*Por Helen Pomposelli
Dança e propósito. Conversei com Andrea Raw, fomentadora da dança moderna na América Latina, bailarina há 25 anos que começou, aos cinco, dar seus primeiros passos de dança. Andrea criou o projeto Prêmio Dança Moderna que oferece bolsa de estudos em NY para alunos de baixa renda. O prêmio surgiu durante a terceira edição do Congresso Brasileiro de Dança Moderna, evento também criado por ela, que acontece anualmente no Rio desde 2011.
“Além de oferecer a oportunidade de vivenciar e aprender com dançarinos de talento, o congresso ainda promove ações sociais: inclui incentivos para jovens de baixa renda que sonham em se tornar dançarinos e facilita para que eles concorram a bolsas de estudos em Nova York, que pode ser considerada uma das principais capitais da dança moderna mundial”.
Tudo começou quando a bailarina voltou de NY, onde morou por três anos e se formou na Martha Graham School of Contemporary Dance. “Para mim, é uma missão de vida fazer projetos que sigam a minha visão de expandir o conceito das técnicas do movimento moderno para a América Latina, em especial. Eu moro aqui e tenho colegas em NY que se inspiraram no meu projeto e estão ampliando pela Europa”, explica Andrea.
Segundo Andrea, se fala muito de dança contemporânea e estamos em um panorama no qual tudo é possível, mas falta para as pessoas muita informação de base de técnicas da arte. ”São várias especificidades, mas isso não é ensinado para as pessoas jovens. E é isso que quero passar para quem participa do meu projeto”, diz a bailarina que faz todo o ano eventos no Centro coreográfico.
Graduada no Bacharelado em Artes Cênicas pela UNIRIO e em Docência do Ensino Fundamental, Médio e Superior pela UCAM, Andrea começou a lecionar em 1992, destacando-se no ensino da dança moderna no Ballet Stagium, em São Paulo, nas escolas Petite Danse, Marta Bastos e Centro de Movimento Deborah Colker, no Rio, e no MMS, de Budapeste, na Hungria. “Em Nova Iorque sei como é a vida de um bailarino, tive dificuldades financeiras e batalhei muito para pagar meus estudos”, conta Andrea que já conseguiu premiar nove bailarinos e duas não voltaram mais para o Brasil.
A bailarina, idealizadora e produtora do 1º e 2º Workshop de Técnica e Repertório de Martha Graham no Centro coreográfico do Rio de Janeiro em 2009 e 2010, produtora de Workshops com renomados profissionais internacionais como David Parsons e Ana Marie Forsythe, da Ailey School, começou nesta carreira, porque a tia era dona de uma escola de dança e era um negócio da família. Inquieta, curiosa e interessada na dança moderna, a bailarina sempre teve um espírito empreendedor e sonhava em ir para NY. “Sempre tive de dar aula para sobreviver, não tinha muita condição de viajar. Organizei e fui para ir em busca da base da minha prática”, conta.
Andrea, qual a sua dica para quem quer “Sair da Caixa”? “Buscar sempre as bases do seu ofício, seja ele qual for. Antes de você se autodenominar um profissional, entender o seu trabalho nos mínimos detalhes . O autoaprimoramento nunca é demais. Sinto que estamos numa era que as pessoas buscam resultados rápidos, sucesso de um dia para outro, e na dança leva quase dez anos para ser profissional. Não existem fenômenos instantâneos, temos que nos dedicar e aprimorar nosso ofício. A excelência não acontece da noite para o dia, é um processo de construção.”
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