? “ Antes de montar um empreendimento, trabalhar o autoconhecimento. Porque não dá pra ser um hobby, uma vez que você quer empreender para fazer disso uma profissão e o retorno tem que levar a sério e se doar demais. Precisa se colocar inteiro no negócio. Muita gente tem a visão de que na moda a coisa é glamurosa e não é isso! Está muito longe disso, tem que fazer o cliente entender o seu produto, ter um conceito atrás da marca, precificar, trabalhar o financeiro. O que vem depois do papel é uma avalanche!”
Boa, Natalia!
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