Operação Gisele Bündchen: cuidados extremos, atenção ao máximo e a master saga para que a super top model desfile na SPFW


Como uma estonteante deusa-mor da beleza, capaz de deixar Afrodite cheia de ciúme, a übbermodel demonstra que estar em sua nobre presença é fato digno de uma estratégia de guerra. HT vai ao backstage conferir todos os detalhes por trás da chegada da estrela da Colcci

*Por João Ker

Exatamente igual como nas últimas temporadas, o furacão Gisele Büdchen desembarcou no Brasil para desfilar durante a São Paulo Fashion Week com exclusividade para a Colcci. Ao contrário da última estação, desta vez não teve maridão Tom Brady na Fila A, nem Sean O’Pry dividindo os holofotes com a bombshell. Mas, claro, apesar de aparecer por aqui há anos, pelo menos nessas duas ocasiões, as edições de verão e inverno do evento (como vem ocorrendo desde 2007), a chegada da top #1 ainda causa comoção geral, com direito ao Parque Villa Lobos inteiro aplaudindo de pé o final de seu impecável catwalk. HT foi um dos poucos veículos de comunicação, tanto da imprensa nacional quanto internacional, que teve acesso ao backstage protegidíssimo do furacão louro e conta como é o clima de operação top secret que rola por trás das finas paredes da semana de moda.

Gisele chega tranquila com toda sua entourage e fica em um camarim só para ela (of course!), onde recebe convidados selecionados e o suprassumo da imprensa, justo aquela que interessa e consegue atender às exigências de sua assessoria, furando a firewall. Até do lado de fora, pessoas da produção e assessores tanto da modelo quanto da SPFW rodam os corredores perguntando quem está ali e o porquê, inúmeras vezes, até que tudo chega ao ponto em que se decide se você é algum mortal com propósito digno de ser contemplado com a presença da top ou se não é apenas um fã alucinado, ou mesmo um terrorista xiíta de top models, pronto a vingar a falta de sorte de Betty, a feia . “Isso daqui é por causa da comoção nacional”, explica uma das profissionais que cuida da moça. Cada saída da top de dentro do santuário (ou bunker) Bündchen é milimetricamente calculada, com cada passo previsto e tudo assegurado para que nada, nem ninguém, entre em seu caminho.

Ouve-se coisas do tipo: “Querido, cola na parede, ela vai passar nessa direção daqui alguns minutos”. A própria senhora que está como uma das seguranças na porta parece ficar confusa com as decisões entre quem pode e não pode ficar ali, dizendo que nada que tenha feito até então se compara àquilo: “Eu tô quase ficando maluca!”.

Antes de Gisele sair, um homem da produção pergunta em “voz baixa” e com cara de assustado para outro assessor: “A Izabel tá por aí hoje?”. No caso, ele se refere a Izabel Goulart, modelo que não tem fama das mais simpáticas e que, dizem as más línguas, é presença proibida em qualquer lugar em que La Bündchen ponha os pés,  por possivelmente provocar antipatia na über. (E, nota do editor: mesmo que haja essa rixa, HT é categórico em afirmar que ama também Izabel e que sua relação com essa outra bonita continua sendo das melhores). Bom, o tal homem continua: “Da última vez que a Gisele veio, a Izabel estava desfilando do outro lado e não foi nada legal”.

Para quem nunca viu, o backstage da SPFW é como um labirinto, tipo cárcere de minotauro em lenda grega, onde vários corredores se intercalam e dão passagem para diversas salas. Exatamente como deve ser o Palácio de Versalhes, só que com muito menos pompa. Por exemplo: desta vez, as modelos que desfilaram para Giuliana Romano fizeram fila logo atrás do camarim da Colcci e, consequentemente, de Gisele. Se Izabel estivesse escalada para o casting da primeira, as chances de as duas trocarem um olhar seriam grandes e, no caso, indesejadas por quase todas as partes.

É hora da primeira saída documentada da modelo. De frente para a porta onde ela se encontra reservada, uma matilha de fotógrafos permanece com as câmeras em riste, prontas para atacar e sugar os raios de sol que saem de sua pele dourada, madeixas idem e sorriso Colgate fixo. Eis que, sem nenhum aviso, ela sai com um “A-ha!”, marchando sobre suas botas de cano alto preta – parte do look rocker que ela está usando e que ainda é composto por uma legging e uma camiseta preta, ironicamente estampada com a palavra “legend”. Ela marcha em linha reta em direção ao backdrop armado pela Colcci e, ali, passa cerca de um minutinho – provavelmente menos -, onde posa com a arcada dentária sempre à mostra, intercalando poses variadas com sua clássica postura de positividade, paz e amor, com um pezinho levantado no melhor estilo “Diário da Princesa”. Ela se posiciona mais ao meio, dá um pulinho, atende os fotógrafos da esquerda, da direita e com a voz de boneca se despede: “Brigada, gente!”.

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Ela volta para o camarim e fica lá recebendo outra migalha ínfima de felizardos, do mesmo tipo que fica feliz quando consegue tirar o visto no Consulado dos Estados Unidos. Chega o momento de sair para ensaiar o desfile que acontecerá em pouco mais de uma hora. A assessora de imprensa da SPFW e da Colcci, Tânia Otranto, responsável por toda essa operação-Gisele, dá as instruções ao segurança que a acompanham: “Não entra na frente dela, fica ao lado. Mas não fica colado, dá um espacinho porque o Fábio Bartelt vai fotografá-la. Vamos? Vai, vai, vai!”. Hum, papo tipo “positivo operante” de policial que controla operação de blitz. Se você piscar, não vê Gisele Bündchen passando, de tão ligeira pela coxia em direção à boca de cena da passarela, de tão rápido. Quase The Flash. Ali, ela fica parada com as mãos nos bolsos recebendo instruções do diretor de desfile Ruy Furtado.

As luzes se apagam, reacendem e ela entra na passarela. Em poucos segundos, a übbermodel vai até o final com sua passada confiante, posa, vira e volta. Tanto o staff presente quanto quem continua nos bastidores assiste tudo aquilo como quem vê um quadro renascentista sendo pintado ou, quem sabe, uma cantora diva da ópera que acaba de atingir uma nota impensável, algo tão raro no sistema solar quanto uma obra de Picasso que não seja cubista ou uma história em quadrinhos de Frank Miller que não seja composta por traços tipo garrancho.

Agora, um vídeo tocando “Você é linda”, de Caetano Veloso, começa a passar, com a voz da modelo comentando: “Eu fico feliz de ser parte da história da moda no Brasil”. Ela acompanha atenta tudo aquilo tudo e, mais uma vez, volta para o seu santuário particular no camarim, comentando com um sorriso mais inocente do que aquele apresentado aos fotógrafos: “Ah, como eu era novinha!”. Como assim, meu bem? Saudosismo?

Mais tarde, a estrela entra três vezes na passarela da Colcci, primeiro fazendo carão com um minivestido de couro marrom, em seguida com um look total jeans. Sexy, irresistível, inacessível e impenetrável; quase uma górgona, uma medusa pronta a congelar quem quer que a vislumbre, apenas com seu olhar profundamente intimidador. Por fim, ela volta na fila final, sorrindo e segurando as mãos de AdrianaZucco e Jeziel Moraes, diretores criativos da marca, respectivamente das linhas feminina e masculina.

Do lado de dentro da sala, ela é aplaudida. Fora da tenda, onde a chuva cai torrencialmente nas áreas abertas, os fashionistas que não tiveram acesso ao desfile se espalham pelos corredores e lounges em busca de um telão com transmissão ao vivo, para poderem tirar uma casquinha dela, nem que seja digital. As pessoas presentes assistem ao surrealismo daquela perfeição apolínea, com as bocas abertas e um sorriso que diz: “Dá para acreditar?”. Enquanto isso, a modelo agora provavelmente já está voltando ao seu lar perfeitinho, onde a falta de defeitos se estende à família feliz e à carreira icônica. Próximo semestre ela volta, dá mais uma migalhinha generosa da sua maravilhosa existência divina para os meros mortais, que tratarão de dividir esse segundos repetidamente, via oral e digital, revivendo cada detalhe do sorriso branco neve e do avassalador catwalk fatal de Gisele Bündchen. Enfim, esse é o espetáculo da mulher que é verdadeiro show. Tipo Homem Aranha: The amazing Gisele Bündchen!

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