“Negritude”: em “Enjoy”, websérie em parceria com a Cavalera, Regina Guerreiro fala sobre racismo e cultura africana


A editrix posa no olho do tornado da semana e lembra como a miscigenação cultural foi importante para a música, a moda e todas as esferas sociais

Regina Guerreiro parece ter uma anteninha em sua sala de estar, onde consegue sintonizar qual será a “pauta” em voga nos próximos dias. Na mesma semana em que o mundo tem debatido racismo (leia aqui o caso vivido por Emicida), apropriação e a valorização da cultura negra (veja o que Nicki Minaj teve a dizer sobre o assunto), a jornalista, ex-editora da Elle e da Vogue, traz o tema para a websérie “Enjoy”, em parceria com a Cavalera, no episódio intitulado “Negritude”.

“A cultura negra, para mim, é um banquete de cores, de sons, de sabores. Quem não baba diante de uma boa feijoada, de um acarajé e de um quindim de Iaiá? E quem não dança diante da batucada de um samba? Pois não é que ele, nosso orgulho nacional, nasceu e cresceu na batida de um candomblé?”, diz Regina, citando algumas das muitas formas pelas quais a cultura africana se faz presente no cotidiano brasileiro. Claro, como você já sabe, o papo inevitavelmente entra no mundo da moda. “Na Vogue (anos 80), na Elle (anos 90), usei e abusei do styling de MAMA ÁFRICA. Sou viciada naquelas amarrações abusadas. A moda  comemorou « legal » o começo da miscigenação Black & White no anos 1920 e 1930. Sabe como? Lançando os sapatos bicores, chiquérrimos sempre”.

Regina Guerreiro exalta a abundância e exuberãncia da cultura africana em novo episódio de "Enjoy" (Foto: Divulgação)

Regina Guerreiro exalta a abundância e exuberância da cultura africana em novo episódio de “Enjoy” (Foto: Divulgação)

A jornalista lembra como o universo fashion seguiu a tendência musical, que englobou o jazz e outros gêneros musicais, e comenta um pouco mais sobre a miscigenação na moda: “Momento black panther: cabeleiras afro, T-shirt pantera, hot pants, high boots. “A moda e o mundo ferviam! Em verdade, aquelas camisas ferozes vestiam corações extremamente machucados. Anyway, só quando anos depois estive na África de verdade e dei de cara com o visual caleidoscópico daquela maravilha toda, o atrevimento retumbante daquela orgia de cores, o deslumbre unbelievable daquelas joias faraônicas, a imponência daquelas mulheres-esculturas amarradas em seus panos ricamente bordados, ah… Mama África ficou sendo paixão para sempre”, suspira.

Regina Guerreira sobre os anos 1970: "A moda e o mundo ferviam! Em verdade, aquelas camisas ferozes vestiam corações extremamente machucados" (Foto: Divulgação)

Regina Guerreira sobre os anos 1970: “A moda e o mundo ferviam! Em verdade, aquelas camisas ferozes vestiam corações extremamente machucados” (Foto: Divulgação)

Regina Guerreiro, então, lembra nomes brilhantes, de Barack Obama a El Anatsui, para uma última homenagem à cultura afrodescendente e seus líderes notórios, chegando a uma triste e real conclusão. “Eu não entendo mesmo como ainda existe o racismo. Mas não adianta mascarar, ele existe. Que pena! I love black people. I love black colours. I love black fashion. Definitivamente, eu sou uma mulher black“.