Pão e circo? Nada disso! Nos dias de hoje, a turma se diverte com feijão e cinema


Na mistura de temperos da Cidade-Maravilha, Festival do Rio recebe convidados para animada feijoada

A tarde de sábado bombou no Píer Mauá. Tudo por conta da feijoada promovida pelos organizadores do Festival do Rio no Armazém da Utopia para animar a turma do cinema. Entre os convidados, a boemia que curte filosofar em mesa de bar, o povo descolado da noite (que deve ter voltado para casa mais cedo na madruga de sábado para não perder hora, nem sequer um caldinho de feijão), muita gente bonita, um punhado de gringos estupefatos com a vista do Porto Maravilha e, claro, a rapaziada quer faz o cinema nacional acontecer, todos recepcionados pela diretora executiva do festival, Walkíria Barbosa, e os RPs Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho.

Uma Betty Faria em plena forma circulava para lá e para cá. Além de ótimo ator e apresentador de uma revista sobre cinema na TV a cabo, Daniel Oliveira parecia encarnar mais outro personagem e fazia a linha bad boy. Depois de um bom tempo de cabelão e barba, chega a ser curioso vê-lo de jaqueta, cara limpa e cabelos máquina 1. Cineastas como Luiz Carlos Lacerda e Hugo Carvana discutiam com amigos a quanta anda o cinema nacional e conversavam sobre o novo boom da comédia nacional. Carvana, no momento, parece ter aderido de vez aos afagos do cinema comercial e está em cartaz com a continuação de sua Casa da Mãe Joana. Mas, claro, Casa da Mãe Joana era mesmo a mistura boa do evento, que tinha um pouco de tudo, da inteligentsia intelectual ao povo da azaração, esse, sobretudo, encostada na grade que separava a feijoada da promenade à beira da Baía de Guanabara. Parecia até aquela turma que, muito antigamente, ficava colada no cortinado do bom e velho Teatro Municipal no finado Baile da Cidade que rolava, até meados dos anos setenta, durante o carnaval.

Com o sambinha esperto do Renegado rolando no palco, o povo naturalmente se esbaldava na pista, calibrado pelo pout-pourri de caipirinhas de fruta. O bartender, inclusive, perguntava logo de cara a quem se aproximasse do balcão: “Vai querer fraca ou forte?” A de framboesa parece ter ganhado a preferência da galera. Tanto a fila para a feijoada, quanto para a sobremesa não diminuíam e pelo visto o povo se fartou até dizer chega. E a linguiçinha foi sucesso absoluto. Cada vez que a panela esvaziava e precisava ser reposta, a turma segurava o prato na mão e não arredava o pé até a moça surgir com a reposição.

Na pauta do povo, comentários sobre Goldie Hawn e seu mau humor durante o Festival do Rio. A estrela internacional não quis dar entrevistas na pré-estreia de A Batalha de AnfAR, não compareceu ao coquetel em sua homenagem na casa de Ricardo Rique e ainda fez forfait na exibição do filme Shampoo (que ela estrelou com Warren Beatty nos anos setenta) ontem à tarde no Estação Rio. Por sua vez, os atores Fabiula Nascimento e Milhem Cortaz estavam animados por conta da estreia de  O Lobo Atrás da Porta, de Fernando Coimbra, que aconteceria naquela noite no Cinema Odeon e que também conta com a onipresente Leandra Leal no elenco. A trinca de it-boys Diogo Bastos, Baby Bordoni e Beto Silva se divertia comparando o clima gostoso da festa com o ambiente também animado, mas um tanto empoado, de eventos com o Art Rio, que também acontece no Píer Mauá. Explica-se: os três fazem parte daquele time que agora curte investir em arte. O ator e diretor Roberto Bomtempo chegou mais tarde. E os quarentões Maurício Mattar e Leonardo Vieira, em boa forma, causavam suspiros na mulherada que trabalha na indústria do entretenimento, como produtoras e maquiadoras.

 

*Por Alexandre Schnabl