Numa época em que a vida determinava quem você deveria ser, elas ousaram ser elas mesmas. Esta frase anunciava a nova novela das 6, Orgulho e Paixão. A ideia contida neste fragmento tem a capacidade de resumir grande parte da ideologia desta trama. O protagonismo feminino é um dos maiores pilares desta teledramaturgia e isto pode ser sintetizado nas figuras das irmãs Benedito. Dentro de suas próprias limitações, cada personagem vai atrás de seus sonhos e este embasamento acabou criando figuras poéticas que exalam uma teatralidade impressionante em cena. “Mariana quer casar e ter filhos, mas pretende que esta vontade parta de seu coração e suas escolhas. Não quer ser uma pessoa passiva”, afirmou a atriz Chandelly Braz. O papel, aliás, é o primeiro de época de sua carreira.
A menina é segunda mais velha de um grupo de cinco irmãs e pode ser considerada a aventureira e apaixonada da família. Possui um espírito livre e vai atrás do que quer. “De acordo com suas crenças, discorda do pensamento de que o homem deve escolher a mulher com quem vai casar, na verdade ela quer ter este poder. Sendo assim, esta menina busca uma paixão arrebatadora. Um dia vai aparecer na região um motociclista, que nunca mostrou o seu rosto a ela, mas mesmo assim se vê encantada por ele. Por ser mulher é proibida de andar de moto, no entanto fará de tudo para conseguir quebrar esta barreira e viver este amor. Posso adiantar que ela vai se disfarçar”, explicou. Para distinguir ainda mais cada uma, foi designada uma cor específica para as cinco meninas e Mariana ficou com a coloração laranja, reafirmando a alegria e vitalidade deste papel.
A trama desta nova novela das 6h foi inspirada nos romances de Jane Austen, uma das mais reconhecidas escritoras inglesas. A personagem de Chandelly Braz, por exemplo, é fruto de uma adaptação do livro Razão e Sensibilidade, no qual Mariana é a protagonista. “Apesar da Jane Austen ser conhecida popularmente como uma artista que escrevia romance de água com açúcar, ela era uma grande feminista. Ela produziu estes textos no final do século XVIII e início do XIX e ousou em falar sobre o universo feminino, os desejos do gênero daquela época”, analisou a atriz.
Além de incentivar a leitura, Orgulho e Paixão pode abrir as portas do debate sobre este olhar crítico de Jane Austen sobre a sociedade. “Por causa desta genialidade dela, acho muito importante olhar para estes exemplares e mostrar para os espectadores que não têm nada de meloso. Esta escritora foi e é essencial para a literatura. Sendo assim, estamos em um caminho importante ao tentar adaptar a obra desta personalidade”, comemorou Chandelly.
O olhar do autor da trama, Marcos Bernstein, sobre a obra de Jane Austen acabou acentuando os fragmentos de feminismo que existem nos livros. No entanto, este será somente o pano de fundo da teledramaturgia. A ideia não é impor regras. Quem conseguir enxergar elementos do movimento perceberá que as referências são muito sutis. “A novela não é panfletária, mas não deixa de ser feminista por isto. Estamos falando de 1910, naquela época, as conquistas das mulheres eram exatamente isto. Falar que não quer casar com um homem era uma afronta. Escolher o marido não era uma opção e quem almejava isto e conseguia tinha uma vitória nas mãos. Ver a Elisabeta, personagem de Nathalia Dill, falando que queria conquistar o próprio mundo, hoje em dia, parece ser algo pequeno, mas neste período era uma grande quebra de paradigmas”, afirmou a atriz.
Outro ponto que Chandelly considera importante nesta teledramaturgia é a possível comparação que pode ser feita entre um século e outro. “Acho muito bacana estarmos em 2018 e olhando para 1910, pois conseguimos ver ao que as mulheres tinham direito. Elas eram mal vistas simplesmente por querer trabalhar ou por ter a vontade de usar uma calça comprida”, explicou. A atriz afirmou que faz parte do movimento feminista desde sempre e por isso acredita ser fundamental a representatividade feminina.
Chandelly possui opiniões feministas no seu dia a dia. A atriz, por exemplo, não abre mão de seu livre-arbítrio por nada e nem ninguém. O mesmo vale para os outros, ela acredita ser importante valorizar a individualidade de cada um, principalmente, dentro de um relacionamento. A profissional namora há seis anos e meio o ator Humberto Carrão e garantiu ser importante que ambos tenham o seu próprio espaço. “Às vezes, ele vai para rodinhas de samba com os amigos, por exemplo. Temos liberdade para sair sem o outro, afinal cada um tem a sua vida. Mas nós nos amamos”, afirmou.
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