Olga Bongiovanni: apresentadora dá volta por cima e está na TV e CBN: ‘Humilhações que passei me fortalecem’


Em entrevista exclusiva, a apresentadora fala da reinvenção após dois anos fora do ar na TV aberta. Ela está à frente dos programas ‘Divina Receita’ direto da sua casa, exibido no Youtube, na TV Evangelizar, e do Revista CBN, na Rádio CBN. Olga fala sobre autonomia na profissão e comenta sobre atrações que tentam angariar a audiência do público, na maioria das vezes só repercutindo o que já foi mais que falado por aí, sem se importar com o conteúdo que chegará ao telespectador. “É triste. E também observamos que a criatividade passa longe. Fica mais ou menos igual. É um copia e cola. Replicam o que o outro já apurou, já fez, já escreveu. Aí entra uma palavra que não gosto: ‘preguiça’. De ler, de fazer, de buscar o que está acontecendo”, avalia. “Sou do tempo do jornalista buscar a notícia, ouvir todas as partes envolvidas. Fazer a matéria, colocar no ar. Hoje muitos copiam e colam o que o outro já fez. Cadê a criatividade? Que profissional sai disso? Não sei”

A apresentadora Olga Bongiovanni enfrentou muitas barras, mas está de volta à TV, Rádio CBN e Youtube

*Por Brunna Condini

No entretenimento a ‘dança das cadeiras’ em se tratando do comando dos programas tem chamado atenção. Não existe mais ninguém ‘intocável’ ou ‘proprietário’ de alguma atração. O profissional é dono do seu valor e trajetória, é protagonista da sua jornada, se assim quiser. E isso adicionado à pandemia, tornou a capacidade de renovação pré-requisito de sobrevivência no meio. Fácil não é, mas alguns tiram de letra. Afinal, know-how é para quem tem, não é mesmo? Que o diga a jornalista e apresentadora Olga Bongiovanni. Fora da TV aberta há quase dois anos desde que saiu da RedeTV! , ela se reinventou mais uma vez, aos 67 anos, apresentando o ‘Divina Receita‘ direto da sua casa, em Cascavel, no Paraná, exibido no Youtube e na TV Evangelizar, e também o Revista CBN, na Rádio CBN.

“Sou do tempo em que tudo era ‘mato’ no jornalismo e a participação feminina era nada nos meios de comunicação. Foi bem difícil abrir caminhos. Mas, as dificuldades e humilhações que passei fizeram com que eu me fortalecesse e adquirisse uma capacidade de adaptação a qualquer tempo, por mais desafiador que seja, como a pandemia que vivemos. Consigo enxergar várias possibilidades à minha volta para gerar conteúdo com qualidade”.

Com 45 anos de carreira, ela é representante do ‘jornalismo raiz’, aquele em que “você apura a notícia e ouve todos os lados envolvidos. “Sempre trabalhando com a verdade”, dispara. Olga comenta sobre atrações que tentam angariar a audiência do público sem ‘furos’, e, na maioria das vezes, só repercutem o que já foi mais que falado por aí, sem se importar com o conteúdo que chegará ao telespectador.

“É triste. E também observamos que a criatividade passa longe. Fica mais ou menos igual, é um copia e cola. Replicam o que o outro já apurou, já fez, já escreveu. Aí entra uma palavra que não gosto: ‘preguiça’. De ler, de fazer, de buscar o que está acontecendo”, avalia. “Sou do tempo do jornalista buscar a notícia, falar com o entrevistado. Fazer a matéria, colocar no ar. Eu, por exemplo, já fiz tudo: era a repórter, a pauteira, a produtora. Hoje muitos copiam e colam o que o outro já fez. Cadê a criatividade? Que profissional sai disso? Não sei”.

Em ação: "Se alguém deseja começar uma carreira na comunicação, pode ir para o jornalismo, que é onde temos a fartura de assuntos para lidar. É uma profissão empolgante!" (Divulgação)

Olga comenta sobre atrações na TV “que tentam angariar a audiência do público sem ‘furos’, e, na maioria das vezes, só repercutem o que já foi mais que falado por aí”

Tempo de recomeçar

A comunicadora, que já esteve à frente de cerca de oito versões de programas de variedades e entretenimento, começou seu caminho como repórter, passando por rádio e TV. E não acredita como muitos, que o ‘jornalismo morreu’ ou vem ‘morrendo’, por conta das mudanças velozes na comunicação e no modo de fazer propagadas nos últimos anos. “Quem fala que o jornalismo está enfraquecido ou vai acabar, não está sabendo de nada. Inclusive, tem uma pesquisa recente, que fala do rádio e do jornalismo. Da evolução. Então, se alguém deseja começar uma carreira na comunicação, pode ir para o jornalismo, que é onde temos a fartura de assuntos para lidar. É uma profissão empolgante!”.

Olga em ação: "Hoje muitos copiam e colam o que o outro já fez...cadê a criatividade? Que profissional sai disso? Não sei” (Divulgação)

 

 

Olga destaca ainda que a internet tem sido uma importante aliada para ressignificar sua trajetória. “Só precisamos ter bom senso e criatividade, porque, caso contrário, não acontece bem”, analisa. “É muito boa a autonomia de escolher o lugar em que quero estar. Ao encerrar um dos meus programas, pedi ao operador que quando eu mencionasse que iria embora, ele não desligasse meu microfone. E foi isso que aconteceu. Ao final, avisei da demissão. Naquele momento me fortaleci muito. A capacidade de ter uma atitude dessas, somada a tudo aquilo que você já ralou, errou, aprendeu, a faz enxergar a liberdade”, diz, mencionado a experiência na RedeTV!.

Olga diz reconhecer a discriminação etária em muitas áreas. “Já sofri discriminação por ser mulher, mas ainda não pela idade, nunca me chamaram de velha. Aliás, já me chamaram de ‘tia’, mas não tem problema'”, conta. “Quem tem mais  idade, tem mais bagagem, muito mais para ensinar. Pensa em um Ary Fontoura, em uma Fernanda Montenegro? Temos muitos assim! Pena, burrice de quem não os colocar no ar, não escreverem papeis exclusivos para eles, que são mestres. A  idade não nos deixa errar tanto, por isso ficamos mais livres, soltos”.