Atriz, cantora, compositora e engajada em movimentos sociais, Eline Porto aceitou bater um papo esperto com HT e contou sobre as novidades da carreira e dividiu com a gente um ensaio exclusivo clicado por Rafael Porto, no qual ela encarna ícones da música mundial. Divertido e cheio de atitude como ela, o ensaio ilustra bem a atual fase camaleônica de Eline, que vai dos palcos do musical sobre a lenda Cássia Eller (1962-2001) ao lançamento de seu primeiro disco autoral, passando por aparições na TV como em “Sete Vidas”, de Lícia Manzo. No campo musical, em específico, as coisas vão de vento em popa. Depois de dois anos compondo e produzindo, Eline lançou em outubro de 2015 o primeiro álbum, com o estilo pop, da carreira: ‘De caso com o acaso’. “O primeiro CD é muito especial para o artista, eu acho. É a primeira vez que você está mostrando tudo o que você quer expressar através da sua música. Para mim foi muito especial, foram dois anos incríveis. Óbvio que dá muita ansiedade para ver tudo pronto. Mas eu acho também que tem um tempo para você poder amadurecer tudo o que você está fazendo”, disse.
Com uma referência musical que vai dos Beatles até chegar a Marisa Monte, Eline contou que seu primeiro contato com a música foi por causa do pai. Segundo ela, desde pequena sempre esteve muito próxima da arte dos sons. Aos 12 anos, começou a soltar a voz nas aulas de canto e, aos 16, a compor. Por essas e outras, a paixão de Eline pela música é explícita. “Das artes, a música se comunica de uma forma muito única. A música te traz uma sensação que é imediata. Ela entra na alma de uma forma tão grandiosa que aquilo te traz uma experiência única naquele momento. Essa é a grande maravilha da música. Eu acho muito rico você poder relacionar as canções às suas relações pessoais”, confessou.
Para comemorar o lançamento de seu primeiro álbum, Eline fez um ensaio fotográfico exclusivo inspirado em seis referências masculinas: Michael Jackson, David Bowie, John Lennon, Elvis Presley, Cauby Peixoto e Ney Matogrosso. De acordo com ela, todos os artistas escolhidos são grandes paixões e tiveram suma importância para a música de forma geral. “Todos eles são muito incríveis e tiveram uma história tão bonita com a música, fora as outras coisas que fizeram. Seria muito legal se eu pudesse conhecê-los. Eu sou de fato fã e admiro muito o trabalho deles”.
O lado atriz de Eline também está a todo vapor. Em turnê com o “Cássia Eller – o musical”, a artista interpreta a companheira de Cássia, Maria Eugênia. Para a construção dessa personagem, Eline nos contou que teve a ajuda dos diretores musicais da peça, Fernado Nunes e Lan Lanh, que foram da banda de Cássia Eller, que assistiu ao documentário sobre a vida da protagonista e conversou com a própria Maria Eugênia. “Graças a Deus eu tive pessoas bem próximas a Cássia. Isso me ajudou bastante”. A peça, que está há dois anos em cartaz com o mesmo elenco, já se apresentou em 12 capitais e agora pega estrada para as outras 15. Assim, o espetáculo é o primeiro musical a passar por todos os estados do Brasil. “Criou-se uma identidade. A gente se encontrou artisticamente. Virou uma grande família”.
Com uma personagem nada fácil, Eline tem certeza que já se transformou muito por causa dessa interpretação. “Fazer a Maria Eugênia é muito interessante porque foi uma história que ficou marcada. Ela conseguiu a guarda do Chicão (filho de Cássia) depois do falecimento da companheira. E isso é um marco na história do Brasil como a primeira mulher que conseguiu a guarda de um filho tendo uma relação homossexual”. Para Eline, contar essa história “é muito importante para as pessoas entenderem um pouco mais sobre amor e respeito. E que isso não depende do casal ser hétero ou homossexual. É o amor!”
E se esse é um assunto que hoje ainda gera muitas discussões, imagina há alguns anos atrás. Por isso, a artista destaca a importância de levantar esses temas e abordagens sobre direitos humanos, homofobia, feminismo e por aí vai. Como ela bem disse durante a conversa, “é a vida das pessoas”. “Eu acho extremamente necessário. Eu tenho vários amigos que são gays e eu acho que as pessoas têm que se respeitar. O preconceito é muito feio em relação a isso”. Ela defende que temos que nos expressarmos e termos voz para conseguirmos “mostrar que isso é normal”. “Nós estamos no século 21, em 2016. Já chega, né?”.
E nesse século 21, em que as informações circulam tão rápido e a internet tem uma função tão ativa e movimentadora de discussões, Eline prefere enxergar o lado positivo da nova mídia. “Uma ótima ferramenta para criar movimentos e se unir em prol de causas. É um bom meio para a gente colocar coisas relevantes e ‘do bem’”. Mas, por outro lado, a artista reconhece problemas na plataforma. Ela destacou o recente caso de preconceito contra a jornalista Maria Julia Coutinho feito pelas redes sociais. “O problema da internet é que ela não te dá uma cara.” E, para a artista, a importância disso tudo é “fazer as pessoas pensarem e reivindicarem soluções”. Outro ponto que Eline destacou é “a voz de denúncia” que as redes sociais possuem. “As pessoas têm também que compartilhar e falar sobre assuntos com um tom de denúncia em partilhar com os outros a sua dor (a cantora deu exemplo do movimento #meuprimeiroassédio que agitou a internet em 2015)”.
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