Sorrir não é tão simples para quem nasce com fissura labiopalatina, uma má formação que tem como resultado uma abertura no céu da boca e no lábio. A cada três minutos uma criança vem ao mundo com esta deformidade que pode gerar consequências sérias em seu futuro, desde dificuldade na hora de se alimentar até problemas de comunicação e no momento da alfabetização. O Dr. Gabriel Basilio, colunista aqui do site HT, é um dos cirurgiões plásticos que trabalham na maior ONGs de voluntariado médico do mundo, a Operação Sorriso, que atua em diversas comunidades na busca de inserir o indivíduo na sociedade a partir da correção desta condição. O doutor já participou de cerca de 12 missões ao redor do mundo e a próxima será na cidade de Monterrey, no México. A viagem acontecerá entre os dias 13 a 25 de junho quando passará 10 dias focado em dar assistência a quem precisa. “Em uma missão, nada pode dar errado. Os pacientes precisam ser muito bem selecionados. É preciso ter muito cuidado quanto a saúde destas pessoas que muitas vezes não tem um suporte bom. Não acho que é o caso do México, já que é um país muito parecido com o nosso. Eles possuem profissionais capacitados, mas algumas regiões que tem uma carência. De qualquer forma, precisam estar saudáveis para serem operadas com segurança. Tudo deve ser simples, eficaz e de baixo custo”, afirmou.
Além de fazer parte de uma missão, o próximo desafio do Dr. Gabriel será organizar uma em sua cidade natal, Vitória, já que foi escolhido pela própria diretoria nacional para exercer este papel de liderança na região. “Trato em torno de 30 pacientes do Espírito Santo por ano no Rio de Janeiro, então existe um volume grande e não há assistência naquela região. Vou depender de captação de empresas, de suporte do governo, apoio de um hospital que me doe salas e muito mais”, afirmou.
Apesar de ter completado 11 anos trabalhando voluntariamente para a instituição, o doutor sente que ainda é apenas o começo. Existem vários degraus que o profissional já passou dentro da Operação Sorriso. Inicialmente, era apenas um cirurgião voluntário observador, depois viajou em algumas missões como auxiliar do médico principal e, a partir disso, foi outorgado para atuar sozinho dentro de seu próprio país. A próxima conquista será conseguir um internacional board, que o permite liderar uma missão em qualquer lugar do mundo. Mesmo ainda não tendo chegado ao topo, o GabrielBasílio já é visto dentro da ONG como um líder brasileiro em potencial. Não foi por acaso que ele participou recentemente de uma reunião internacional com mais de 60 pessoas, promovida pelo próprios fundadores, Bill Magee e Kath Magee, para fomentar novas iniciativas dentro do voluntariado. “É um encontro muito pessoal, quando o casal faz questão de receber cada pessoa. É incrível o cuidado que possuem com cada um de nós. Além disso, sempre valorizam as conquistas e ideias, sejam elas pequenas ou grandes, como foi o caso de terem formado mais de 100 cirurgiões no Malawi, um país não possuía nenhum”, comentou. Existem pequenos prêmios que ajudam a fomentar estas iniciativas durante o evento.
Somente cinco médicos nacionais e dois residentes participaram deste encontro que aconteceu nos Estados Unidos, na Virginia. Sendo assim, o Dr. Gabriel teve a oportunidade de ver cirurgiões, dentistas, odontólogos, enfermeiros e nutricionistas unidos por uma única causa. “Quero muito viver este projeto. Tenho uma história muito grande com voluntariado. Nem todo mundo no Brasil teve as oportunidades que tive e pretendo agora devolver um pouco isso. A gente esbarra em muitos problemas e voltar de missões e reuniões como esta nos deixa mais revigorados para tentar novos sonhos”, informou. O médico desenvolveu a vontade de auxiliar o próximo ainda muito novo, já que ajudava no tempo extra escolar a lidar com crianças carentes moradoras de uma comunidade em Vitória. “Enquanto para algumas pessoas isto pode ser algo especial, para mim é muito básico. Acho que temos que fazer um pouquinho”, completou.
Reuniões motivacionais são muito importantes dentro da ONG já que existem muitas dificuldades por se tratar de uma empresa sem fins lucrativos. A nível nacional, a estrutura da Operação Sorriso foi muito afetada pela crise econômica. “Apesar de termos uma das maiores economias do mundo, acho que o Brasil não temos uma cultura de doação muito grande. Se até programas de televisão são questionados sobre a sua veracidade, imagina uma instituição americana, que existe em 60 territórios? É difícil uma empresa grande acreditar nesta ideia e doar”, explicou. Apesar da maioria dos trabalhos serem voluntariados, existe um pequeno time em cada local que é pago pela organização americana para desenvolver um programa de capacitação, de recursos, de marketing, de ajuda de voluntariado, de controlar e fazer novas missões e dar suporte educacional para os institutos.
Ainda há muita coisa a ser feita. Apesar das missões atenderem muitas comunidades carentes ao redor do mundo, o processo ainda não é o suficiente já que pacientes mais graves não podem ser atendidos, pois precisam de um suporte maior e talvez fiquem um tempo internados. “Imagina se estamos no Malawi e não possuímos um centro cirúrgico bom para que a criança possua um desenvolvimento adequado depois do procedimento?”, ressaltou. O mesmo acontece a nível nacional. Ainda há muitas comunidades, principalmente no Norte, que possuem a necessidade de serem atendidos. A ONG é a única que atua nesta região do país. “De acordo com a minha experiência, se não fosse a Operação Sorriso na região Norte e Nordeste nenhum dos casos de fenda palatina seriam tratados. 100% dos pacientes continuariam com a fissura”, considerou.
Como existe um déficit de atendimento médico para estes pacientes no Brasil, muitas pessoas estão sendo operadas em sua vida adulta pela ONG. O procedimento correto seria submeter os indivíduos com meses de idade a esta operação. “De uma forma bonita, poderia falar que me emociono positivamente e fico feliz ao terminar uma cirurgia. Mas não é verdade. Fico com pena e fico pensando que país nós temos que deixa pessoas passarem a vida inteira com este problema. Me sinto muito frustrado. Na última quinta-feira, fiz uma cirurgia em um senhor que me pediu para tirar uma foto, porque ficou visivelmente emocionado. Lógico que vejo o quanto de bem que faço, mas o que predomina é esta sensação ruim. Vivemos em um país com muita gente boa, porém o problema é que os ideiais de poucos ruins atrapalham demais”, lamentou. A gente tem muito orgulho do trabalho do dr. Gabriel Basílio!
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