Há 10 anos ela conquistou o público com uma vilã super loira e malvada em “Alma gêmea”, no horário global das 18hs. Eis que agora Flávia Alessandra surge novamente platinada no horário em uma nova parceria com Walcyr Carrasco e Jorge Fernando, dupla responsável pelo sucesso de sua antagonista em 2005, época de mocinhas cultuadas. “A Sandra é diferente da Cristina, mas não totalmente. Tem muitos elementos que encantaram a galera na época e que eu trago, tento resgatar e colocar na forma da Sandra. Os impulsos são outros, a Cristina era movida pelo amor de um único homem que não reconhecia esse sentimento, então era mal resolvida. A Sandra tem objetivo de se dar bem, é ambiciosa, pragmática, para ela não existe o amor. Ela é resolvida com a sensualidade, com os homens, são caminhos diferentes”, explicou a atriz, que ressaltou a felicidade de estar repetindo a parceria de sucesso: “É a vida coincidindo de eu trabalhar de novo com Walcyr e Jorginho. É encontro de almas”, declarou.
Sobrinha de Anastácia, vivida por Eliane Giardini, a personagem de Flávia é ambiciosa e apaixonada por dinheiro. “Começa tudo perfeito na vida dela. O tio falece no primeiro capítulo e a vida estava garantida, mas aí a tia revela que tem um filho e a Sandra perde o chão. Ela nunca quis casar, queria ter grana. Quando vê que isso está em perigo é que tudo muda”, explicou. Mas será que essa mulher não se rende a paixão? “Nada! Ela chega a dizer que o Candinho (Sérgio Guizé) pode ser um capeta, mas, se for necessário, casa com ele. Por dinheiro. Na minha cabeça a única relação mais possível seria com o Ernesto (Eriberto Leão). Os dois vilões que se encontram e almejam se dar bem, mas o Walcyr logo disse que ‘nada de paixão, Sandra não se apaixona, quer se dar bem’”, riu. Ainda assim, as cenas sensuais virão: “Fogo é o que ela mais tem. E usa a arma da sedução muito bem com todos os homens. Mas ela é fingida para a tia, se faz de pura”, adiantou.
A inspiração para o visual de cabelos platinados e muito glamour, ela nos entrega, é gringa: “São várias atrizes de Hollywood da época. Peguei a secura, ironia e vilania da Bette Davis – tenho visto muitos filmes de época até incorporar e isso se tornar automático. A Sandra é uma mistura de Marilyn Monroe e Grace Kelly. Em seu lado chique, classuda que se funde com a sensualidade, o fogo, aquilo à flor da pele. Esse cabelo também é da estética da época. Uma das questões do platinado é que a Sandra é ‘pra frentex’, a personagem que mais recebia influência dos anos 50, quando as divas de cinema ditavam a moda totalmente”, explicou a atriz, ressaltando que “dá trabalho”, já que “não pode ter uma raizinha”.
Flávia, que tirou cerca de um ano e meio de descanso após “Além do horizonte”, sua última novela, vem retomando a rotina no Projac – estúdios da Globo na Zona Oeste carioca- e, agora, encontra com a filha Giulia Costa e o marido Otaviano Costa (que apresenta o “Vídeo Show”) pelos corredores. “A família toda se vê. É divertido. Uma das cidades cenográficas de ‘Êta mundo bom’ é do lado da de ‘Malhação’ (novelinha teen em que a filha atua), então consigo almoçar com a Giulia às vezes. Com o Otaviano é mais difícil, porque ele fica longe e quando acaba de gravar tem outras funções, reuniões, decisão de pauta”, explicou.
Aliás, o início da vida artística da filha, de apenas 15 anos, é só orgulho para a mãe. “Trocamos figurinhas boas. Estou acompanhando a novela, a gente assiste, coloca para gravar. A Giulia não pede tantas dicas, mas quando temos cenas longas ou de raiva a gente troca, bate juntas. Ela pede, eu peço, o Otaviano ajuda também. Agora, a Olívia (filha mais nova) também quer bater cena”, contou, aos risos. Será que isso diz algo, Flávia? “Acho que não. Ela quer ser cantora, canta o dia inteiro e é afinadinha!”, entregou.
Se são poucas as dicas de trabalho, as de como se portar diante da mídia são frequentes. “Eu continuo falando para a Giulia a mesma visão que sempre tive da carreira, de que é difícil, loucura. É o que ela ama, mas tem que ter um ‘plano b’ até decolar. Começamos na mesma época com a mesma idade, então vejo quase a mesma história se repetindo. A grande diferença, que ela vai ter que saber lidar melhor do que eu – claro que ela já nasceu exposta, filha de duas pessoas públicas, mas quando eu comecei, aos 15 anos, não havia rede social, tantos paparazzos, sites. Ela já vive isso. Ele teve que lidar sendo filha desde sempre, mas é a primeira vez à frente. Para conseguir tomar um porre, fugir com as amigas, ficar com alguém escondida e ninguém saber vai ser difícil. Eu falo isso sempre. Não vivi isso, graças a Deus”, disse.
O “plano B”, no entanto, Flávia viveu intensamente. “Demorei um tempo para crer na profissão. Fiquei dez anos pagando a minha OAB (carteira que permite o exercício do ofício de advogada pela Ordem dos Advogados do Brasil) até que a ficha caiu. Aí teve uma hora que eu parei e pensei: ‘ok, tudo bem, acho que deu certo, vou viver disso’”, lembrou. E foi além: “Meu pai militar sempre foi rigoroso. Ele me apoiava e dizia que mulher tem que ser independente. Isso eu passo para as meninas sempre”. Homem de visão, ele.
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