*Por Felipe Rebouças
Em decisão inédita, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o governo do Japão decidiram adiar os Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021. É a primeira vez que a competição internacional sofre interferência por conta de uma pandemia, como é o caso do novo coronavírus (Covid-19). Em 1916, 1940 e 1944 o evento foi cancelado em decorrência das Guerras Mundiais. A decisão foi tomada após uma teleconferência entre Thomas Bach, presidente do COI, e Shinzo Abe, Primeiro-Ministro do Japão, tendo em vista resguardar a segurança de atletas, técnicos, e todos envolvidos nas competições, bem como a inviabilidade financeira de realizar os jogos dado o quadro de incerteza econômica a nível global.
Diante deste cenário extraordinário, o Site Heloisa Tolipan ouviu o eterno cestinha da Seleção Brasileira de Basquete e um dos maiores jogadores de todos os tempos, Oscar Schmidt, o Mão Santa. Para ele, a decisão foi acertada, e não há muito o que fazer nessa circunstância além de obedecer às recomendações, se cuidar e ficar em casa. “[A decisão] foi muito acertada, os atletas têm direito de se proteger como todas as pessoas, e não tem ninguém treinando, não tem competição sem condicionamento dos atletas”, afirma o ex-jogador de basquete.
Medalhista de ouro no Pan-Americano de Indianápolis, em 1987, e cestinha das Olimpíadas de Atlanta, em 1996, com 1.093 pontos, Oscar acumulou 28 anos de carreira, tendo passado por clubes importantes no Brasil como Palmeiras, Corinthians e Flamengo. Além de muitas temporadas no exterior, como na Espanha e na Itália. “Para o atleta [essa pausa] é péssima, pois fica parado, perde em condicionamento físico e em cognição. Ainda que treine em casa, vai se perder o hábito de passar, correr, chutar, se livrar do adversário, coisas que apenas a atividade coletiva proporciona”, explica.
Atualmente, ele se encontra em casa, em São Paulo, no condomínio Alphaville, na companhia da mulher, Cristina, e da secretária Ivalnete. “Estamos confinados desde o fim de semana retrasado e por tempo indeterminado, se um de nós três sair não volta”, ri ao passo que admite, aos 62 anos, ser integrante do grupo de risco. Até as palestras esportivas, principal atividade e fonte de renda nos últimos anos, foram canceladas em virtude da pandemia do novo coronavírus. “Na primeira palestra que eu der depois disso tudo falarei o que estou falando agora, porque é tudo novo até para mim, que já viveu muita coisa nessa vida”, diz.
“A tendência é que depois disso tudo o público e os atletas voltem mais animados para as competições. Quando tudo recomeçar do zero terá um gostinho especial”, afirma Oscar.
A judoca e medalhista olímpica Sarah Menezes, que pretendia se aposentar após as Olimpíadas, por exemplo, terá seu período como atleta profissional estendido até 2021, pelo menos. A atleta do Flamengo está se preparando em casa e tem postado tudo nas suas redes sociais.
É o caso do casal medalhista olímpico das seleções brasileiras de vôlei, Jaqueline e Murilo. Os dois estão aproveitando o tempo em casa para manter a forma. Num dos vídeos postados pela jogadora é possível vê-la sendo colocada à prova pelo maridão, que conduz o treino. O levantador Bruninho, companheiro de Murilo na seleção, publicou um texto sobre o adiamento dos jogos. “A decisão mais coerente e sensata nesse momento”, afirma o jogador em um dos trechos.
Ouro em Londres e prata no Rio nas argolas, o ginasta olímpico Arthur Zanetti segue o movimento e se vira como pode em casa. Gravado pela esposa Jéssica Coutinho, ele simula um exercício com as cadeiras da sala de estar. “Quando temos que ficar em casa nós inventamos”, escreveu no story publicado no Instagram. Já a judoca Mayra Aguiar, com dois bronzes acumulados, utilizou a irmã Hellen Aguiar como peso.
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