*Por Helen Pomposelli
O Saia da Caixa de hoje nos mostra as possibilidades do diálogo entre as religiões do mundo e o encontro da paz. Falei com André Marinho, 35 anos, Sagitário com lua em Touro e ascendente em Peixes, palestrante e criador do projeto “Diálogo Aberto, que também chegou ao YouTube sob a alcunha de “Diálogo aberto com André Marinho”, e um curso no Rio Design Leblon sobre a História do Cristianismo – de Jesus ao Papa Francisco. “São tantas coisas que sou e tantas que fiz, que é difícil me definir. A gente é muito diverso. Muitas situações diferentes aconteceram na minha vida, mas hoje vejo como elas tem um sentido comum. Estou muito satisfeito em juntar tudo”
Para André, o “Diálogo Aberto” significa pensar nas religiões não de uma maneira segmentada e nem com o objetivo de conversão dos outros, mas, sim, entender como elas fazem parte da vida e do cotidiano, podendo ajudar a viver melhor. “Como tem que ser uma religião no século XXI e como fazer esse diálogo na prática? No momento do nosso país em que está tendo tanta raiva e ódio, mais que nunca temos que ter um diálogo aberto e sem medo”, resume. “Não há como haver paz no mundo se não houver diálogos entre as igrejas”.
Desde os 12 anos, André começou a estudar história, filosofia e teologia, e, depois de muitos cursos e leituras, o autodidata não sabia como fazer disso um trabalho profissional. Aos 20, resolveu ser ator, fazendo teatro chegando a trabalhar com Sergio Brito, Fernanda Montenegro e Gerald Thomas, além de ter feito, também, assistência de direção. Nessa época, deixou de lado os estudos teológicos, deixando também de se profissionalizar. Ao longo desse período, formado em Artes Cênicas, continuou estudando filosofia, e, aos 30 anos, resolveu radicalizar e se inscrever em um concurso de diplomacia para ter uma estabilidade financeira, mas não conseguiu passar, por conta da atual situação dos concursos. Assim, resolveu assumir tudo que fez na vida em um só lugar, o canal “Diálogo aberto com André Marinho”. A ideia é misturar a filosofia, a ciência e a religião. “O projeto reúne todos os estudos teológicos e filosóficos, junta a questão do teatro, a apresentação e também as experiências como palestrante que tenho”, diz André, que já deu mais de 800 palestras, em igrejas, centros espíritas, centros de umbandas, protestantes, congressos e universidade no Brasil e fora do país.
“Na minha família ninguém faz o que faço, embora cada um seja de de uma religião diferente, e isso me ajudou muito a dialogar com religiosos e não religiosos. Porém a minha mãe sempre foi muito compreensiva e me deu a liberdade de fazer esse caminho diferente. Nunca me oprimiram. Com dez anos, um tio disse que Deus não existia e eu fiquei uma semana doente. Quando eu melhorei daquilo, fiquei procurando uma resposta, que servisse para quem crê e ateus”.
Para André, seu maior desafio é quebrar preconceitos com relação à religião e os que não acreditam. “Porque só quebrando esses preconceitos é que vamos fazer um diálogo aberto. As pessoas disputam uma verdade, como os religiosos e os ateus. Enquanto a disputa for pela verdade, não há espaço para o diálogo e, sim, para a guerra e raiva. O dia que se entender que é possível fazer uma aproximação com a ciência e filosofia, todos sairão ganhando, porque ninguém vai ocupar o espaço de ninguém. O mundo é plural e no Brasil existem católicos que vão acender vela para Iemanjá e que acreditam na reencarnação. No Brasil já tem uma predisposição a um diálogo entre os saberes e precisamos fomentar isso” .
Saia da Caixa? “Filosoficamente, fazer exercícios, como, por exemplo, aquela pessoa que pensa tão diferente de mim, o que tenho para aprender com essa pessoa, porque ela pensa dessa maneira, como chegou a conclusões tão distantes da minha? Assim, começa a se aproximar do universo do outro. Profissionalmente, acho que a gente assumir o que já somos. Às vezes ficamos procurando ser outra coisa. E já somos alguma coisa! Eu queria ser diplomata e não estava percebendo com clareza o que eu era. A gente nunca vai dar certo enquanto não somos o que temos de ser”.
Boa, André!
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