* Por Alexandre Schnabl
Como na música de Tim Maia, Marcia Chiota é descobridora dos sete mares. Diretora de vendas da Regent Seven Seas Cruises, ela é a big boss que comanda, no Brasil, as operações da companhia americana especializada em cruzeiros de luxo. E, seja em terra firme ou a bordo do Mariner, um dos mais exclusivos navios da frota, cuida de cada detalhe. Ou, ainda, procura sempre que possível embarcar ela mesma em um dos seus roteiros dos sonhos para, entre uma viagenzinha aqui e outra ali, conhecer melhor aquilo que oferece aos brasileiros, sempre com o seu radarzinho particular voltado tanto para bombordo, quanto para estibordo. “Há pouco tempo, peguei o Mariner em Manaus e fui até Miami. Me diverti horrores e conheci minuciosamente cada detalhe. É programa para adulto que quer descansar e aproveitar o requinte de um hotel de luxo al mare, sem hordas de adolescentes zoeiros ensandecidos por rodadas de tequila ou crianças carregadas de bonecos do Mickey, esbarrando em todos. Aqui não rola isso”, comentou quando recebeu, há dias, um grupo de formadores de opinião, para quem revelava, enfática, segredinhos daquele que considera seu filho mais bem sucedido. “Ninguém entra de gaiato no meu navio e até o ambiente da piscina é seleto, com pouca gente fazendo marola”, brincava enquanto fazia o tour pelas dependências do transatlântico com o time de curiosos.
O Mariner é exclusivérrimo, e até a decoração confirma isso. Sem aquele monte de rococós comuns aos navios desse porte, que costumam fazer o passageiro se sentir em um daqueles filmes techinicolor classe B ou, pior, em um parque temático de gosto duvidoso. Ele acomoda, no máximo, 700 afortunados que recebem, de mão beijada, a proeza de viajar em uma embarcação de corredores amplos, sem gente se acotovelando. Nada de dourados, nada de volutas torneadas, nada de elevadores panorâmicos que mais parecem imitação do kaboom, aquele brinquedo de parquinho que deixa todos se sentindo figurantes naquela cena famosa de “O Inferno na Torre”. Au contraire, tudo é mais sóbrio, os ambientes com salões elegantes, bem decorados e em cores enxutas. Até os tais onipresentes elevadores de vidro, que dão para o prisma do saguão central e são constantes nesse tipo de arquitetura, se assemelham a delicadas caixinhas de música em cristal. Sim, mesmo sendo moderno, o transatlântico evoca o exclusivo luxo do passado. E, para quem pretende se sentir em Downton Abbey viajando em um cruzeiro, vai a dica: mordomos exclusivos podem fazer as vezes de valettes du chambre, servindo pessoalmente a flûte de Veuve Clicquot ou aquilo que o passageiro quiser beber nas cabines, todas com terraço e de frente para o mar. Luxo define. “A ótima relação entre hóspede (por que não chamar assim, é praticamente um hotel chique mesmo) e tripulação é mesmo surpreendente: 1:1,6. Inacreditável”, ressalta Marcia, orgulhosa do filho e certa de que ninguém entra em canoa furada em uma viagem pelo navio.
Além disso, o Mariner conta com uma filial do super exclusivo Canyon Ranch SpaClub, rede americana que dispõe de enorme variedade de tratamentos de beleza, tipo massagens de assinatura, além de refinadas técnicas de relaxamento ayurvédicas e com algas. E um salão de beleza diferenciado para cuidar dos cabelos e unhas dos bem-nascidos para que, no máximo, a brisa marinha e os raios solares refresquem suas peles de pêssego sem ressecá-las jamais.
Fotos: divulgação
A gastronomia é um espetáculo à parte. Nada daquela comida com jeito de bufê, sem personalidade e sem requinte. O Regent Seven Seas Cruises costuma apresentar em todos os navios de sua frota uma magnífica seleção de restaurantes com estrutura seis estrelas, e os restaurantes são um primor, todos de alto padrão, cada um com seu chef, diferenciados no visual e no menu. No Mariner, portanto, a coisa não poderia ser diferente. Além do Compass Rose, que serve o café da manhã e mais quatro refeições por dia – com diferenciais como refeições vegetarianas, kosher e especialidades do Canyon Ranch SpaClub -, existe o La Veranda, mais casual e com cardápio formado por especialidades dos países que o navio visita. Neste bufê, as costelas de cordeiro com molho sherry espanhol costumam ser uma das opções mais pedidas e, à noite, ele se transforma no Sette Mari at La Veranda, um autêntico italiano, onde os pratos são harmonizados com deliciosos vinhos da Península Itálica, tudo por conta da casa. E há ainda o Prime 7, uma steakhouse premium, com cortes envelhecidos por 28 dias para garantir a maciez e sabor. Por fim, completa do time de restaurantes o Signature, um genuíno francês que nada fica a dever aos melhores resturantes parisienses, incluindo clássicos indispensáveis no menu. Destaque para o magret de pato com vinagrete de framboesas e a terrine de fois gras, todos com vinhos franceses harmonizados pelo sommelier exclusivo.
Fotos: divulgação
Nós, do site, aproveitamos a visita ao Mariner e perguntamos à Marcia Chiota como os brasileiros vêem a oferta desse tipo de transatlântico de luxo, com menos passageiros e qualidade premium. Para a executiva, o mercado ainda é restrito no Brasil, mas existe grande potencial. “Navios que operam na categoria all suites e all inclusive ainda são novidade por aqui”, comenta. Para ela, enquanto os europeus viajam em busca da natureza e, por isso, escolhem rotas para paraísos exóticos (para eles) como Ásia e América do Sul, os americanos apreciam história e cultura local e querem ir para Europa e Ásia. Já os brasileiros primam por viagens pelos mares Mediterrâneo e Báltico. “Mas, surpresa, eles têm demonstrado interesse pelas viagens ao Alasca. São lindas de morrer!”, revela Marcia, completando que, independente de origem, a percepção de fazer uma viagem com serviço diferenciado é unânime: “Nada como visitar vários destinos com o conforto de um hotel flutuante e serviços consistentes em qualquer parte do mundo”.
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