Podcasts: O mercado que cresceu na pandemia, Globo anuncia maior investimento e famosos elegem seus preferidos


Com a expansão do formato, a Globo anuncia parcerias para investir em podcasts de olho no mercado promissor. Ouvimos o ator e apresentador Hugo Bonemer e a atriz Mariana Xavier, que tiveram experiências com o modelo e também compartilham seus podcasts ‘queridinhos’. Além disso, conversamos com Eron Falbo, investidor e criador do podcast de variedades “No Alvo”, que destaca que o aumento do foco no produto se deve ao crescimento do mercado que chegará a uma receita de quase US$ 1 bilhão só neste ano. Vem saber!

*Por Brunna Condini

Você já ouviu algum podcast? O conteúdo em áudio, disponibilizado através de um arquivo ou streaming, que pode ser escutado sob demanda? Caso não, certamente já ouviu falar, já que o modelo vem crescendo na internet durante a pandemia. No entanto, vale salientar que este formato de informação e conteúdo já vinha em expansão antes mesmo do cenário em que vivemos. Segundo um estudo da Deezer, plataforma de streaming, entre 2018 e 2019, o consumo de podcasts cresceu 67% no Brasil, um índice que é superior ao de países europeus. O cardápio do modelo também ganha na diversidade de opções indo de jornalismo, passando por meditação, saúde e bem-estar, chegando a cinema, humor e entretenimento, esportes, futebol, economia e muito mais.

A Globo inclusive, anunciou na última quinta-feira (21), que vai investir pesado no mercado de podcasts. Os planos foram apresentados no AudioDay Globo 2021 que contou com a participação de executivos da empresa, mercado publicitário, profissionais do mercado independente ligados à produção e distribuição de podcasts e talentos que integram o catálogo de áudio da emissora. A empresa também divulgou que vai se aliar a produtores independentes para expandir seu catálogo e aumentar a exposição desses parceiros. A B9, uma das maiores produtoras de conteúdo em áudio do país, já fechou uma aliança com o grupo para trazer os podcasts ‘Mamilos’ e ‘Braincast’, que passam a ser promovidos e comercializados com exclusividade pela emissora. Os programas jornalísticos que já existem vão ganhar espaço na Globoplay e dividirão a audiência do público com novidades de entretenimento, economia, astrologia, aviação e também o BBB21.

A jornalista Renata Lo Prete grava 'O Assunto', criado em 2019 e um dos carros-chefes do online da Globo em se tratando de podcasts (Reprodução)

A jornalista Renata Lo Prete grava ‘O Assunto’, criado em 2019 e um dos carros-chefes do online da Globo em se tratando de podcasts (Reprodução)

O escritor e investidor Eron Falbo, que criou ano passado o podcast de variedades “No Alvo”, destaca que o aumento do foco neste formato se deve ao crescimento do mercado de podcasts que chegará a uma receita de quase US$ 1 bilhão só neste ano, no ramo publicitário apenas nos Estados Unidos. Eron também desmistifica o formato como sendo menos popular e salienta o caráter democrático do ‘queridinho’ do momento. “A classe C consome mais que o dobro da classe A, de acordo com uma pesquisa da FAAP. E de acordo com a pesquisa da Associação Brasileira de Podcasters, a maioria dos ouvintes tem o superior completo e 19% deles tem até pós-graduação. Isso significa que ao mesmo tempo que é democrático, também é intelectualizado. Quem prefere podcast, gosta de conteúdo inovador, de conhecimento”.

Eron Falbo: “Ao mesmo tempo que o podcast é democrático, também é intelectualizado. Quem prefere podcast, gosta de conteúdo inovador, de conhecimento” (Foto: André Luiz Mello)

Famosos que andam curtindo

O programa que pode ser ouvido onde e quando quiser, também conquistou famosos como Miá Mello, que estes dias estava no Twitter pedindo indicação de podcasts e angariou várias dicas como o ‘Nerdcast’, o primeiro podcast focado em cultura nerd do Brasil, que alcançou a marca de 1 bilhão de downloads, e o ‘Imagina Juntas‘, sobre a vida dos millennials.

Miá Mello usou o Twitter para pedir dicas de podcasts (Foto. Reprodução Instagram)

Miá Mello usou o Twitter para pedir dicas de podcasts (Foto. Reprodução Instagram)

Já a atriz Mariana Xavier que tem o seu ‘PODeXÁ’ – onde o público pode encontrar principalmente conteúdos sobre autoestima, comportamento, relacionamento e combate a todo tipo de preconceito – conta que adora o formato porque o hábito de ouvir está presente na sua vida desde a infância. “Sempre gostei muito de conversar, de ouvir as pessoas. Conhecer suas histórias, suas visões de mundo. Isso me ajudou a ampliar as minhas perspectivas sobre a vida e sobre mim mesma. Especialmente nesse momento de ‘milentena’, em que as conversas presenciais variadas não estão sendo possíveis, acho que os podcasts têm ocupado parte desse lugar na minha vida. Têm sido ótimas companhias durante as tarefas domésticas e servido também de inspiração para criar meus conteúdos no YouTube e no Instagram”, diz Mariana.

Ela também compartilha seus podscasts preferidos: “Minha paixão do momento é o ‘Para dar nome às coisas’, da Natália Sousa.  Mas sou ouvinte fiel também do ‘Dilemas’, da Lua Barros e Pedro Fonseca, do ‘Café com Cuscuz’, do Alexandre Coimbra Amaral e Elisama Santos, e do ‘Autoconsciente’, da Regina Gianetti“.

Hugo Bonemer no elenco de ‘Sofia’ ao lado de Cris Vianna, Monica Iozzi e Otaviano Costa, o primeiro podcast de dramaturgia nacional (Divulgação)

O ator Hugo Bonemer, também apresentador do Canal Like, está na primeira áudio série produzida pela Spotify Studios no Brasil, que tem também com Cris ViannaMonica Iozzi e Otaviano Costa no elenco, e conta a história de Helena (Monica Iozzi), uma mulher que foi contratada por uma empresa de tecnologia e inovação para ser uma das operadoras da ‘Sofia’, a inteligência artificial. “Além de ter feito, eu escutei e curti muito no último ano o ‘Sofia’. É o primeiro podcast original de dramaturgia nacional. Ele conta a história da funcionária de uma dessas empresas que vende aparelhos com inteligência artificial. Ela tem acesso à vida privada das pessoas e a trama tem um desdobramento bem interessante quando talvez ela possa evitar um assassinato. E é um podcast gratuito”, indica Hugo.

Inovação e reinvenção

Eron Falbo se inspirou no americano Joe Rogan, que atinge uma audiência de mais de 1 milhão de ouvintes do seu podcast, para lançar o ‘No Alvo’. O trabalho parte das lives realizadas quatro vezes por semana no Instagram, que chegam a atingir 60 mil visualizações e são transformadas no material do podcast. “A frequência e a variedade de convidados são algumas das chaves para o sucesso”, ensina o podcaster.

E apesar do formato possibilitar produzir material direcionado e segmentado para atrair um público, para Eron quanto mais plural melhor. Como funciona o seu podcast? “Não tem script, não tem pauta. Eu assisto e leio tudo que o convidado já deu de entrevista e me certifico de não deixar ele se repetir. Também aviso: “Pessoal, se vocês quiserem ouvir essa história que ele está contando, vai lá no YouTube que tem”. Não vamos repetir o que já pode ser encontrado, isso seria redundante. As celebridades estão acostumadas com a era da televisão, em que aquele conteúdo só passava naquele momento, então fazia sentido repetir para quem perdeu. Os assessores lapidavam as histórias que iam ser o script sempre repetido. O meu papel é quebrar esse ‘estado hipnótico’, tirar novidades. Quero com todo meu coração trazer conteúdo inovador, criar e não perder um segundo do tempo do público”, compartilha.

Hoje tem podcast comentando novela, programa de TV, séries…que gênero faz mais sucesso por aqui? E por que ouvir e não assistir? “O que mais faz sucesso é justo o gênero ‘cinema, séries e cultura pop’. Em segundo lugar, ‘esportes e recreação’ e, em terceiro, ‘comportamento’. Em uma pesquisa de 2019 da FAAP responderam que o momento mais usual de se escutar podcast era durante o deslocamento. Então, acho que é melhor ouvir, porque vídeo você tem que parar o que está fazendo para ver e áudio você pode dirigir, lavar louça, fazer malabares, pular de paraquedas, o que for. Interessante que 55% dos ouvintes de podcast preferem debates entre o apresentador e o convidado em termos de formato. Esse é o tipo de podcast predileto do ouvinte brasileiro e o formato do nosso programa. A gente só chama de conversa, que eu acho mais harmonioso’, esclarece Eron.