* Com Caio Nietzsche
Não ficou pedra sobre pedra a terceira rodada do “Eu Amo Rio Divas”, que esquentou a noite desta quinta-feira (13/11) no Barra Music, Rio. A série, que sempre reúne duas cantoras arrasa-quarteirão em dois shows sequenciados, dessa vez contou com Ludmilla e Valesca Popozuda, ambas prontas para enlouquecer a rapaziada libidinosa e servir de espelho para o público tiete, entre periguetes envenenadas, meninas mais comportadas que querem se soltar e a turma alegre do babado, daquela que queria ter nascido bombshell.
Coube à Ludmilla abrir os trabalhos, mas, antes mesmo de o show começar, um painel de LED, por trás da cortina vermelha que cobria o palco, já anunciava a repaginada Valesca. Com “É hoje”, sucessos seus e ainda hits famosos de outros artistas, a primeira entra em cena e arrasa no look preto total para chamar atenção para a cabeleira cacheada. Body preto sob colete franjado, meias-arrastão pretas arrematados com meiões 3/4, mais sneaker e um conjunto de pulseiras capazes de deixar odalisca árabe no chinelo. Louraça belzebu? Óbvio!
Cercada de trupe de bailarinos, ela manda ver e homenageia seu maior ídolo: Beyoncé, já que ela anteriormente respondia pela alcunha de MC Beyoncé. Um dos pontos altos: “Solta essa piranha que tem dentro de você”, o super sucesso que deixa todo mundo em ponto de bala. Basta ver o refrão: “Deixa de ser encubada, eles vão enlouquecer. Solta essa piranha que tem dentro de você”, entoa a diva, quase como se misturasse um mantra com o kama sutra. Frenesi total do público. Em outro momento, ela recebe MC Catra para um duo animado com música deste. Povo vai à loucura. É, o verão chegou!
Fotos (Caio Nietzsche)
Mais adiante, são os dançarinos que trocam de roupa e voltam à cena como camisetões com rostos de pop stars: Rihanna, Mariah Carey, Christina Aguilera, Beyoncé. A artista acompanha o movimento e também retorna, por cima da roupa, com maxi t-shirt com o rosto da diva impresso. Então, surpresa: uma coleção hortigranjeira de mulheres-fruta, a Mulher Filé e Tati Quebra-Barraco são chamadas em cena e dividem o estrelato com uma Ludmilla democrática. Clima de rodinha, muvucada geral no palco, tudo bem descontraído. “Não olha para o lado, quem tá passando é o bonde!”, canta a estrela. E o grupo emenda: “Se ficar de caozada, a porrada come!”
Então, ela chama um fã gordinho, daqueles engraçados, para dar pinta básica e cantar “Morrer de viver” com ela, enquanto a mulherio desinibido sai do palco. Ápice total, ela agradece, cortina fecha e o DJ assume as carrapetas.
Chega a vez de Valesca contagiar o público naquele clima lisérgico-canino. Os bailarinos já se encontram em cena, pululando o corpo e sacudindo as vísceras, enquanto o painel de LED está lá topo. Coreografia rola solta. Ela desce de uma grua, tipo Carvalhão, lá do terceiro andar, como se fosse uma desinibida Afrodite caindo do Olimpo em direção aos pobres mortais. Sucessão generalizada de “oooooh!’s na plateia. Volúpia. Ela já começa na vibe dos sucessos mais clássicos, tipo “Late que eu tô passando” e “Hoje eu não vou dar, vou distribuir”. Uma verdadeira Lassie, com sua matilha na pista saracoteando os pernis. Momento digno de estudo antropológico para registro numa futura antologia do êxtase coletivo nas culturas do Sistema Solar, quiçá, da Via Láctea. E, claro, não poderia faltar o sucesso do clipe lançado nesta mesma quinta-feira, “Eu sou a diva que você quer copiar”, projetado no telão. Sim, vênus pop moderna precisa ser multimídia.
Vídeo oficial de “Eu sou a diva que você quer copiar”
Fotos (Divulgação)
Momento amenidade: após “Beijinho no ombro“, a diva deixa o repertório ficar mais ameno, mas é puro truque: ela homenageia a turma GLS com “Garganta”, de Ana Carolina, e “Malandragem”, de Cássia Eller. Só falta jogo de sinuca e totó. E mais: ainda encaixa “Traz a bebida que pisca” (uy!) e termina com “Lua de Cristal”, sucesso absoluto da Xuxa. Mas, agora, a música vira hit na boca da soberana da cadelada, com direito a cover ipsis literis da Rainha dos baixinhos. Só faltou Praga e Dengue no palco, mas, para quê? Na pista, ao invés de insetos fofinhos, predominam cachorras de todos os tipos, bambis aloprados e gorilas pegadores, todos se encarregando de transformar o Barra Music numa arca de Noé do babado.
O grand finalle? Bem, literalmente showbizz. Valesca vai embora embora na mesma grua em que surgiu, mas pedindo para baixá-la em direção ao público. O pessoal da técnica não obedece e para quê? Ela larga o microfone, incorpora a nadadora de saltos ornamentais e se joga. Como assim? Se joga rumo ao fundo do poço, ops, em direção ao solo, sendo interceptada no ar pelos seus popo fãs. Coragem total.
Fotos (Divulgação)
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