Na preparação para transmitir as Olimpíadas pela Globo, Flávio Canto conta: “Eu entrei faixa branca, ainda estou longe da faixa preta”


O apresentador comandará diariamente o “Balada Olímpica” durante todas as noites dos Jogos do Rio: “O objetivo é sair um pouco da caixa. Para isso, nós vamos trazer uma pegada cultural com olhares diferentes”

Desta vez ele não estará defendendo a bandeira verde e amarela no tatame do judô. Nas Olimpíadas do Rio, Flávio Canto participará do Time de Ouro da Globo transmitindo as lutas e comentando as conquistas em solos cariocas. O ex-judoca, que já apresenta o Esporte Espetacular aos domingos, também vai ganhar um programa diário durante os Jogos, o Balada Olímpica – que já era comandado por Flávio e Carol Barcelos e passava uma vez por mês no canal. “Toda noite, nós vamos receber artistas e DJ’s para comentar, obviamente, sobre aquele dia nas Olimpíadas. Mas o objetivo é sair um pouco da caixa. Para isso, nós vamos trazer uma pegada cultural com olhares diferentes. Também iremos mostrar o que o mundo está falando dos Jogos, para não ficar só no factual”, adiantou.

Durante as Olimpíadas, Flávio terá um programa diário na Globo (Foto: Reprodução)

Durante as Olimpíadas, Flávio terá um programa diário na Globo (Foto: Reprodução)

Sobre a experiência do outro lado das câmeras de transmissão, Flávio Canto não disfarçou a animação e a ansiedade. Apesar de reconhecer que a atual posição seja mais fácil do que quando vestia o quimono, o ex-judoca disse que a responsabilidade é grande da mesma forma. “No microfone hoje é mais fácil. Talvez no começo, eu tivesse dúvida na hora de responder sobre essas duas experiências. Mas agora que eu estou há mais tempo, eu acho que está mais tranquilo. Eu entrei faixa branca, ainda estou longe da faixa preta, mas estou indo devagarzinho em busca dela. Ainda tenho muita coisa para melhorar e aprender e acho que as Olimpíadas serão uma ótima oportunidade. Afinal, são mais 15 dias de aprendizado no lugar que eu mais me sinto bem, que é falando de esporte olímpico”, disse.

E, com aquele sorriso no rosto, brincou sobre a diferença na posição: “Dói bem menos e não precisa fazer fisioterapia. Mas é claro que, se eu estivesse competindo, eu iria adorar. Pena que eu nasci antes da hora para lutar aqui. Porém, o jornalismo é uma maneira de continuar vivendo o sonho olímpico. Na minha época, o Sérgio Maurício foi o narrador da minha vida. E agora eu brinco que, ao lado de outros comentaristas, eu desempenho esse papel de dar vida às grandes conquistas como narrador”.

O ex-judoca acredita que a missão à frente das câmeras será mais fácil do que a dos tatames (Foto: Marcello Sá Barretto/ AgNews)

O ex-judoca acredita que a missão à frente das câmeras será mais fácil do que a dos tatames (Foto: Marcello Sá Barretto/ AgNews)

Ah, e além dessa missão fora dos tatames, Flávio Canto ainda vai passar por mais uma experiência diferente nessas Olimpíadas. O ex-judoca, que é fundador do Instituto Reação, que atua na comunidade da Rocinha e, através do esporte, promove a educação e o desenvolvimento humano das crianças e adolescentes, vai poder acompanhar seus alunos na luta por medalhas. “Esse ano terão quatro atletas do Reação no tatame defendendo o nosso país. Então, também vou ter a emoção de poder acompanhar quem eu vi a vida inteira competindo e lutando pelo sonho olímpico”, contou orgulhoso.

E esporte é, claramente, a vida de Flávio. Sabe aquela história de que os olhos brilham ao falar de algo que a gente ama? Pois bem, é assim que o ex-judoca fica ao comentar sobre a expectativa de viver mais uma Olimpíada. E, comoesse universo sempre foi uma paixão na sua vida, ele confessou ao HT que a preparação está sendo bem fácil. “Esporte é algo que está muito dentro de mim. Sempre gostei de diferentes modalidades e acompanhava tudo desde pequeno. E não é só o judô. Quando garoto, eu pensei em ser nadador, corredor, maratonista e surfista. No fim, virei judoca, mas sempre amei todos os esportes. Por conta disso, eu conheço a história de todas as Olimpíadas porque eu vivi ou li sobre elas. É onde eu mais gosto de estar, é o meu universo”, declarou. E a gente percebe isso nas telinhas, né leitores?

O atleta ganhou medalha de bronze nas Olimpíadas de Atenas, em 2004 (Foto: Reprodução)

O atleta ganhou medalha de bronze nas Olimpíadas de Atenas, em 2004 (Foto: Reprodução)

Já que Flávio conhece diferentes modalidades e estar por dentro de toda a preparação dos nossos atletas para as Olimpíadas que começam a menos de um mês no Rio, o HT foi saber o que nós brasileiros podemos esperar da delegação verde e amarela. E, conforme o ex-judoca opinou, um futuro dourado pode estar nos aguardando. “Eu acho que é natural que os países sedes tenham uma participação especial. Normalmente, é a melhor participação da história daquela nação. E nós estamos prevendo um quadro de medalhas ainda maior do que as 19 conquistadas em Londres. Eu estou otimista e acho que podemos acumular entre 25 e 30 medalhas”, afirmou.

Mas, até chegarmos aos dias de competição, os cariocas ainda terão que enfrentar mais alguns transtornos pela cidade que se prepara para receber atletas de mais de 200 países. Apesar de reconhecer os problemas na urbe olímpica, Flávio Canto destaca o legado dos Jogos que, para ele, é pouco falado. “Embora a gente esteja em um momento que não estamos nos sentindo representados na política e economia, as Olimpíadas apresentam atletas medalhistas brasileiros que muitas pessoas ainda não conhecem. E essas conquistas e as histórias por trás desse esportistas elevam a autoestima do brasileiro. Eu acho que os Jogos trazem um espírito olímpico que vão animar e contagiar todos nós”, argumentou.

Flávio Canto contou ao HT que, apesar de ter dedicado a sua vida ao judô, já praticou diversas outras modalidades (Foto: AgNews)

Flávio Canto contou ao HT que, apesar de ter dedicado a sua vida ao judô, já praticou diversas outras modalidades (Foto: AgNews)

Realmente, a oportunidade é única e deve ser aproveitada intensamente. Mas as preocupações não podem ser esquecidas ou deixadas de lado. Flávio Canto reconhece isso e se posiciona: “Eu tenho medo que as Olimpíadas sejam um ponto de chegada e não de largada. O ideal é que a gente continue avançando depois que tudo acabe. Eu acho que todos nós temos um receio do que pode acontecer depois do evento na cidade do Rio de Janeiro. Nesse momento, a gente está recebendo apoio com a justificativa de que a Olimpíada precisa dar certo. Mas eu sou esperançoso para o futuro, acredito que tudo isso pode ser um turning point”, declarou o ex-judoca e apresentador Flávio Canto.