Depois de alguns meses longe do Brasil, Carolina Dieckmann está entre nós. A musa ficará no país para divulgar a nova série da Globo, Treze Dias Longe do Sol, mas garantiu que a estadia será curta e logo voltará para os Estados Unidos, onde vive atualmente. Em seu mais recente trabalho na televisão, ela interpreta Marion, a filha de um rico empresário que é soterrada pelos escombros do próximo investimento do pai. “Quando uma pessoa passa por uma catástrofe desta, vive uma situação que nunca pensou que iria lidar. No entanto, a partir do momento que encara aquele problema, acaba experimentando coisas que nunca fez. Por isso houve a necessidade de preparar os atores para enfrentarem a mescla de sensações que este indivíduo supostamente sente”, contou Carolina. Para entender este sentimento, o elenco utilizou, durante a preparação do personagem, uma bexiga com água para sentir que parte do corpo vibra a cada sensação experimentada. “Nunca tinha trabalhado com esta consciência”, informou.
Apesar do tema central da trama não ser a queda do prédio, os personagens sofrem constantemente por estarem presos debaixo da terra. Diversos ferimentos são mostrados ao longo das cenas. Como existe esta degradação física das pessoas, não houve a necessidade de Carolina Dieckmann usar maquiagem. “Fiquei feliz com isso, porque de manhã não tinha ninguém em cima de mim. Eles jogavam uma poeira na nossa cabeça e começavam as gravações. Então, não paravam a cena porque a atriz estava suando, era até melhor. Além de não precisar trocar de roupa”, comemorou. A musa contou que não tem vaidade quando está atuando e por isso não se importa em como será vista pelas pessoas. Este conceito vale para a sua vida no geral, já que garante não se importar com a aparência. “Acho que quando olhamos para uma pessoa, estamos vendo o nosso reflexo nela. Eu quero passar sorrisos, alegrias e verdades. Não é na estética que me baseio, porque quando a minha cara cair, espero que estas coisas continuem”, informou Carolina.
A atriz ainda disse que as gravações da minissérie a fizeram refletir muito sobre a vida e a morte. Marion, a personagem de Carolina, não sabe se irá sobreviver àquele episódio, que a tocou profundamente. Ela se questionava sobre o que diria para os seus filhos, Davi Frota e José Worcman, se soubesse que não os veria de novo. “A única coisa que pensava em dizer é que os amo, porque só isso que é importante no fundo. Todo o resto é bom e confortável, mas o que a gente leva é o amor”, pontuou. Ela confessou ter pavor de falecer por cogitar em nunca mais ver os menores. “Quero cuidar deles e os assistir crescendo, se formando e se casando. Uma mãe não pode morrer. Esta era a minha pulsão para fazer a Marion”, comentou. Esta visão que pode ter ao se deparar com a catástrofe de sua personagem a mudou como mulher. “Obviamente, saí modificada desta personagem, porque ao longo de cinquenta dias tive contato com sentimentos que nunca me tocaram na vida”, informou.
Este aprendizado se deve às inúmeras cenas físicas e psicológicas extremamente profundas que fez ao lado de Selton Mello. O elenco precisou lidar com a sensação de viver debaixo de escombros. “Tínhamos equipe de segurança e bombeiros no estúdio durante as filmagens. Em nenhum momento deixamos de ter a estrutura para trabalhar, mas vimos o teto desabando e coisas explodindo o que pode gerar um receio na pessoa. Quando explodia alguma coisa, tínhamos uma onda de poeira no set o que era bem real. Isto tudo me assustou por nunca ter escutado estes barulhos, mas em nenhum momento tive pânico”, relembrou Carolina. Apesar de sair do set cansada, ela conta que ficava feliz ao ver a luz do sol ou da lua, além de poder ver carros e pessoas. “Era uma sensação ótima, porque realmente deve ser desesperador ficar debaixo da terra”, lamentou.
Apesar de não ter claustrofobia, Carolina confessou que tem receio de elevadores lotados por pensar como seria se aquele material caísse. “Na época das Olimpíadas no Brasil, peguei o metrô que tinha acabado de ficar pronto e ele estava lotado. Eu não sabia que o trem andava por debaixo da terra aqui no Rio e na hora que entrou, achei que eu fosse desmaiar”, avisou. A atriz confessou que não utiliza o transporte público constantemente por preferir se locomover de carro, mas durante a sua estadia no Brasil está usufruindo mais do metrô. “O Tiago Worcman, meu marido, está andando de metrô todos os dias e, às vezes, vou junto”, lembrou.
A rotina que Carolina Dieckmann tem no Brasil é totalmente diferente da que possui em Miami, nos Estados Unidos. A atriz se mudou no início do ano passado porque o marido, com quem é casada há dez anos, assumiu a direção da MTV latino-americana. “Minha vida está comum. É uma rotina normal de uma mulher que busca o filho na escola, leva para o tênis, vai ao mercado, paga uma conta e outras coisas que não fazia aqui no Brasil. Eu tenho uma vida privilegiada, mas vejo que é comum nos Estados Unidos as pessoas fazerem o serviço da casa, por exemplo”, contou. Ela garantiu que faz a faxina da casa, cozinha e dá banho no cachorro.
A sua rotina no exterior é totalmente dedicada aos estudos. Na ida e volta da escola, ela costuma andar pelas ruas de bicicleta. Veículos como este não eram muito usados no Brasil devido a falta de segurança existente no país. “Quando as pessoas me perguntam sobre a segurança sempre fico triste. Queria que todo mundo aqui pudesse sentir o que vivo lá. É tão essencial, simples e básico a gente se sentir bem ao andar sozinho à noite”, lamentou.
Apesar de ter ido sem data para voltar, a atriz garantiu que a crise financeira e política não tem nada a ver com a mudança. Quando foi para o exterior, o Brasil estava às vésperas das Olimpíadas com todos os investimentos voltados ao mercado brasileiro, segundo Carolina. “Era um momento cheio de esperança”, relembrou. Assim como o déficit econômico não foi o motivo da sua ida, não será a razão da sua volta. Mesmo assim, ela não esconde que está acompanhando constantemente o noticiário e checando as decisões políticas nacionais. “É muito triste ver o meu país passando por esta faxina desesperada. Olho no rosto das pessoas e vejo que ninguém tem esperança por ver tantas máscaras caindo. Isto é muito triste. Posso estar no Japão, mas o meu coração sofre com isto. Minha família está aqui, inclusive, o meu filho mais velho. Sou daqui. Aonde quer que eu esteja, nunca esqueço no Brasil e do que está acontecendo aqui. Não estou sentindo a pressão e insegurança que todos sofrem no dia a dia, mas isso me machuca igualmente”, informou.
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